Amantes.

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-Delphine-

"Como eu posso querer tanto, passar a maior parte da minha vida com um menino rude deste?"

•01:16AM•

Era tarde, e eu estava deitada na minha cama tentando dormir ansiosamente, mas o beijo que o Ashtray deu em mim interrompia o meu sono e a sensação de querer mais percorria pelas minhas veias.
Sem conseguir dormir, desci as escadas, e me deparei com o Fezco sentado no sofá.

Oi, tudo bem? - Digo terminando de descer a escada, chegando mais perto do mesmo.

Sim, ainda acordada? - Ele fala virando a cabeça pra me ver.

Não consegui dormir. - Afirmo sentando do lado do ruivo e ele afirma com a cabeça.

Então... Como foi a missão? - Pergunto me aconchegando no sofá.

Tirando o fato de que um dos nossos capangas morreu, e colocando o fato de que conseguimos fazer a missão a frente, sim. - Ele fala meio triste.

Eu sinto muito... - Afirmo colocando a minha mão nas costas do ruivo.

Ficamos em silêncio um pouco, e para quebrar o gelo, pergunto ao mesmo onde está o Ashtray.

Deve estar lá fora, não temos coragem de ir embora, muita preguiça. - Ele fala olhando pra porta de trás dando pro quintal, e logo olhando pras suas mãos.

Vou ver como ele está, tudo bem? - Afirmo tentando fazer contato visual, mas falho levando um simples sim com a cabeça.

Vou então em direção a porta do quintal, abrindo o mesmo e olhando pro lado, encontro então o Ashtray encostado na parede, olhando pro lado, parecia refletir e sem perceber minha presença.

Está tudo okay? - Pergunto e ele logo olha pra mim.

Sim. - Ele diz do mesmo jeito de sempre.

Nem parecia que tínhamos nos beijado umas três horas atrás.

Por que não entra? está frio aqui. - Digo cruzando os braços tremendo um pouco, pela falta de roupa, e sentia o frio percorrer pelo meu nariz e sair pela minha boca, fazendo fumaça.

Não, obrigado. - Ele fala olhando pra mim, logo virando a cabeça pra olhar pro outro lado.

Ash... Por que não vamos pro meu quarto? não quero que adoeça. - Insisto na proposta.

Ele da um leve suspiro e entra na casa depois da minha insistência, me seguindo até o quarto.

Fecho a porta do mesmo. fazendo nós dois sentarmos na cama um ao lado do outro, deixando nossas pernas livres.

Ficamos em silêncio um pouco, até que eu dou permissão pra falar.

Eu soube que um capangas morreu hoje, ele era seu amigo? - Pergunto virando a cabeça pra olhar o mesmo.

Sim... - Ele afirma com a mesma frieza de sempre, olhando pra frente.

Eu sinto muito Ash... - Digo colocando a mão no ombro dele. - Odeio te ver assim.

Depois de não perceber nenhuma atividade do menino, retiro a mão do ombro dele e apoiando na minha perna em seguida, colocando minha cabeça na parede e olhando pra janela, percebendo o deserto da rua.

Ficamos em silêncio por minutos.

Você está bem? precisa de algo? - Afirmo tentando fazer contato visual com o menino.

Não. - Ele fala friamente.

Me canso e vou ao banheiro, percebendo o susto que ele tomou quando levantei da cama, percebendo seus olhos me seguindo.

Fecho a porta do banheiro, e vou a pia, me olhando no espelho e abrindo a torneira pra colocar água no meu rosto, á espera que me deixasse melhor, mas falha rapidamente.

Me apoio na pia com as duas mãos, e olho pra baixo da pia, esperando uma sensação melhor do que aquela.

Enxugo meu rosto e abro a porta, percebendo o mesmo em pé na minha escrivaninha olhando pra algo.

Chego perto pra ver o que ele estava olhando, e era apenas um caderno meu qualquer, com anotações minhas aleatórias.

Vejo e logo sento na cama, me apoiando na parede, e ele então pega o caderno e também senta na cama, lendo atentamente minhas anotações, do qual era a primeira vez que percebia que ele estava interessado em algo.

Então ele folhava as páginas, lendo cada uma, uma dizia sobre os meus clientes, ou rituais das ervas, ideias de tatuagens desenhadas, folhas só de desenhos que ele passava minutos olhando, quando ele chegou na última página, onde tinha frases como:

"Por que ele me trata assim?"
"Por que ele olha pra mim?"
"Por que ele me suporta?"

Mas ao perceber a página, logo peguei o caderno rapidamente, fazendo ele ler só uma ou máximo duas frases.

Me levanto então coloco na gaveta, ele olha atentamente meus passos, até voltar pra cama.

O que você quer fazer? - Pergunto ignorando o que acabou de acontecer e me sentando cruzando as pernas.

Eu gostaria de continuar lendo seu caderno que você acabou de tirar de mim. - Diz ele.

Não tinha mais nada, tem coisas mais interessantes pra fazer. - Afirmo eu tentando enrolar o mesmo, mas lembro que ele é esperto demais pra isso.

Eu não tinha terminado a outra página. - Falou o menino. - Me deixe ver caralho!

Não é nada demais. - Digo eu sentando do lado dele.

Ele bufa e olha pro mesmo lado de sempre, fazendo um silêncio.

Cansada de tentar que ele me toque, pego o meu cobertor e me cubro, colocando a minha cabeça no ombro dele.

Ele olha então pra minha cabeça mas logo vira olhando pro lado de sempre.

Gosto que você me suporte, mas prefiro que você me suporte me dando atenção. - Afirmei eu.

Ele ignora o meu desabafo e eu retiro a cabeça do ombro dele, olhando pela janela.

Então sinto algo tocar minha mão que estava embaixo da coberta, era algo quente e grande, obviamente uma mão.
O menino segurou minha mão, me fazendo olhar pro mesmo e dando um leve sorrisinho, mas sem nenhum contato visual de nós dois.

Com o tempo, nós fomos nos aproximando lentamente fazendo nossos braços roçarem.

Caralho. - Diz o menino.

Hm? - Faço o tal barulho esperando que ele respondesse.

Você mexe com minha mente garota, e eu odeio isso. - Afirma o menino olhando pra mim, e finalmente com contato visual, eu dou um sorriso.

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La Hermosa - AshtrayOnde histórias criam vida. Descubra agora