O Melhor Amigo Do Meu Irmão.

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  Luana Salvatore:

Estava fazendo o café da manhã, até que Lucas entra na cozinha e encosta no batente da porta. Ele me observa por alguns segundos antes de começar a dizer algo.

- Me desculpa - Ele diz simples e eu dou um leve sorriso, ainda de costas para ele.

- Devo te perdoar por quê se arrependeu, ou por quê está carente e sozinho?  - Pergunto debochando e ele respira fundo.

- Porquê me arrependo do que fiz - Ele diz envergonhado e eu continuo cozinhando sem o olhar.

- E o que você fez? - Pergunto.

Preciso que ele diga cada merda, preciso que ele veja, que ele perceba e entenda que merda eu passei por culpa dele.

- Me desculpa, por tudo. Por ter me intrometido na sua vida e ter afastado pessoas dela sem a sua permissão, por eu ter virado as costas para você quando mais precisou, por eu ter tentado terminar o seu relacionamento por puro ciúmes e inveja, por eu ter enfiado uma faca em suas costas e ter acabado com sua confiança em mim. Me desculpa, por ter sido um irmão horrível, que não te apoiou, que não cuidou de você como deveria, que se afastou e te trocou por uma qualquer que apareceu na minha vida, deixei minha paixão e desejo serem maiores do que meu amor por você. Eu fui um estúpido, um idiota, principalmente por ontem ter tentado virar nossos pais ao meu favor, só pra poder arruinar seu relacionamento. Eu fui ciumento, idiota e egoísta, só pensei em mim o tempo inteiro e não me importei com o que você estava sentindo, o que estava passando - Ele para um pouco, respira fundo e abaixa a cabeça - Não sei mais o que dizer, só sei que sinto sua falta, que sinto saudades. E a verdade é que eu preciso mais de você do que você de mim. E eu não sei mais o que fazer pra poder me desculpar e fazer você voltar a confiar em mim. Eu só sei que eu te amo muito e não vou mais me afastar, não vou deixar mais nada atrapalhar o que temos, além de irmãos, nós somos melhores amigos e só agora eu pude ver isso e entender. Não quero ser como nossos pais, te prometi que eu não seria como eles e de repente, quando fui ver, eu estava agindo exatamente como eles. - Lucas para de falar e finalmente levanta a cabeça para me olhar. Ele estava com os olhos cheios de lágrimas, seu semblante cansado deixava claro que ele não havia dormido essa noite.

Ele estava apagado, estava tão frio que parecia uma assombração no batente da minha porta.

- Tudo bem. Eu perdoo, mas preciso deixar claro uma coisa, não confio em você, não confio no que diz ou no que faz pra mim, não vejo verdade em você e não vou fingir que vejo. Não estranhe se eu estiver distante de você, você causou isso, você que quis isso e você conseguiu, estou avisando porquê não quero que me culpe por algo que você é quem fez - reclamo e ele concorda cabisbaixo - Você é o meu irmão, você não deveria ter me deixado, você não deveria ter virado as costas para mim, não deveria ter feito tudo o que fez. Eu não merecia isso, por que você foi tão ruim comigo? - Meus olhos lacrimejam e eu respiro fundo antes de prosseguir - Eu estou cansada de ser boazinha com você, de tentar concertar as coisas, eu não devo nada, não devo explicações e não é minha responsabilidade tentar resolver algo que não foi eu quem destruiu, você que deveria estar se preocupando com isso. Eu cansei, não vou mais correr atrás de você, quer que tudo volte ao normal? Então arrume isso - Desabafo e ele Respira fundo e caminha até uma cadeira, ele se senta e me olha sério.

- Ok, mas como posso arrumar isso? - Pergunta e eu dou um leve sorriso debochado.

- Você destruiu tudo sozinho, então arrume sozinho. Eu não vou te dar um manual de instrução de como recuperar minha confiança, até porquê isso não existe. Não é assim que as coisas funcionam - Falo brava e ele abaixa a cabeça novamente.

- Tudo bem, eu entendo - Ele responde simples - Posso ter um abraço seu agora? - Ele pede, mas eu fico receosa e não seu o que falar ou fazer.

Não sei se eu devo permitir, não sei se eu devo dar alguma brecha. Eu não quero ser dura de mais com ele, mas também não quero facilitar as coisas ao ponto de fazer ele achar que vai recuperar fácil e rápido minha confiança.

- E então? - Pergunta novamente fazendo eu despertar.

-Não - Respondo simples e seca, sem muito interesse.

Mas eu sinto doer, sinto meu coração apertar, só de ter rejeitado seu abraço, seu toque, seu carinho.
Eu sinto saudades dele, sinto saudades de ter o meu irmão ao meu lado, mesmo com tudo o que acontecia no passado, o ciúmes, a chatice e as brigas. Mesmo com tudo isso, eu sinto falta de ter um irmão, de ter alguém para contar, de ter alguém que eu confio de olhos fechados.

Quer dizer, não me entenda mau, eu confio em Dylan. Mas...ele é meu irmão... Eu não sei como explicar isso... Não sei o que falar.

- Sinto muito - Lucas se levanta e sai.

Dylan entra e senta no lugar de Lucas.

- Você não foi... -  Dylan tenta falar, mas eu não deixo.

- Não - Corto sua frase pelo meio e ele ergue as duas mãos para cima como se estivesse se rendendo.

- Tudo bem, tudo bem... Eu não vou tocar nesse assunto se você não quer - Ele respeita minha decisão e respira fundo.

- Obrigado - Agradeço e volto a fazer o café da manhã.

- Só preciso saber se você está bem - Ele fala e se levanta.

Ele caminha em minha direção e eu respiro fundo antes de o abraçar.

- Estou com você em qualquer decisão que tomar, se quer ele longe, posso dar um jeito nisso se quiser. Mas se quer ele do seu lado, eu posso ajudar ele a não fazer merda e estragar tudo.

- Estou bem. Só não ajuda ele, por favor, deixa ele resolver tudo - Falo simples dando de ombros e ele beija meu ombro.

- Ok, tudo bem.