Sétimo Capítulo - Despossuído

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O dia amanhece e todos saem de casa para suas tarefas, Athelstan e deixado com a missão de coletar as madeiras cortadas por Ragnar e empenhá-las no interior da casa, ele estava de costas colocando as madeira enfileiradas, porém ao se virar ele vê diversas pessoas estranhas o olhando com curiosidade, são algumas homens e mulheres, eles olham para ele em silêncio, Athelstan se sente constrangido pelos olhares, mas alguns minutos depois Ragnar entrega na casa.

- Que estão olhando?

Pergunta Ragnar, o monge percebe em seu tom de voz um pouco de irritação.

- Seu cristão. Queríamos ver se ele era diferente de nós.

Diz o homem mais velho ainda encarando Athelstan. Ragnar passa entre os demais se colocando à frente do monge.

- Bom, agora que já viram, podem cuidar das suas vidas. Ele é igual a nós, mas é estrangeiro.

Respondeu Ragnar olhando para o monge sorrindo, Athelstan se sente ainda mais envergonhado e apenas olha para o chão esperando que os demais presentes vão embora, Ragnar os manda novamente sair de sua casa os acompanhando até a porta. O viking volta para dentro da casa e diz ao monge que eles irão ir até Kattegat, ele ordena para que Athelstan pegue algumas peles e as enrole e carregue até a cidade, o monge se apressa para cumprir a ordem, ao mostrar que a tarefa foi concluída Ragnar se aproxima do monge colocando novamente ao redor de seu pescoço a corda que antes o monge fora amarrado a seus companheiros de mosteiro, e os dois caminham até a cidade saindo do vilarejo. Ao chegar a na entrada oeste da cidade Athelstan vê dois de seus antigos companheiros mortos pendurados pelos braços, o que causa no monge uma sensação de pesar pela vida tiradas de seus pobres companheiros. Sem que Athelstan perceba Ragnar está olhando para ele com o mesmo olhar, ele consegue ver a tristeza do homem a seu lado, e sente uma pontada de culpa pela situação pois ele sabe que ele é responsável por essas vidas que foram tiradas. Ele decide não deixar mais o monge ver seus amigos mortos e o puxa pela corda para que continuem caminhando, juntos os viking e o monge chegam a casa comunal e se colocam diante do conde de Kattegat. Ragnar imediatamente coloca o monge de joelhos ao seu lado ainda o segurando pela corda em seu pescoço.

- Ragnar Lothbrok.

Diz o conde vendo o viking diante dele com seu monge.

- Meu senhor!

- O que está achando do seu novo escravo?

Pergunta o conde a Ragnar. Que imediatamente responde sorrindo para ele.

- Eu o acho muito útil, e o senhor também verá.

- Então o que você quer?

- Quero navegar novamente para o oeste. Conversei bastante com meu escravo cristão. E ele não é nem um pouco idiota como e o deus dele.

Ragnar fala dando um leve tapa na cabeça de Athelstan.

- Ele já viajou bastante, e me disse que há muitos países no oeste. Ele também falou sobre a Inglaterra, sobre seus reis e seus costumes.

- E o que nós temos haver com os costumes deles?

- Ele me falou de uma grande cidade, perto do templo que saqueamos antes. E nessa cidade, há outros templos com certeza e muito mais riquezas para o senhor.

Athelstan olha para Ragnar sem acreditar no estava presenciado, ele se sentiu enganado e tolo por ter contado todas essas coisas para o viking, naquele momento ele entendeu o motivo de Ragnar tê-lo embebedado, ele queria colher mais informações sobre seu país.

- Não! Eu estava mentindo! Não há nada lá!

Diz Athelstan desesperado ao conde. Ragnar ri do monge e continua olhando para o conde com um grande sorriso.

- O senhor viu? Essa cidade deve valer a pena. Devolva nosso barco. E nos deixe ir até lá. O que o senhor tem a perder? Qualquer saque que trouxermos será seu e poderá fazer o que quiser.

- Eu mesmo posso ir até lá.

- Sim é claro, que pode meu senhor, mas por que arriscar? Por que não deixar isso com alguém com mais experiência nessa viagem, e que seja mais dispensável.

O conde pondera por alguns minutos contando as moedas de ouro e prata sobre sua mesa, Athelstan está apreensivo e se sente culpado por ter sido enganado por Ragnar, ele se deixou confundir pelo viking que abusou de sua inocência.

- Muito bem. Eu autorizo que viaje novamente para oeste. Más com uma condição. Um guerreiro em quem confio vai com você. Knut.

O conde chama o homem que estava atrás dele de prontidão.

- Você vai com ele me representando.

- Acredite senhor, eu vou cuidar muito bem de seus interesses.

Disse Knut olhando para Ragnar de forma desafiadora e desconfiada.

- Ó Senhor, perdoe-me pelo que fiz.

Fala Athelstan rezando.

- Não se arrependerá.

Ragnar fala ao conde se curvando um pouco e reverência ao homem, ele se curva e puxa Athelstan para que ele fique em pé o puxando pela corda e os dois saem da sala do conde.

- Ele encontrou uma nova maneira de navegar.

Conde fala olhando para sua esposa e para Knut.

- Descubra como.

Athelstan e Ragnar caminham novamente por Kattegat a noite chega e os dois voltam novamente pelo caminho que fizeram até a entrada oeste, ao passar novamente pelo local onde seus companheiros de mosteiro estão pendurados mortos, Athelstan para abruptamente, fazendo com que Ragnar olhe para ele, o viking puxa a corda amarrada ao pescoço do monge que se recusa novamente a se mover, com isso Athelstan se ajoelha ao chão. Ragnar olha para o monge e fica irritado, ele rapidamente pega a faca que guarda em sua bota e caminha rapidamente até o monge, ele segura em seu queixo fazendo com que o monge olhe para ele, com a faca na mão Ragnar aproxima do pescoço do monge e corta a corda que estava ao redor do pescoço de Athelstan, o monge pensou que Ragnar fosse matá-lo, e no fundo de seus pensamentos ele desejava que o viking assim fizesse, mas se surpreendeu com a atitude de Ragnar.

- Fuja se quiser.

Disse Ragnar indo até as costas de Athelstan e pegando as peles que o monge carregava consigo, ele começa a se afastar seguindo a estrada deixando o monge ainda ajoelhado para trás, Athelstan olha a seu redor até que encara novamente seus antigos companheiros mortos, ele pensa por um momento que se fugisse ele provavelmente não duraria muito e acabaria como eles. Com ele se levanta e corre até Ragnar provocando no viking um sorriso satisfeito e certa felicidade.

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