-Delphine-"Eles dizem que o pior são as dores insuportáveis do machucados, mas sinto que o pior, é nossos machucados mentais."
•14:38PM•
Sentia que aquele quarto já não era tão ruim quanto eu imaginava, os sentimentos a voltar me faziam querer ficar mais no quarto.
Mesmo tentando não conter-me em meus pensamentos incrivelmente desmotivadores, enchia minha cara de travesseiros fazendo-me dormir até demais.
Por outro lado, os meus machucados no abdómen melhoravam, e as cicatrizes que estavam já a se curar, ficavam cada vez melhores.
Eu tinha motivos pra me levantar, viver minha vida normal, e ter orgulho do que eu passei, mas por incrível que pareça, algo me puxava pra cama me fazendo querer ficar lá mais do que o normal.
Eu tentava, eu juro que tentava, mas não conseguia.
Eu chorava, mas chorava muito, eu queria sair dali, daquele estado vegetativo, mas tudo o que aconteceu, me fazia querer ficar no meu mundo.
Por incrível que parece, meus familiares e amigos reagiram bem ao meu posicionamento, a compreensão dos mesmos me fazia estranhar.
Eu não falava com ninguém, nem olhava pra ninguém, eu sentia vergonha de mim mesma, no meu estado, no que aconteceu, e não conseguia mostrar meus sentimentos, eu só estava lá, existindo.
Eu precisava de ajuda, mas eles estavam tão relaxados que eu não conseguia pedir, por que ao mesmo tempo, eu não queria.
Ashtray me visitava todos os dias, e não se importava com meu jeito esquisito, parado e calado, ele continuava lá comigo.
Ele sempre jurava pra mim. "você vai sair dessa, e quando sair, nós vamos nadar na cachoeira denovo."
Aquelas frases me faziam repensar no que eu poderia melhorar, sempre quando ele saia, eu chorava, cada vez mais, por que eu não conseguia sair de la, eu tentava.
Cada vez que passava os dias, eu chorava mais e partia pra o meu mundo, a cada dia que passava eu não existia mais.
Rue também me visitava frequentemente, ela me contava as histórias loucas dela, e me faziam vontade de rir, e ela sabia disso, mas a minha resposta e cara sempre era a mesma.
Fezco ia me ver não tão frequentemente quanto os outros, mas vinha, e já era ótimo pra mim.
Ele sentava do meu lado, e passava horas dizendo sobre as missões, o que meu irmão falava e fazia, como o Ashtray sentia e como eles sentiam minha falta.
Aquilo me salvava um pouco.
Mas sempre quando eles iam embora, uma parte de mim que eu precisava os acompanhavam.
Passava horas a pensar no que eu podia fazer pra sair de lá, sair daquele mundo do qual eu fiz em minha mente e voltar pra minha vida idiota de sempre.
Eu tentava me comunicar com eles, mas eu nunca conseguia, eu nunca tinha coragem o suficiente pra abrir a boca.
Eu lembro de um dia que me fez querer ter mais vontade.
O Ashtray tinha vindo me ver como sempre, e ele sentou do meu lado, e começou a contar como foi seu dia.
Ele sempre citava dos merdinhas do trampo dele e das tretas das missões.
Foi quando ele falou algo que me fez delirar.
Eu sinto falta de você me importunando, me dando trabalho pra caralho, sinto falta de você me fazendo rir por dentro, mas o que mais sinto falta, é do seu abraço, da sua voz, do seu jeito de sempre, eu quero a menina que eu amo de volta, me devolve ela porra! - Ele dizia me sacudindo com suas mãos em meu ombro, fazendo sair uma lágrima em meu rosto.
Aquilo me fez não dormir, foi quando eu percebi que deveria parar de estar daquele jeito, deveria tentar.
Passou-se dias tentando fazer contatos, mas falhando sempre, a minha motivação começava a ser duvidosa.
Então, o Ashtray como sempre veio fazer suas visitas matinais, ele contou sobre as pessoas que apareceram pra comprar ervas e uma promoção que ele levou.
Foi quando eu finalmente vi ele feliz, depois de todos os acontecimentos, aquilo me motivou bastante.
Me fez querer estar com ele.
Foi quando eu consegui lentamente tocar em sua mão, olhando pra frente, fazia a maior força que conseguia.
Ele olhou minha mão tocando no dele, olhando em meu rosto.
Eu finalmente senti seu corpo de volta, me fazendo explodir, saindo daquele estado, como se fosse uma proteção em meu corpo do qual eu não conseguia retirar, e com força, ela se quebra.
Delphine... - Ele falava tentando que eu falasse algo.
As lágrimas caiam eu meus olhos, conseguindo dar espaço pra eu virar minha cabeça lentamente para vê-lo, do qual me fez cair em meu próprio líquido em meu rosto.
Porra você voltou! - Ele falou feliz me abraçando.
Tentei retribuir com dificuldade o abraço, fazendo chorar-me de tristeza.
Quando ele percebeu que meus choros não eram tão felizes, ele logo retirou seu brilho em seus olhos.
Me ajuda. - Eu falei com muita dificuldade e sussurrando, colocando minha testa em seu ombro, fazendo o mesmo me abraçar.
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Peço desculpa pela demora de atualizar a história, estive em semana de provas e com bloqueio criativo.
Esse capítulo foi inspirando em um acontecimento comigo, o que fez quebrar este bloqueio, irei atualizar tudo, prometo!
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La Hermosa - Ashtray
Fanfiction.⋆ Delphine Gonçalez, mexicana descendente a árabe, parente de um dos donos de umas das máfias mais conhecidas em sua região, chamada El Diabo, é uma traficante e capanga conhecida por Diaba por ser muito durona. Em uma missão acaba conhecendo Ashtr...