Quando as luzes em neon se acenderam naquela tarde, Neji soube que estaria ferrado pelos próximos milênios. Seus traumas do fundamental ressurgiram em uma única pessoa, e ela estava ali, em seu local de trabalho, unicamente para foder com sua vidinh...
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Shikamaru encarou o artigo escrito à mão.
Letra incrivelmente legível, anotações destacadas com marca textos, folha ilesa de dobraduras nas pontas e nada de manchas de tinta de caneta no papel.
Perfeito.
Ele quase debochou quando Neji lhe entregou o que lhe foi prometido. A folha estava em uma pasta preta e havia um bloco de post-it lilás com mais anotações dentro.
Tudo elaborado com um capricho de outro mundo. Era simplesmente a cara de Neji.
— Entendeu? — Shikamaru perguntou.
Neji fez careta.
Não havia entendido nada.
Absolutamente nada.
Nem uma vírgula sequer.
Estava perdido. Perdido naquele mundo infernal de letras, números e símbolos irritantes que ele provavelmente nunca absorveria. Era simplesmente a coisa mais difícil do mundo. As fórmulas pareciam bater contra sua cabeça para logo em seguida dar a ré, porque nada daquele conteúdo entrava em sua mente.
Fora que ele estava acabado. Literalmente, detonado. Olheiras, cabelo oleoso, semblante de quem já havia desistido da vida e humor ruim. Achou que ter passado no McDonald's e comprado um saquinho de fritas fosse mudar isso, mas a única coisa que ganhou foi uma distração momentânea para lhe entreter enquanto Shikamaru explicava a matéria.
Neji comprimiu os lábios.
— Entendi — ele mentiu descaradamente, enfiando mais uma batata na boca.
Shikamaru apertou os olhos. Ele estava diferente do usual. Usava um óculos pouco atual de armação brega e não juvenil, que devia ficar horrível em qualquer um, mas combinava perfeitamente com ele. Os fios de cabelo se ondulavam em um rabo de cavalo frouxo, com mechas frontais caídas sobre a armação. Neji notou que ele usava alargadores nas orelhas. Mas o pior de tudo, com toda a certeza do mundo era a camisa do Plankton, de Bob Esponja.
— Me explique, então — preguiçosamente, Shikamaru abriu um sorriso de canto ao apontar com o queixo para o caderno.
Neji fechou os olhos.
E respirou fundo.
— Não posso fazer isso — ele admitiu derrota com desgosto, embora tenha erguido confiantemente o queixo — Não entendi nada.
Shikamaru acenou em meio a um bocejo.
Após um instante em silêncio, ele perguntou baixinho:
