Extremamente Atípico - shikaneji

23. Feliz aniversário, Shika!

Feromônios não são uma droga.

Shikamaru Nara pode não ser um completo babaca.

Legumes não são horríveis.

Neji não sabia ao certo qual foi o momento exato em que mudou de opinião sobre tantas coisas, mas ele tinha quase certeza de que Shikamaru havia sido a maior influência sobre isso.

Definitivamente.

A maior — e única! — influência.

Mas embora Neji jamais fosse admitir, ele estava gostando daquelas mudanças.

Namorar Shikamaru Nara comprovou uma teoria criada na cabeça de Neji; chocolate combina com qualquer coisa.

Principalmente com café.

E ele nem gostava tanto assim de café — a bebida.

Porque de Shikamaru, ele gostava muito. Demais. Em níveis paranormais. Ao extremo, do extremo, do mais profundo abismo. Muitíssimo. Pra caralho. Certo, chega. Isso já estava muito óbvio, principalmente em sua mente. Shikamaru, Shikamaru, Shikamaru. O nome parecia martelar diariamente em sua cabeça. Se manter distante por muito tempo era como os lembretes de que haveria prova no dia seguinte; lhe agitava, causava ansiedade e mau humor. Estar perto era como receber a prova e se deparar com uma nota máxima; simplesmente incrível.

Mesmo após quatro meses de namoro, as coisas continuavam iguais. Ou piores, na realidade. No sentido figurado, porque o coração de Neji parecia sempre querer rolar para fora do corpo quando estava perto do alfa.

E isso era horrível.

E bom.

Um paradoxo incrível, na verdade.

Além dos sentimentos, estar em um relacionamento requer esforço e paciência. E também uma mente aberta para alojar anotações importantes sobre o seu parceiro.

Por exemplo, com o passar do tempo de convívio, Neji concluiu quê:

Shikamaru tem algum fetiche esquisito em lhe ajudar com química, mas só quando tudo termina em uma bagunça de feromônios e roupas espalhadas pela casa;

Ele parece durão, mas a senha do celular dele é "Whisky";

Ele tem um talento surreal para dormir em qualquer lugar que escora o corpo;

Ele costuma ignorar todas as pessoas no aplicativo de mensagens, mas colocou um toque personalizado para Neji;

Há uma pasta em seu celular, apenas com fotos aleatórias de Whisky, plantas e Neji de costas, com os cabelos amarrados — ele gostava muito dos ombros do namorado;

Fora que ele colecionava Tupperware em uma gaveta secreta da cozinha — Neji descobriu isso há pouquíssimo tempo, aliás;

Babaca? Não. Nunca. Jamais.

Se em algum momento Neji considerou que ele era um alfa grosseiro, estava totalmente enganado. Shikamaru se mostrou ser alguém extremamente flexível. O relacionamento deles era sólido, e ambos presavam por honestidade e pouca enrolação. Neji estava aprendendo a demonstrar mais do que apenas sorrisos soberbos e Shikamaru parecia bem em esclarecer o quanto gostava dele diariamente. Aquilo era bom. Fazia parte da rotina e transformava as pernas de Neji em gelatina. Ele ainda ficava sem palavras, o que era bem desonroso para um estudante de psicologia. Mas fazer o quê? Shikamaru era o seu fraco.

E também um rival formidável.

Principalmente quando se trata de jogos de baralho.

— Achei que você fosse do shogi — Neji comentou casualmente, os olhos grudados e atentos nas cartas em suas mãos.