20. Ainda quer beijar ele?

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Em alguma parte de seu cérebro, provavelmente a parte mais obscura e deprimente, Neji torceu para que ele entrasse por aquela porta.

E se não ficou claro, ele está se referindo a Shikamaru.

Se há uma palavra que descreva de forma objetiva como ele esteve se sentindo nos últimos dias, ela possivelmente — definitivamente — é "miserável."

Estava sendo uma luta arrastada o suficiente para durar mais de uma semana. Era a primeira vez desde o início do semestre que Neji ficava mais de quarenta e oito horas sem falar com Shikamaru, e ele absolutamente se sentia miserável.

Ainda não havia nenhuma mensagem.

Nenhuma ligação.

Nenhuma notificação de marcação em posts idiotas.

Nada.

De alguma forma, onde quer que Neji fosse, havia canções estúpidas e melancólicas de amor tocando. Na cafeteria, no rádio que Naruto usava para se exercitar, no restaurante, na mercearia da esquina e nas lojas que ele passava em frente. Estava tentando ignorar aquelas letras que pareciam ter sido escritas por alguém em estágio crítico de depressão profunda, mas aparentemente era impossível. O caos dos desiludidos estava lhe perseguindo. E Neji nem desiludido era! Era apenas um adulto enfrentando os próprios problemas de uma forma pouco madura. Porque, para dizer o mínimo, ele também não se deu o trabalho de enviar uma mensagem a Shikamaru.

Mas ele escreveu.

Quando chegou à exposição de fotos, seus dedos nervosamente cutucaram a tela do celular. Ele abriu o aplicativo de mensagens e ficou encarando a foto de perfil de Shikamaru. Arrastou os olhos pela imagem durante um tempo provavelmente exagerado, notando que nunca havia prestado atenção nela antes. A foto era um céu. Um céu vibrante, com poucas nuvens e um azul cerúleo brilhoso.

Neji se deu conta de que não o conhecia tão bem assim, afinal.

E isso o deixou ainda mais inquieto.

O que sabia, de fato, sobre Shikamaru?

Que ele era viciado em café.

Que quando estava envergonhado, suas sobrancelhas ficavam incertas e ele coçava a nuca, os lábios comprimidos em uma óbvia insegurança.

Embora não aparentasse, ele era definitivamente inseguro.

Ele odiava pepino com açúcar.

Fumava uma quantidade prejudicial de cigarros por dia, o que é irônico para um estudante de medicina.

Ele… Beija bem? Sim. Definitivamente. Também tinha um cheiro bom. A estranha loção de menta era inebriante. Os feromônios de cacau eram prejudiciais ao juízo de Neji, faziam ele querer cometer loucuras. Faziam ele ter pensamentos bizarros. Faziam ele... Porra.

Faziam ele querer Shikamaru.

Querê-lo por inteiro. Sem rixas, sem desavenças, sem a rivalidade estúpida entre alfas. Sem o sentimento de que havia alguém invadindo o seu território. Neji se sentia tão confortável perto dele, que chegava a ser engraçado.

Tão confortável, que agora tudo parecia errado. Fora do lugar. Desordenado. Neji se sentiu como um animalzinho perdido e isso não era legal. Era desonroso. O fez afundar as unhas na carne de suas palmas, frustrado.

Mas afinal, que culpa tinha? Ele havia perdido o controle da situação há muito tempo. Se acostumou com a presença do alfa ao seu lado, com os toques, os beijos, o cheiro... Droga.

Extremamente Atípico - shikaneji Onde histórias criam vida. Descubra agora