— Então...Neji parou.
Arqueou as sobrancelhas.
E então deu um passo para trás, deixando um denso espaço para o intruso passar.
— Como vai, Lee?
Rock Lee passou trêmulo pela porta do apartamento, quase como se estivesse com medo do outro alfa. Ele ajeitou a franja lisa sobre a testa e acariciou os bolsos do casaco marrom que estava vestindo.
— Sinto muito — automaticamente, ele iniciou, levando o polegar aos lábios. Mordeu a unha apreensivo, avançando em direção ao balcão da cozinha — Mas você era a minha única opção. Ou a única acessível, pelo menos.
Neji decidiu fingir não ver ele subir em seu balcão limpíssimo.
— Certo... — ele respondeu após fechar a porta com o pé e sumir em meio ao corredor — Vou colocar uma roupa decente. Explique-se.
Lee acenou, deslizando para fora do balcão, tão rápido quanto subiu. Ele caminhou até o corredor e se sentou com as costas escoradas na porta do banheiro.
No quarto da frente, Neji mal adentrou o cômodo e já começou a subir a barra do suéter. Puxou o tecido pela cabeça, ainda se lembrando da sensação dos dedos de Shikamaru ali. Com um balançar de cabeça, murmurando palavras de reprovação, chutou as calças para o chão e suspirou.
— Eu chamei ele pra sair! — do lado de fora, Lee exclamou, mordendo o interior das bochechas — Mas ele não aceitou.
— Que previsível! — a voz de Neji soou monótona do quarto, e também abafada — Como o desastre aconteceu?
— Tá falando do beijo? — Lee parecia um pouco ofendido, a julgar pelo seu tom de voz — Foi em uma balada. A gente se encontrou por um acaso. Ele tinha bebido, eu também. Aconteceu... E ele é um gato, Neji. O ômega mais gato que eu já vi na vida.
— Tá, e daí?
— Depois do beijo, ele me mandou ir pro inferno.
Um silêncio doentiamente tenso preencheu o apartamento. Neji vestiu uma bermuda de algodão e uma camisa lilás folgada de manga comprida. Ele penteou os cabelos e os amarrou com o elástico que pegou de Shikamaru. Antes de deixar o quarto, jogou as outras roupas no cesto de roupa suja.
— E você veio me procurar? — logo após passar pela porta, ele perguntou, arqueando as sobrancelhas — O que quer que eu faça? Aliás, como você conhece ele? E desde quando você curte os ômegas do meu serviço?
— Primeiro: eu quero que você diga a ele que eu estou disposto a me ajoelhar e pedir perdão. Segundo: eu disse a você que estava de olho nele desde que fui te buscar para irmos juntos à faculdade, há quase um ano. Terceiro: eu só "curto" um ômega da cafeteria, e é ele.
— Vou pegar diabetes — Neji murmurou, fazendo careta — Vou chegar nele e dizer "ei, Gaara. Tudo certo? Meu amigo idiota quer pedir perdão por ter te beijado".
— Ei, me dê um desconto! Ele ficou encarando a minha boca como se também quisesse. Rolou aquele clima, parceiro.
Neji o olhou como se quisesse o chutaria para fora do apartamento.
Ele queria.
Mas ao invés disso, apenas deu de ombros e partiu em direção à cozinha, suspirando com pesar.
— Você deve ficar dez vezes mais tapado quando tá bêbado.
Lee se levantou do chão e o seguiu, resmungando com aquela expressão de cachorrinho abandonado.
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Extremamente Atípico - shikaneji
RomansaQuando as luzes em neon se acenderam naquela tarde, Neji soube que estaria ferrado pelos próximos milênios. Seus traumas do fundamental ressurgiram em uma única pessoa, e ela estava ali, em seu local de trabalho, unicamente para foder com sua vidinh...