21. Passos de bebê.

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Andando para trás.

O velho ditado popular que diz “caranguejo é que anda para trás” é uma meia verdade. Os caranguejos não andam só para trás, eles também são capazes de andar pra frente, só que mais devagar, principalmente quando estão livres de perigo.

Neji estava se sentindo como um caranguejo. E só para constar, descobriu mais sobre eles na biblioteca, há uma semana e meia atrás, quando estava se aprofundando em focas leopardo e Cleópatra.

Infelizmente, ele não era tão frio e mortífero quanto a tal foca. Estava mais para uma tartaruga. Ou uma tartaruga e um caranguejo.

Tartaruguejo.

Andando para trás rapidamente, porém avançando em passos lentos e deprimentes.

Havia dado origem a um novo animal, pelo menos.

Naquela tarde, Neji decidiu que tentaria ser alguém melhor. Tentaria evoluir pelo menos um pouquinho, para remover parcialmente o peso na consciência.

Mentira.

Ele percebeu que estava sem nada de saboroso na despensa além de bolachas de água e sal, então decidiu ir à cafeteria. Honestamente, ir ao ambiente que trabalhava não parecia ser uma proposta muito inovadora, mas ele não pensou muito quando se dirigiu ao estabelecimento de luzes neon, cortinas pesadas e música ruim. Talvez sua mente iludida estivesse pensando que ele, de alguma forma, coincidentemente daria de cara com Shikamaru.

Tudo seria mais fácil se estivesse em uma comédia barata e clichê.

Neji se empoleirou nos fundos da cafeteria, em uma mesinha de três assentos. Ele pediu um smoothie de banana, maçã e canela e um pedaço de torta de chocolate meio amargo. E então colou a lateral da testa na janela. Estava até que sentindo falta daquele lugar. Ou talvez estivesse com saudade de acordar cedo e se ocupar com o trabalho. Em casa, nos aconchegos da cama e do sofá, tudo parecia mais difícil. Ele simplesmente não queria sentir aquilo.

Era como o estágio de "negação" de um luto.

Ao som de "Payphone", deixou que sua depressão transbordasse.

— Neji! — era um conjunto de vozes, e exclamaram em meio à cacofonia. 

Neji desviou o olhar da pequena fenda entre a cortina e a janela. Ele arqueou as sobrancelhas ao ver Temari e Choji ali, caminhando em sua direção.

Seus ombros inevitavelmente tencionaram um pouco. O que eles queriam, afinal?

Tentou transparecer casualidade enquanto acenava.

— O que fazem aqui? — sua voz oscilou um pouco.

Mas Temari pareceu não notar. Na verdade, ela desabou confortavelmente no banco do outro lado da mesa, logo em frente a cadeira de Neji, sem perguntar se estava tudo bem. E encolheu os ombros para a pergunta.

Neji apertou os olhos.

— Choji está com problemas com as mulheres — ela respondeu com um sorriso divertido, apoiando os cotovelos na mesa. Fez vista grossa para o tapinha que Choji deixou em seu ombro — Viemos afogar as mágoas com doce, estilo garotinhas do ensino médio.

Neji olhou para ele.

— Levou um pé na bunda?

— Não é bem assim... — Choji murmurou, sorrindo fracamente. Depois apontou para o banco ao lado de Temari — Você se importa?

Neji fez que não.

— À vontade.

— Ele está a fim de uma garota fútil — de repente, Temari começou a contar. Ela estava debruçada sobre a mesa — E foi totalmente massacrado.

Extremamente Atípico - shikaneji Onde histórias criam vida. Descubra agora