Segundo Capítulo - Athelstan

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Eu coro na direção do tempo abro as portas e as fecho rapidamente, eu estou com tanto medo e minhas pernas trem, sinto que meu coração batendo forte no meu peito, coro até o altar pego o livro que para mim e o mais precioso e me escondo atrás do altar, e rezo para não ser encontrado.

Algum tempo depois eu escuto as portas do tempo sendo abertas devagar, escuto os passos de que acredito ser três homens, tento me acalmar para não fazer nenhum barulho. Escuto a voz do primeiro deles.

- Eu não entendo. Por que deixam tantos tesouros desprotegidos? Há algum feitiço, alguma magia que os protege?

Diz o primeiro homem de voz mais aguda.

- Parece que não.

Diz o segundo homem de voz mais grave, eles riem juntos.

- Talvez achem que o deus deles os protegem.

Diz o terceiro homem que tem a voz firme e parece ser o líder.

- Se esse for o deus deles, então ele está morto. Ele está pregado a uma cruz.

Escuto o homem de voz grave falar novamente. Falando sobre o crucifixo na parede do templo.

- Ele não pode proteger ninguém. Ele não está vivo como Odin, Thor ou Freyr.

Diz o homem de voz aguda novamente.

- Para que ele serve então?

Eu sinto um arrepio por todo o meu corpo, meu coração está tão acelerado que escuto meus batimentos como se estivesse dentro da minha cabeça. Involuntariamente meu corpo se move fazendo com que o assoalho abaixo de mim faça barulho. Com isso os três homens ficam em silencio e sinto que meu fim se aproxima.

De surpresa sinto uma mão forte puxar minha túnica, fazendo com que rapidamente eu ficasse de pé eu tento me debater mais sem sucesso, o homem que me segura e muito forte para que eu consiga me libertar, ele me joga novamente no chão e mesmo assustado olho para ele.

Rapidamente o encaro, seus olhos são azuis como a água do mar após uma tempestade, desesperado peço que ele não me mate, falando em sua língua. Consigo notar na expressão dele uma mistura confusão e surpresa, ele não esperava que eu falasse sua língua.

- Você fala nossa língua?

Ele olha para seus companheiros, rapidamente ele puxa uma faca e a coloca no meu pescoço, eu sinto a lâmina fria na minha pele.

- Como fala nossa língua?

Ele pergunta novamente, mas dessa vez ainda mais ameaçador.

- Eu já viajei. Somos ordenados a viajar para passar a palavra de Deus. Por favor, não me mate.

Respondo rapidamente, implorando mais uma vez pela minha vida.

- O que tem na sua mão?

Pergunta ele.

- Um livro. O evangelho segundo João, eu queria salvá-lo.

Ele se aproxima de mim e puxa o livro da minha mão, ele está próximo o suficiente para que eu note que suas mão são fortes e com algumas cicatrizes, meus dedos pela proximidade tocam sua calça na altura do joelho. Ele abre o livro rapidamente folheando algumas páginas, ele parece procurar algo, noto novamente um olhar confuso em seu rosto. Ele balança o livro ainda a procura de algo, ele o fecha e olha pra mim.

- De todos os tesouros que vejo nesse lugar, você escolhe salvar isso?

- Sim.

- Hum, por quê?

Pergunta ele. Eu tento pensar rapidamente em como responder essa pergunta, mas não tenho tempo suficiente para dizer nada pois ele novamente puxa minha túnica fazendo com que eu fique em pé, sento minhas costas batendo no altar do templo, ele segura minha túnica apertando o tecido próximo do meu pescoço e aproxima seu rosto, há essa distancia eu consigo ver que sua barba e clara, e ele tem marcações na orelha que foram feitas com sangue.

- Por quê?

Pergunta ele novamente.

- Porque sem a palavra de Deus, há apenas trevas.

Respondo me controlando para não gaguejar. Vejo agora em seus olhos agora uma certa curiosidade. Por fim ele se afaste e me entrega novamente o livro. Ele se vira. Após outro homem entrar no templo ele anda até um dos candelabros de ouro o tocando.

- Este lugar é deveras estranho. Estivemos por toda parte e não achamos nenhuma mulher. Só esses homens estranhos.

- Creio que sejam os seguidores de seu deus.

Diz o homem de olhos azuis se virando para o homem que entrou no tempo.

- Peguem o que quiser. Foi pra isso que viemos.

- Por que não matou esses aí?

O homem de cabelos longo se aproxima, não consigo ver ele direito pois o estranho homem de olhos azuis está na minha frente, de costas vejo que ele e maior que eu e tem ombros largos.

- Ele vale mais vivo, para ser vendido como escravo.

Diz ele para o homem de cabelos longos.

- Eu vou mata-lo. Não tem espaço no barco.

Responde ele vindo na minha direção. Eu falho os olhos e começo e rezar baixo implorando a Deus por sua proteção.

- Eu proíbo.

Diz o homem a minha frente.

- Como pode proibir, irmãozinho? Somos todos iguais. E digo que ele deve morrer.

O homem de olhos azuis entra na frente do outo o impedindo de chegar até mim, os dois homens se encaram dessa vez posso sentir a tensão no ar, eles são irmão o de cabelos longos parece ser o mais velho e parece não ter ficado feliz em ouvir uma ordem do irmão mais novo.

- Isso é tão importante assim para você, irmão?

Pergunta ele. Só o que consigo fazer e olhar para eles apreensivo, em quanto eles decidem se vão ou não me matar. Após alguns segundos que para mim foram anos, o mais velho se afasta, mas em seu olhar posso ver que ele não está feliz com o resultado do impasse. Com raiva ele se vira que quebra com diversos golpes de seu machado o crucifixo preso a parede que se parte em vários pedaços.

Ele vem na minha direção e diz.

- Isso é o que achamos do seu deus.

Ele se vira e sai sorrido do templo.

Eles amarram minhas mãos e fazem com que eu ande junto aos outros monges também amarrados para fora do mosteiro até a praia, eles levam consigo, os itens sagrados do templo.

- Tanto ouro. Olhe!

Escuto alguém falando e me viro para olhar para traz e vejo que colocaram fogo no mosteiro.

- Continuem andando.

Grita um dos forasteiros. 

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