38

37.8K 1.5K 179
                                    

Luana Salvatore:

No dia seguinte todos da casa pareciam estar com um sorriso malicioso e todos estavam claramente felizes. Aquela cena era engraçada, mas ninguém arriscava dizer algo ou todos iriam ter que dizer o que fizeram na noite passada.

- Amor, pega o suco na geladeira? - Dylan fala com tanta naturalidade que não percebe os olhares curiosos em cima dele.

Ele estava distraído lendo algo no celular, enquanto comia uma torrada.
Ana lança um olhar para mim, como quem diz "finalmente ele disse" e eu lanço outro confirmando, ela faz uma dancinha discreta e segura a risada. Cris entende o que estamos "falando" e acaba segurando a risada também.

- Só tem de acerola, e você não gosta - Falo e ele bufa.

- Tem refri? - Ele pergunta levantando o olhar para mim.

Olho aquela geladeira vazia, preenchida apenas por cachaça e uma única garrafa de leite que compraram hoje de manhã.

- Tem leite e cachaça - Falo e ele levanta da cadeira.

- Quer ir ao mercado comigo, bebê? - Pergunta e eu concordo.

- Sim. Alguém quer alguma coisa? - Pergunto e todos pensam um pouco.

- Cookies - Ana diz rapidamente.

- Energético - Daniel diz parecendo cansado, mas dessa vez, não foi por trabalhar muito.

- Cerveja - Allan diz com olhos presos no celular.

Todos estavam aproveitando que Dylan teve coragem de ir no mercado, já que a porcaria do mercado é quase em outra cidade de tão longe.

- Gata, trás alguns vinhos, hoje a noite a gente vai ficar batendo um papo aproveitando aquela varanda - Cris diz animado.

- Ok, vou aproveitar e comprar o almoço de hoje também - Aviso e saio da sala com Dylan, que ainda estava preso no celular.

- Hey, o que tanto você lê? - Pergunto curiosa e ele arqueia a sobrancelha percebendo que não saiu um segundo se quer do celular .

- Desculpa amor, eu estava lendo uma matéria que saiu hoje sobre meu pai e a empresa. Parece que ele está pensando em finalmente se aposentar - Ele diz pensativo.

- E você vai aceitar assumir? - Pergunto e ele pensa um pouco.

- Preciso pensar um pouco mais sobre isso, preciso falar com Daniel também. Ele merece mais que todos assumir a liderança - Ele diz pensando  no irmão - Bom, não quero falar sobre isso agora - Fala e abre a porta do carro para mim.

Eu usava um biquíni vermelho chamativo, e por cima a camisa de Dylan que virava um vestido em mim. Apesar de ficar um pouco sexy, ele não me deixava a mostra.

Durante o caminho até o mercado, Dylan estava pensativo, e para distrair ele, puxo um assunto aleatório.

- Todo mundo se deu bem, estou feliz com isso. O clima na casa está confortável e bem gostoso - Solto e ele sorri de canto.

- O clima tá é de pura luxúria, pura safadeza. Não foi só nós dois que transamos ontem, certeza - Ele diz rindo e eu não consigo evitar e o acompanho.

- Daniel e Ana já se conheciam e saiam juntos, até ai de boa. Eu não acredito é que Cris e Allan transaram mesmo ontem - Admito e ele ri.

- Todo mundo estava bêbado, e a bebida trás os nossos maiores desejos átona, principalmente o tesão - Ele diz e solta a indireta para mim.

  Dou risada e ligo o som do carro, deixo tocar no aleatório só para deixar algo de fundo.

- Vamos falar sobre a noite passada? - Dylan diz ficando um pouco...envergonhado?

Não tenho certeza, mas ele não parecia bem, parecia que ele estava perdido e sem saber muito o que dizer ou como agir. Era a primeira vez que eu estava o vendo assim.

- O que quer falar? - Pergunto e ele engole em seco.

- Eu admiti que te amo, Lua. E agora não sei o que fazer com isso - Ele diz matando os olhos na estrada, como se não quisesse me olhar agora.

