O Melhor Amigo Do Meu Irmão.

52.

  Dois dias se passaram, acharam o corpo de Max com tudo que incrimina ele e o pai, mas no dia em que o pai dele ia ser preso, alguém jogou uma adaga em sua garganta, fazendo o homem morrer afogado no próprio sangue, foi uma morte lenta e desesperadora.

E só existe uma única pessoa que eu conheço que usa adagas.

- Porra Rodrigo! Existia um plano! - Falo alto.

Já fazia uns 5 minutos que eu estava gritando com ele por causa disso, e o homem age com indiferença.
Ele pega um cigarro e coloca na boca, ele acende com calma e traga enquanto me olha fixamente.

- É, mas eu decidi não seguir - Ele diz baixo e calmo.

E é isso que mais assusta as pessoas, sua calma, sua tranquilidade, sua indiferença.

- Mate se tem a oportunidade, é o que... - Antes que ele possa dizer, eu completo.

-É o que você sempre diz, eu sei, mas você não pode sair fazendo o que bem entende. Você sabe que isso pode comprometer o grupo, você podia ter fodido com a gente - Falo irritado e ele solta a fumaça que acabou de puxar.

- Está dizendo que eu não sei fazer meu trabalho direito? - Ele pergunta enquanto me encara sério - Eu posso não seguir suas regras, mas não me diga que eu não faço meu trabalho corretamente, eu nunca deixo nada para trás, eu sou a porra de um fantasma, eles nem sabem se eu sou mesmo real - Ele diz tudo e solta um leve sorriso.

Quer dizer, a ponta de sua boca ergue um pouco, aquilo considerávamos um sorriso, porquê é a única coisa próximo de um sorriso que já vimos Rodrigo dar. Nunca vi ele sorrir com sinceridade, sorrir tranquilo, se deixar levar.

Por isso chamamos ele de "Smile". E acredite, quando ele da esse " sorriso",  não vem coisa boa por aí.

- Relaxa, ok? Porra! Eu só pedi para você fazer uma única coisa, pedi para ver se ele realmente iria ser preso. Não pedi para jogar uma adaga em seu pescoço - Continuo e passo as mãos em meu cabelo, jogando os fios para trás.

- É que escorregou da minha mão - Ele faz piada.

O cretino não consegue fazer qualquer outra expressão, é como se seu rosto estivesse congelado.

Ele ficou assim depois que sua família foi morta em sua frente, ele tinha 15 anos quando isso aconteceu. E desde então ele está assim.
Tudo foi um assalto que deu errado, entraram em sua mansão achando que não havia ninguém na casa, e a ordem que deram a eles é que se encontrassem alguém na casa, poderia executar. Só mão imaginavam que assim que eles invadissem a casa, iriam dar de cara com a mãe, o pai e a irmã dele na sala. Rodrigo estava no banheiro e viu tudo pela fresta da porta, e assim que os ladrões começaram a se espalhar pela casa, ele matou um por um com uma faca de cozinha.
A polícia chegou no local 3 horas depois que ele ligou para a emergência, mas nunca acharam ele. O garoto cresceu nas ruas até eu o encontrar, ele passou a correr com meus carros e toda corrida que ele ganhava, ele guardava. Não sei como ele conseguiu, mas hoje ele é tão rico quanto eu.
Só sei de uma coisa, ele odeia roubos, e de uma coisa eu sei, ele não conseguiu esse dinheiro roubando nada de ninguém.

- Chega, entra na porra do carro e vai esfriar essa cabeça - Mando e ele levanta do sofá calmamente.

- Quem disse que estou nervoso? Você  é que parece nervoso - Ele diz no mesmo tom seco de sempre.

- Vocês ainda estão aqui? - Agatha entra na sala e eu olho para ela - Esquece essa merda D, todo mundo está morto e ninguém vai ressuscitar, então deixa Smile em paz, essa merda toda não vai levar a lugar nenhum - Ela diz e se joga no sofá.

- Vocês são impossíveis - Bufo e saio.

- Vai para onde? Vai sumir outra vez? - Jess pergunta e eu olho para a garota com tédio - Desde que começou a faculdade, e a namorar, você sumiu D - Ela diz séria - Você ainda faz parte desse grupo? Você ainda é o chefe? Você e Luc sumiram, Smile cuida da gente desde então, mas agora que voltou, todos te seguem cegamente como se você nunca tivesse sumido. Te deram outra chance, vai mesmo desperdiçar? - Paro e penso um pouco sobre o que ela disse - Somos família D, jamais vamos te abandonar caso precise da gente, mas precisamos de um líder, e você não tem sido um - Ela diz  e senta no capô do meu carro.

Lua está dentro do carro, ela observa tudo calada, olho para Jess e respiro fundo.

- Não posso envolver ela nisso - Falo seco.

- Ela se envolveu no dia em que decidiu ficar com você - Ela diz e eu engulo em seco - Acha mesmo que ninguém sabe sobre vocês? Ela virou um alvo assim que você decidiu assumir ela - Jess cruza as pernas e arruma o Black - Não estou dizendo que estão caçando ela, mas não vacile, porquê é apenas questão de tempo - Ela diz e olha para dentro do carro enquanto analisa Lua - Ninguém sabia que ela era a irmã de Luc, ele sim soube esconder ela bem, mas você, em 2 semanas soubemos do seu drama adolescente - Ela estende a mão para mim e eu a ajudo ela a descer do carro, para sua saia não subir.

- Ela não merece isso Jess, não posso deixar ela correr esse risco todo - Falo observando a garota.

- Então entre nesse maldito carro e a leve para longe daqui, não volte, e a esconda bem, se ela é tão preciosa, cuide dela, a proteja, sai dessa merda de cidade, se for necessário, da porra desse país, mas não a deixe pagar por seus pecados - Ela para com seu salto agulha do meu lado, e sem olha para mim diz - Você fez um bom trabalho até aqui, somos gratos, mas se isso acabou, deixe Smile assumir, ele perde o controle as vezes, mas ele sabe cuidar bem da gente - Ela deposita um beijo na minha bochecha - Espero não precisar te ver novamente D - Ela diz e vai embora sem olhar para trás.

- Amor? - Lua olha para mim confusa - Tudo bem? - Pergunta de um jeito calmo e amoroso.

- Por você - Sussurro olhando para a garota.

Entro no carro e antes de partir para sempre, dou uma última olhada para todos reunidos conversando em volta da fogueira.

- Tudo bem? - Lua pergunta novamente.

- Vai ficar - Respondo simples.

Talvez, para começar uma família, eu precise perder outra.

Espero não estar errado.