O Melhor Amigo Do Meu Irmão.

41.

No último dia na casa de praia, decidi encontrar com Carla, estou com medo de ir sozinho e queria que Luana fosse comigo, ela ficou um pouco receosa no começo,ela acha que não deveria estar presente nesse momento delicado, mas no final aceitou, só que ela ficaria dentro do carro a todo momento, ou andando pela praça.

- Você me espera? - Pergunto novamente antes  de eu descer do carro.

Puta merda, to me sentindo com 17 anos outra vez.

- Já disse que espero! - Lua responde pacientemente e eu fecho a porta enquanto caminho em direção a Carla que me espera de frente para a sorveteria.

- Oi - Falo um pouco seco, tentando esconder minha timidez por trás do tom sério.

- Oi... Onde está sua namorada? - Ela pergunta curiosa olhando para o carro, mas não tem como ver nada, já que o vidro é todo escuro.

- Esperando no carro, preciso falar com você - Falo caminhando para dentro da sorveteria e me sento em uma mesa.

- Pode falar, o que quer? - Ela diz arqueando a sobrancelha.

- Me desculpa. Eu fui um babaca com você, e você ao menos merece escutar um pedido de desculpas - Começo e ela arregala os olhos - Eu nem ao menos perguntei se você queria ficar com ele, eu não tinha o direito de exigir que você tirasse. E eu fugi como um covarde - Os olhos da garota enchem de lágrimas e eu tento não abaixar a cabeça.

Eu não tenho o direito de chorar ou de me lamentar, e não devo esconder minha vergonha. Carla merece me ver assim, ela precisa ver que estou realmente arrependido.

- O nome seria Miguel se fosse menino, e Maria se fosse menina, assim que descobri eu já sabia qual nome daria. E então, de repente me viu numa clínica sozinha, esperando que tirassem o meu bebê de mim - Carla deixa escapar uma lágrima e eu sinto meu peito doer como se tivesse levado um tiro.

- Você não precisa me perdoar, eu sei que não mereço perdão algum. Mas mesmo assim quero pedir que me perdoe, sei que é tarde demais, mas estou extremamente arrependido pelo o que fiz, mesmo se fosse para tomar a mesma atitude, eu deveria ter feito diferente, eu deveria ter ficado com você a cada segundo. Eu fui um idiota e sei muito bem disso - Termino e ela respira fundo tentando controlar as lágrimas que descem devagar.

- Eu já perdoei você, Dylan. Se eu não tivesse perdoado, eu iria ficar amarga - Ela diz e eu respiro fundo - Rancor é como tomar veneno esperando que a outra pessoa morra, e eu não podia fazer isso comigo. Eu te perdoei, mas não por você, eu perdoei por mim, para que eu conseguisse fechar meus olhos a noite e dormir em paz - Ela levanta da cadeira e para ao meu lado, me olhando pelo canto dos olhos ela suspira e termina - Era pra ele fazer 3 anos mês passado, e naquela noite eu sonhei com um menino de 3 anos, com seus olhos e cabelos escuros... Eu não sei se foi minha mente que criou isso para me confortar, mas me aliviou ver ele bem - Ela fecha os olhos e sorri lembrando - Não repita com ela o que fez comigo, não faça isso com mais ninguém - Ela sai me deixando para trás.

Me levanto em silêncio e caminho para fora da sorveteria, Lua está apoiada no carro enquanto me espera, ela olha para mim curiosa.

- Tudo bem, estamos bem - Digo simples e entro no carro ainda um pouco atordoado.

E por um momento imagino como seria ter um filho, imagino como seria esse menino com traços meus e de Lua e como ele seria bonito.

- No que está pensando? - Ela pergunta entrando no carro e eu desperto, olho para ela e meu olhar desce automaticamente para sua barriga.

Luana ficaria linda grávida.

Em que merda estou pensando? A garota nem terminou a escola ainda e eu estou me matando na droga da faculdade.

- Em? - Pergunta novamente e eu olho para seu rosto.

- Nada demais - Murmuro e ligo o carro.

Isso não vai rolar, eu não quero ser pai, eu não nasci pra isso, não sei como fazer isso. E aposto que Luana também não.

Antes de irmos para a casa de praia, passamos no mercado, compramos o almoço de hoje, alguns lanches, e claro, não pode faltar a bebida.

Luana Salvatore:

Aquele olhar... Eu sei que esse "não é nada demais" era mentira...
Eu nunca vi Dylan com um olhar tão carinhoso, tão amoroso. E eu vi ele descer os olhos para minha barriga, se ele acha que vamos ter um filho KKKKKKKKKKKKKKKKKK NÃO VAI NÃO AMOR! Pode tirar esse cavalinho da chuva, porquê não vamos a lugar nenhum.

Durante o caminho fiquei pensativa e preocupada, eu só conseguia me perguntar, Dylan quer um filho?
Independente da resposta, de uma coisa eu sei, eu não quero! E eu não nasci para realizar sonho das pessoas, que eu saiba não sou gênio da lâmpada dos desejos. Se ele quiser um filho, que ele faça com outra.

- Ok, eu preciso perguntar, ou vou enlouquecer - Paro ele antes de descer do carro e entrar em casa.

- O que foi amor? - Dylan volta a se sentar no banco e me olha carinhosamente.

- Você quer ter filhos um dia? - Pergunto, mas pelo meu tom de voz, ele sabe que não estou perguntando como se eu quisesse isso. Ta mais pra "Por favor, fala que você concorda, nós NÃO queremos filhos"

- Não.. Quer dizer, pelo jeito que transamos e o fato da gente não se cuidar, sabemos que uma hora pode acontecer. Mesmo você tomando anticoncepcional, você sabe que um dia pode acontecer - Ele diz e respira fundo - E se acontecer, eu vou saber lidar com isso, e você? - Ele pergunta fazendo eu ficar um pouco perdida.

Ele tem razão, se um dia acontecer? O que faremos?

-  Acho que, se acontecer por irresponsabilidade nossa, o correto seria assumir. Mas, se for para ter um filho indesejado, é melhor não ter. Até porquê, quem irá sofrer com isso é ele -Penso um pouco.

Eu estou confusa, perdida.
Essa conversa é necessária, e acredito que todo casal deve ter essa conversa, assim podemos evitar bastante coisa.

- Eu sei que assumiria, mas o corpo é seu e você que decide sobre isso. Mas acho legal você me incluir na decisão, até porquê eu iria ser o pai. Não é como se eu fosse obrigar você a ter, a fazer algo que não queira. Eu iria querer que você pelo menos mostrasse que pensou em mim também antes de tomar uma decisão, que me incluiu em seus planos - Ele diz calmo - Mas respondendo sua pergunta de uma vez, eu não quero ter um filho, não agora. Talvez, se ficarmos juntos por anos, e isso realmente der certo, e algum dia eu sentir que quero ter um, eu gostaria que fosse com você e gostaria que isso acontecesse em um momento calmo e planejado - Ele responde e eu sinto um alívio no peito.

- Tudo bem, gostei dessa ideia- Falo tranquila e ele sorri e me da um selinho leve e rápido.