- Eu não sei, com você tudo precisa ir devagar demais. E talvez, dizer que estamos namorando agora te assuste e você fuja - Falo, mas ele parece levar isso como ofensa.

- O que? Já disse que não vou fugir, que não vou embora - Ele finalmente me olha, mas indignado.

- Desculpa, mas é a verdade. Você finalmente se abriu para mim e eu tenho medo de me aproximar demais e dar ruim - Sou sincera e ele respira fundo e coloca a mão em cima da minha.

Seus dedos fazem um carinho em minha mão, e eu relaxo um pouco mais.

- Não vou embora - Ele diz firme.

Dylan estaciona o carro, ele desce e abre a porta para mim.

Ele parecia querer dizer algo. Mas somos interrompidos por duas pessoas.

- Dylan? - Uma garota fala tão baixo, de um jeito nostálgico, como se não acreditasse que ele estava mesmo ali.

- Carla? Ravi? - Dylan vira tão surpreso quanto eles.

Claramente os dois não são um casal, na real, eles pareciam ser gêmeos.

- Quanto tempo cara, faz anos que você não aparece por aqui. O que aconteceu? - Ravi pergunta curioso.

A garota me analisa atentamente, de cima para baixo, de baixo para cima.

Aquele olhar... Eu odiava aquele olhar. De quem diz "sou melhor que você" ou "Quem é essa? " de um jeito idiota para dizer "Ele é meu".

Ela é mais uma das vagabundas que Dylan comeu ou ela queria ser comida por ele. Meu pressentimento grita 'cuidado'.

- É, eu andei um pouco ocupado por esses anos - Ele inventa qualquer merda e eu arqueio a sobrancelha.

Ele estava mentindo, mas por que?

Afinal, quem são esses?

- Essa é sua garota? - Ravi pergunta com um olhar predador e Dylan apenas balança a cabeça positivamente, concordando, mas sem dizer nada.

- Achei que você ficaria aqui depois daquele ano, eu pensei que você tinha escolhido ela, mas pelo jeito, foi nenhuma das duas... - Carla solta sem mais nem menos. Sem se importar com a minha presença ou com a presença de seu irmão.

- Oi? - Solto tentando entender e Dylan engole em seco.

-  Então, eu preciso ir. Vamos, amor? - Dylan ignora ela e foge como o diabo da Cruz.

- Que merda foi aquela? - Pergunto confusa.

Caminhamos em direção ao mercado e Dylan bufa.

- Apenas o passado - Dylan tenta se esquivar do assunto, ele parecia atordoado.

Decidi não tocar mais no assunto... Por agora.

Entramos no mercado e pegamos tudo o que precisamos, passamos no caixa e saímos do mercado, todo esse processo é silencioso.
Assim que entramos no carro, Dylan bufa estressado.

- O que foi? - Ele pergunta irritado e e eu arqueio a sobrancelha.

- Nada, se você não tem nada a dizer. Por que sou eu que tenho que falar algo? - Pergunto me fazendo de louca.

- Você não fala sobre tudo o que você viveu e fez no passado, por que eu tenho que dizer? - Ele joga tudo de uma vez e liga o carro.

- Deve ser porquê meu passado não fica voltando. Parece que toda vez que estamos juntos, estamos bem. Aparece alguém DA SUA parte e estraga tudo. Você já fodeu todo mundo, e pelo jeito só faltava eu. Porquê não tem um lugar que não apareça alguém que você já teve algo ou fez algo - Falo irritada e ele respira fundo percebendo que estamos perdendo o controle - Você quer que eu fale sobre meu passado? Por que eu posso falar, eu também já fiz muita coisa Dylan. Mas vamos deixar claro que não é o meu passado que tem coisas pendentes para resolver. É por isso que ele não volta - Eu já estava cansada de toda essa palhaçada. Eu amo Dylan, mas essa situação é cansativa, é irritante.

Eu quero viver algo real com ele, não uma paixãozinha idiota de adolescente. Mas parece que quando estamos a um passo de resolver tudo, algo acontece. Ou melhor, ele deixa acontecer.

O Melhor Amigo Do Meu Irmão.Onde histórias criam vida. Descubra agora