Underground 1 : Dentro do Ringue. ( Taekook version ) Revisão

Capítulo 15 Sentimentos de Culpa

Papai dizia: “Assim como uma gota de veneno compromete um balde inteiro, também a mentira, por menor que seja, estraga toda uma vida”. A pior parte da mentira é quando você a confunde com a verdade. A mentira manipula até quem está mentindo e a pessoa enganada não é a única a entrar nessa ilusão. Querendo ou não, o mentiroso precisa estar dentro dela, sentir da mesma forma que os enganados, e o risco é você se iludir também. Mas quando ela quebra, os primeiros a cair são os mentirosos.

Respirei fundo, olhando para o baralho nas mãos de Jungkook. Fomos à casa de Hoseok depois que ele insistiu para irmos, para que assim ele e Yoongi pudessem conhecer Jungkook melhor. Depois de comermos na cozinha, estávamos na sala jogando cartas. Jungkook estalou o pescoço e eu me estiquei, olhando seu jogo, pois não sabia jogar, então não fazia ideia se ele estava ganhando ou não. Seus olhos virem para os meus e ele passou seu braço pelos meus ombros. Fui puxado contra seu corpo e ele avaliou o fundo da minha alma com seus olhos verdes intensos.

Eu não estava confortável desde que havíamos chegado. Era absurdamente sufocante mentir para Yoongi e Hoseok. Porra, eu nem sabia o que estava fazendo. Naquela manhã, eu tinha acordado nu ao lado de Jungkook; tínhamos transado na noite anterior e agora minha mente estava uma completa bagunça. Aquela situação estava fora do controle e eu sempre odiei quando não podia manter as coisas que estavam sob minhas ordens. Não sentia que era Jungkook a tomar as rédeas, ele parecia tão desgovernado quanto eu.

— Você pode dormir, Lindinho. Quando terminar eu te acordo. — Olhei de relance para os meus amigos, notando como Hoseok estava prestando atenção na nossa interação. Aquilo não era bom, e eu queria fugir. Senti Jungkook colar a boca contra a minha orelha. — Você esta a dois passos do surto? — Balancei a cabeça desesperadamente, em concordância.

— Vamos embora — Jungkook anunciou, jogando as cartas sobre a pilha e segurando no meu pulso para me levantar.

— Vocês podem dormir no quarto que era do Taehyung — disse Yoongi, chamando nossa atenção —, se estão cansados.

— Fiquem até o jantar, eu quero cozinhar hoje — Hoseok disse, e tranquei o maxilar.

— Ok — falei, com um sorriso apertado. Jungkook me lançou um olhar reprovador, mas eu o ignorei. — Eu vou deitar, continue jogando — falei, olhando para Jungkook, puxando minha mão e caminhando pelo corredor que eu conhecia muito bem.

Quando cheguei ao quarto, encarei a cama que eu dormi quando morava com os meus amigos. A dor forte bateu em meu peito. Como eu poderia estar fazendo isso com eles? A ideia de ser deportado parecia muito melhor do que ter que encará-los, ao invés deles descobrirem a verdade. Joguei-me na cama, afundando o rosto no travesseiro. Olhei sobre os ombros quando a porta foi fechada. Jungkook me fitou. Engoli em seco, sentindo o coração disparado quando ele deu um passo em minha direção.

— Vamos embora — ele falou, levantando a sobrancelha.

— Não — respondi, voltando a afundar meu rosto no travesseiro.

— Você quer ir embora — ele insistiu, e senti a movimentação na cama quando ele subiu nela.

— Sim, mas vamos ficar, porque não tenho dado atenção aos meus amigos ultimamente.

Olhei para o lado quando percebi que Jungkook se deitou com o rosto no mesmo travesseiro que o meu. Não consegui desviar os olhos dos seus ao senti-lo colocar uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Seu polegar esfregou meu queixo e eu arfei, me virando de costas para ele. Minhas bochechas arderam e eu coloquei a mão contra o peito, o sentindo acelerado. Mordi o lábio inferior enquanto Jungkook se aproximava, abraçando minha cintura. Fechei os olhos com força antes de me virar, me encolhendo em seus braços. Ah… inferno… Jungkook beijou a minha testa, esfregando as minhas costas. Levantei o queixo, o assistindo fechar os olhos, e apenas ignorei todas as perguntas que brotaram na minha cabeça e me obriguei a dormir como ele.