Quando as luzes em neon se acenderam naquela tarde, Neji soube que estaria ferrado pelos próximos milênios. Seus traumas do fundamental ressurgiram em uma única pessoa, e ela estava ali, em seu local de trabalho, unicamente para foder com sua vidinh...
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A semana de provas é como um mal assombroso que lhe persegue até o túmulo.
Neji estava atolado em seu próprio mar de desespero até o pescoço e simplesmente não se recordava mais da sensação de estar na Terra Dos Sonhos.
Ele estava tão preocupado, que passou os últimos cinco dias enfurnado na biblioteca, sobrevivendo a base de ódio e um bocado de determinação.
Nesses momentos ele queria gostar de café.
A mesa redonda era preenchida por livros, alguns abertos e outros fechados. Não estava lá a organização dos sonhos, mas Neji conseguia lidar com aquela leve desordem. Ele estava quase mergulhando de cabeça contra um caderno quando sentiu algo gelado e úmido roçar sua bochecha.
— Vai com calma, passarinho.
Neji estendeu a mão, aceitando no automático a latinha de chá gelado de maçã que tocava seu rosto.
Ergueu o queixo por um instante, apenas para encontrar um par de olhos caídos.
— O que o homem mais despreocupado do campus faz aqui? — Neji perguntou sarcasticamente, retomando sua atenção ao caderno.
— Também tenho dificuldades — Shikamaru balbuciou. E se sentou na cadeira ao lado dele — Se importa?
Neji deu de ombros. Ele fechou o caderno e abriu a latinha de chá. Seu olhar inconscientemente despejou-se sobre Shikamaru, notando que ele estava vestindo uma camisa cinza de manga curta, com um enorme "HEISENBERG" estampado, logo abaixo da figura de um homem de chapéu e óculos.
Que surpresa.
— Não tem, não — Neji afirmou após um gole — O que você quer?
— Que deselegante — Shikamaru o repreendeu com melancolia, deixando escapar um suspiro dramático — Não gosta da minha companhia?
Neji paralisou por um instante.
Ele deu mais um gole na bebida gelada e apertou os olhos, pressionando a borda da latinha contra os lábios.
Ponderou.
Não detestava a companhia de Shikamaru. Ele não era um alfa tão babaca quanto havia presumido, e nem uma presença extremamente desagradável. Ele era meio termo. Nem bom, nem ruim. Estava no centro da linha tênue entre "legal" e "tapado." Era um cara "ok." Após o almoço e a ajuda com química, eles começaram a conversar. Não havia muito a se falar por mensagem, porque Shikamaru era como um idoso intelectual e Neji não era muito diferente. Mas, de vez em quando, eles saiam para estudar. Neji não desgostava da companhia, ele até achava agradável. Em parte, Shikamaru era silencioso e tranquilo, e isso era ótimo — e lhe presenteava com latinhas de chá. Quando ele estava mais insuportável, ele costumava provocar, mas não saía ileso nas provocações, porque Neji gostava de retribuir na mesma moeda.
