O Melhor Amigo Do Meu Irmão.

45.

Luana Salvatore:

Dylan ficou calado quase o jantar inteiro, até porquê só se ouvia a voz da minha mãe falando sobre suas viagens e meu pai ao seu lado confirmando tudo o que ela dizia.
Lucas estava quase dormindo na mesa, Dylan acariciava minha perna maliciosamente por de  baixo da mesa e eu apenas me concentrava em seus carinhos.

- Vamos embora? - Dylan pede e minha mãe para de falar imediatamente.

- O que? Como assim? Por quê? - Pergunta irritada.

- Só queremos ir embora - Respondo tentando tranquilizar ela.

- Não! Eu convidei vocês, queria saber mais sobre esse relacionamento e o que está acontecendo aqui. E assim que vocês terminam de comer, já querem ir embora? - Ela reclama furiosa.

- Ah pelo amor de Deus, você não quer saber porra nenhuma - Reclamo e reviro os olhos.

- O que disse? - Ela se levanta e eu faço o mesmo, não vou abaixar minha cabeça logo para ela.

- Chegamos aqui cedo, jantamos e estamos sentados nessa mesa a 3 horas completas. E durante toda essa porcaria de tempo, você só soube falar sobre você - Falo e ela olha para meu pai, que está calado e de cabeça baixa - Você não quer saber porra nenhuma, simplesmente porque você não se importa, nunca se importou. Você largou seu filho adolescente cuidando da irmã mais nova, e simplesmente sumiu para construir sua carreira. Você foi embora junto com o papai e vocês não olharam para trás, vocês não sentiram nem um pouco de remorso sobre isso - Você retorna a cada 3 ou 4 meses e quando chega aqui sempre briga comigo ou com Lucas, as vezes, até com os dois. Você tenta dar uma de mãe e tenta mandar em nós dois, mas você não é mãe, você não é porra nenhuma, você não me criou, não me amou, não cuidou de mim - Aumento o tom de voz - Agora você retorna novamente, e tenta dar uma de mãe novamente, querendo saber com quem eu transo ou deixo de transar, querendo saber como é o meu relacionamento - Solto uma risada debochada - Você não precisa saber de merda nenhuma, pega a merda da sua mala e vai embora outra vez - puxo Dylan pela mão e caminho até a sala - E Lucas - Chamo atenção do garoto - Vai se foder, você traiu seu melhor amigo primeiro que ele, e da pior forma possível e agora você está se fazendo de louco e tentando colocar pessoas ao seu favor, pintando Dylan como o vilão da história. Vê se cresce seu babaca, eu sei cuidar muito bem de mim, você não é meu pai, não é responsável por mim, eu transo e namoro com quem eu quiser - Ele tenta abrir a boca para falar algo, mas não permito - Cala a porra da sua boca, cuida da sua vida. Em vez de se preocupar se Dylan está me fodendo ou não, presta mais atenção na sua namorada, que a cada 5 minutos está vindo atrás do meu, que se faz de sonsa, mas traí com um sorriso no rosto, confia nela e vê onde isso dá- Saio da casa batendo a porta e Dylan da um sorrisinho de canto.

- Você fica bem sexy quando está nervosa - Brinca rindo.

- Cala a boca - murmuro e entro no carro irritada.

Aposto que amanhã ela já não está mais aqui, como sempre, ela prefere fugir do que encarar seus problemas e o meu pai a segue cegamente nos deixando completamente para trás.

Isso é irritante e injusto, mas o que mais me irritou foi ver que Lucas simplesmente virou as costas para mim ao ponto de querer se juntar com ela apenas para se sentir certo e tentar acabar com esse relacionamento. Eu já estava notando algumas coisas estranhas.
Como cochichos dos dois na cozinha, ou leves empurradinhas um no outro, apenas para dizer "está vendo?" e as vezes eles se encaravam como se lessem a mente um do outro.

Fico feliz que Lucas esteja se dando bem com nossa mãe, mas precisava virar as costas pra mim nesse nível? Eu tinha que ser o motivo dos dois estarem juntos?

E o que minha mãe sabe sobre isso? Sobre o que está acontecendo aqui ou como é esse relacionamento? Ela não sabe de porra nenhuma e ainda sim, a primeira versão com a qual ela fica e acredita é a do Lucas. Tenho certeza que ele não abriu aquela maldita boca para dizer coisas boas sobre mim, muito menos sobre Dylan. Qualquer coisa que ele tenha comentado sobre nós dois ou sobre esse relacionamento, certeza que não foi nada do tipo "Eles são lindos juntos".

E até quando essa birra de Lucas vai continuar? Até onde essa palhaçada vai? Eu já estou farta de toda essa merda. E se Lucas vai continuar nessa palhaçada, então eu prefiro virar totalmente minhas costas para ele. Eu cansei, ele jogou baixo demais, chegou no meu limite! Não vou ficar correndo atrás dele tentando fazer ele entender o que acontece entre eu e Dylan.

Não estou mais com paciência sobre isso.

Dylan descansa a mão em minha coxa enquanto dirige e acaricia levemente o local, ele me lança um olhar rápido e carinhoso, como alguém que diz "Está tudo bem".
Respiro fundo e observo pela janela o parque que passamos em frente, observo as crianças e os pais correndo atrás delas, eles parecem felizes, apesar do cansaço explícito em seus rostos.
Observo os cachorros, um mais fofo que o outro e abro um sorriso vendo alguns rolarem na lama enquanto os donos surtam. E assim que meus olhos batem num cachorro que parece um lobo gigante, meus olhos brilham animados.

- Eu quero! - Falo alto e olho para Dylan que olha pela janela e arregala os olhos.

- UM FILHO? - O homem quase grita assustado e eu começo a rir.

- Não! - Dou risada vendo que ele parece aliviado com isso e respira fundo - Eu quero um cachorro! Aquele! - Aponto e Dylan sorri.

- É fofo - Ele diz apenas isso, nada que me dê esperança.

Então apenas deixo a ideia para trás, e vou dando risadinhas baixas lembrando da sua reação achando que eu queria uma criança.

Isso realmente não está nos planos dele, e tudo bem, porquê nos meus também não está. Então não é algo que vá me fazer falta ou que me decepciona.

Logo chegamos em casa e eu entro um pouco mais relaxada, Dylan percebe que estou calma e me abraça por trás enquanto andamos.

- Veja pelo lado bom, você não precisa ficar trancada naquela casa com todos eles. Você está aqui, no seu cantinho, sem precisar escutar qualquer merda e sem se sentir desconfortável com as presenças deles - Dylan fala calmo e eu dou um leve sorriso.

Ele está certo, não preciso aturar eles, estou no meu cantinho e posso dormir em paz, andar pela casa em paz, sem me sentir desconfortável em ir buscar um copo d'água na cozinha e trombar com algum deles no meio do caminho.
Então é...isso realmente me tranquiliza.