Revelações.

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-Delphine-

"como um menino tão hostil pode me atrair tanto assim?"

•14:21PM•

Chegando em casa corri diretamente ao meu quarto ignorando quem quer que esteja la, deitando diretamente com meu gato na minha cama, e deixando pra lá um monte de notificações do meu celular tocando.

"Por que ele ta fazendo isso?" - pensava eu quase chorando.

Mas um pensamento veio a minha cabeça, que eu nunca tinha parado pra pensar.

"Por que eu me importo tanto com ele?"
"Por que eu gosto de estar com ele?"
"Por que eu gosto do jeito idiota e desnecessário dele?" - pensava dando carinho na cabeça do meu gato, por enquanto que ele se espreguiçava.

Vendo passar o tempo no meu despertador, ficava deitada na minha cama pensando ate ouvir a campainha tocar.

Desci as escadas rapidamente atendendo, esperando que seja o menino idiota, mas era o Fezco.

Ah... oi. - Disse abrindo a porta pra o mesmo entrar, logo ele senta no sofá.

Meu irmão não ta ai. - Digo eu cruzando os braços ainda em pé.

Eu sei, vim falar com você. - Diz o ruivo apontando pra poltrona.

Pensei por uns segundos olhando pra a poltrona e finalmente me sentei, esperando o ruivo começar a falar.

O Ashtray me contou o que aconteceu. - Afirma o mesmo.

A é? - Falou eu se aconchegando na cadeira.

Sabe... O Ashtray nunca foi o melhor em expressar seus sentimentos, justamente por que sempre anulavam ou nunca perguntavam, por isso ele teve dificuldades ao tentar falar com você. - Diz o ruivo e eu ouvindo atentamente.

O Ashtray não me contou muito o que aconteceu, só de passagem, parecendo não se importar, mas eu conheço o meu irmão, e ele estava mal, quando ele começou a contar eu já sabia o que tinha acontecido. - Falou o mesmo.

Então... Por que ele parou de falar comigo? - Digo eu com a esperança que ele me contasse.

Eu acho melhor ele dizer a você. - Afirmou o ruivo.

Mas... Você mesmo disse que ele tem dificuldades pra falar o que "sente". - Digo fazendo aspas com as mãos.

Eu vou fazer com que ele fale, só vim aqui pra você não ficar triste. - Acenei com a cabeça e ele foi diretamente a porta, saindo da casa.

1 dia...
2 dias...
3 dias...

•16:12PM•

Finalmente a semana começou, e eu ainda esperava ansiosamente o Ashtray contasse o que tinha acontecido, apesar de já estar perdendo as esperanças, pela demora do tal, mas sabia que uma hora ou outra ele viria me contar.
Fazendo minhas entregas com os capangas novamente, fazia o que tinha de fazer ignorando a minha ansiedade pois ele poderia aparecer a qualquer momento.

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•20:42PM•

Terminado o meu trabalho, limpei o laboratório e tranquei, mandei os capangas irem embora, e fui tomar o banho relaxante.
Após o banho, coloquei um blusão e fiquei só de calcinha, afinal, estava sozinha.

Deitei na minha cama e me cobri, mexendo no celular, quando eu ouço a porta do meu quarto abrir e eu me sentei na cama rapidamente assustada, e segurando o cobertor.

O menino.

Porra, Ashtray, que susto caralho. - Dizia dando um suspiro de alívio e tirando a mão do peito.

Foi mal pelo susto porra. - Diz o menino fechando a porta.

A mão ia cair se batesse na porta? - Digo eu sarcasticamente.

Ele ignora meu sarcasmo e chega perto de mim, e logo meu sorriso de satisfação sai, sabendo que era a hora da tal conversa.

Posso me sentar? - Ele diz e eu aceno com um sim na cabeça, logo sentando na cama.

Ficamos um tempo em silêncio e ele olhando suas mãos, percebi que ele não sabia como começar, então fui paciente e esperei.

Você foi a única menina que não fugiu de mim ou teve medo. - Ele levanta a cabeça e olha pra mim. - Eu me divirto com você, gosto do jeito que nos tratamos... - Ele diz logo olhando de volta pra mão dele.

E... Meio que gosto de ter você pra cuidar. - Afirma ele com a mesma posição.

Mas você as vezes é uma tremenda chata e sensível pra caralho, me faz perder a porra da paciência, você me tira do sério garota. - Ele revela e eu dou um leve riso revirando os olhos.

Mas eu odeio quando e como você fuma e bebe, e com quem você trabalha ou vende suas ervas. - Ele diz com um tom mais bravo olhando sua mão.

Eu olho pra baixo com uma certa razão da fala dele.

Mas eu gosto do jeito que você trata os outros, como você se protege e como você protege os outros, gosto das suas tatuagens e do seu coque todo desarrumado, gosto do seu cheiro e do jeito que você lida comigo. - Ele vira e fala isso pra mim

No começo foi torturante, o jeito que você lidava com os outros, ou o jeito que você praticava as missões, era irritante estar com você, eu não suportava você. - O mesmo diz.-  Mas com o tempo, você foi se tornando necessária na minha vida, e isso foi me assustando, por que nunca senti isso antes.

Ficamos em silêncio por um tempo, evitando contato visual.

Foi por isso que eu me afastei, eu tenho medo dos meus sentimentos, por que nunca senti isso antes, tenho medo de machucar você. - Falou o menino me encarando

Cada vez que eu ficava com você, meu sentimento crescia, e acho que isso piora pois não sei o que é esse sentimento exatamente, e quando você me abraçou naquele dia... - Falou o menino virando a cabeça pra olhar sua mão novamente.

Eu só... - Falou ele logo se mantendo em silêncio.

Eu só não sei o que é esse sentimento. - Afirmou o garoto e eu logo o encaro.

Ficamos em silêncio por um tempo, ignorando a existência dos dois e pensando.

Eu sentia o mesmo que ele falou, cada coisinha, então pra mim não era estranho.

Eu acho que suporto você... - Ele afirma olhando pra mim.

Que? - Digo eu dando um leve riso olhando pra ele.

Não... eu to tentando dizer... - Ele diz - Eu acho legal estar com você...

Eu também acho legal estar com você. - digo eu com um sorriso sem mostrar os dentes.

Ele então vai embora, e eu fico pensando a noite inteira sobre essa conversa.

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La Hermosa - AshtrayOnde histórias criam vida. Descubra agora