Quando acordou, Neji estava no quarto.
As costas se ergueram num solavanco, embora seus pensamentos estivessem em desordem. Embrulhado por lençóis quentes, com os olhos grudados ao teto e uma mecha de cabelo no olho, pensamentos paranóicos dominaram sua mente turbulenta.
Quando esticou o corpo para tatear o criado-mudo, alcançou o celular ali em cima e checou a caixa de mensagens. Não encontrou nenhuma mensagem de Shikamaru por lá.
Largou o celular entre as cobertas.
Ok.
Talvez ele tenha esfregado a bucha contra o corpo com muita força durante o banho. Ou talvez tenha despejado shampoo demais na cabeça... Escovado os cabelos com uma veia saltando da testa, embora não ousasse passar o pente entre os fios de forma rude. Escovar os dentes também se demonstrou ser uma tarefa complicada, a qual ele choramingou por machucar a gengiva com fio dental.
Que ótimo, Neji.
Não encontrou um elástico no banheiro, por isso enfiou uma caneta entre os cabelos, amarrando as mechas em um coque alto. Enquanto encaixava um brinco minúsculo de argola na orelha, notou que o quarto estava infestado de feromônios.
Seus feromônios.
Pareciam querer engolir o cômodo.
Abriu as janelas. Talvez ele devesse espirrar inseticida.
Ou desodorante — ele pensou enquanto via a fumaça do produto evaporar no ar.
Neji torceu para que Naruto não entrasse em seu quarto quando terminou de forrar a cama. Estava tudo um caos. Seu descontentamento havia sido gravado em cada mínimo espaço do cômodo. Um pouco sufocante, talvez.
Talvez.
Uma grande ironia: o quarto é o reflexo da nossa mente.
Neji soltou um suspiro pesado quando deixou o cômodo. Ele caminhou muito cautelosamente pelo corredor, neurotico, pensando em suas neuras.
Shikamaru podia ter deixado uma mensagem.
Um bilhete.
A droga de uma carta.
Ele podia ter enviado até um SMS, como faziam os incas e astecas.
Mas ele não fez nada.
Ele veio até o apartamento de Neji, deixou seus feromônios espalhados por seu corpo, o olhou como se fosse o devorar a qualquer instante e depois deu no pé.
Deu no pé!
Eles apenas assistiram a um filme — e dormiram abraçados —, enquanto comiam copos de Cup Noodles — e dormiam abraçados —, e acabaram dormindo — abraçados.
Nem rolou nada. Nadinha. Nem uma troca de saliva. Nem um selinho besta, daqueles que crianças costumam dar na avó.
Mas Neji estava se sentindo miserável.
Miserável como alguém que levou um pé na bunda após uma transa incrível.
Devia ter aplicado os bloqueadores em dose dupla, mas ele ao menos fez questão de tomar agulhada na veia naquele dia. Se arrependeu tardiamente, porque uma dorzinha de leve talvez acalmasse seu ódio sobrehumano.
Verdade seja dita: Neji não quis arrancar os feromônios do outro alfa de seu corpo.
Nunca admitiria isso em voz alta.
Quando colocou os pés na cozinha, entretanto, tudo mudou.
Viu o idiota lá, parado, escorado na pia. Ele conversava com Naruto de um jeito esquisito, como se o conhecesse há anos. Eles pareciam se entender; ambos seguravam xícaras de café e acenavam um para o outro.
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Extremamente Atípico - shikaneji
عاطفيةQuando as luzes em neon se acenderam naquela tarde, Neji soube que estaria ferrado pelos próximos milênios. Seus traumas do fundamental ressurgiram em uma única pessoa, e ela estava ali, em seu local de trabalho, unicamente para foder com sua vidinh...