Capítulo 4

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Após do que eu acho que foram uns 30 minutos na mesma posição, acredito que já era possível tenta falar com ele.

Ashanti: Eu.. - Tento me afastar e ele me aperta ainda mais - Ok - Digo desistindo de me separar.

Eu ainda tava meio em choque e confusa com tudo que estava acontecendo, além de ter um desconhecido me abraçando, a cena que presenciei, a vaga, tudo, com certeza esse é o dia mais maluco da minha vida.

Depois de mais uns 20 minutos, tenta me afastar novamente e quando ele vai me puxar novamente intervenho.

Ashanti: Livinho, sério, a gente precisa sair dessa posição, vamos ficar com dor - Tempo pensar em uma desculpa pra desfazer o aperto, tava doendo pra caramba já, ia ficar marcado certeza.

Oliver: Não - Diz simplesmente, a voz parecia estar mais controlada.

Ashanti: Vamos fazer assim, você vai tomar um banho de novo e eu posso ligar pra alguém que você queira que esteja perto, pode ser? - Ele deve estar com algum questão muito séria, carente ou cansado, sei lá, mas abraçar uma desconhecida não é um ato digamos muito "normal".

Oliver: Já falei que NÃO - Diz aumentando a voz no não.

Meio receosa puxo o rosto dele pra cima, ainda está meio suado, mas já não treme mais, tempo passar segurança através do olhar.

Ashanti: Vai tomar um banho, quando sair vou estar aqui, não vou pra lugar algum, ainda estou no meu horário de trabalho rs - Digo a frase final pra tentar quebrar um pouco o que disse antes, parecia a conversa de um casal de anos.

Ele apenas me olha, levanta em silêncio me puxando pela mão devagar e indo em direção ao quarto, ele vai em direção a cama, me segura pelos ombros me colocando sentada na cama e sai indo em direção ao banheiro, mas antes para no caminho, vira as costas e me olha de novo, aquele olhar, após alguns minutos, ele se vira e segue pro banheiro.

Solto a respiração que eu nem sabia que estava prendendo, que loucura, sério, dona Rute, manda as suas benções e proteções aí de cima que aqui ta brabo.

Espero alguns minutos e tenho a ideia de ligar pra Débora, ela conhece ele, deve saber o que fazer.

Ligo pra ela, chama chama e cai na caixa postal, tento de novo e no terceiro toque ela atende, me levanto da cama e vou para um cantinho perto da janela para que ele não me ouça, não sei se ainda está sob o efeito.

Ashanti: Oi, Débora, tudo bem?

Débora: Oii, tudo Asha e com vcs? - Como estão as coisas por aí, muita correria? - Olha, eu sei que o Oliver não é uma pessoa muito fácil, mas ele é muito sozinho, fechado, tem dificuldade de se relacionar com a família e as pessoas, entã-

Ashanti: Déb, desculpa interromper mas é que aconteceu uma coisa - Enrolo um pouco pensando em como explicar a situação pra ela - O Livinho el-

Sou interrompida com um puxão, meu chefe está atrás de mim, com a cara irritada (como sempre), a toalha amarrada na cintura, cabelos molhados e o agora o meu celular na mão. Ele desliga a ligação, joga o meu celular na cama e vai até o closet.

Dou uma leve corridinha lembrando que o pó ainda está lá e também para perguntar o motivo da falta de educação de tirar o meu celular das minhas mãos. Quando chego lá ele está procurando uma camiseta, tento disfarçadamente ir até o móvel e retiro a substância com um lenço que estava perto da gaveta.

Ashanti: Eu não entendi o motivo de ter desligado a ligação, eu estava fal- já nem tô fazendo questão de terminar uma frase mais.

Oliver: Sei porque ligou pra ela e não precisa, tô de boas - Diz ainda virado procurando uma roupa.

Ashanti: Olha, eu sei que não deveria me introme-

Oliver: Já ta se intrometendo - Diz com a voz grossa.

Ashanti: Seguindo - Ignoro a patada - Sei que sou apenas a sua funcionária e me desculpa falar, mas o que aconteceu aqui agora não foi algo "de boas", não vou te julgar ou perguntar seus motivos, mas queria trazer alguém que você se sinta mais confortável e possa te ajudar mais.

Oliver: Não precisa.

Ashanti: Ma-

Ele apenas me olha e entendo.

Ashanti: Ok.

Oliver: Vou cair na cama um pouco, mas tarde nois cola em Búzios - Diz e vai em direção a cama - Senta aqui, faz favor - Bate na ponta da cama ao lado de onde ele deitou.

Ashanti: Tenho que terminar as pla-

Oliver: Termina daqui - Me dá aquele olhar, estralando o pescoço.

Ashanti: Não quero atrapalhar seu sono - Mais uma desculpa.

Oliver: Não vai.

Ashanti: Vou sentar na poltrona - Tento de novo.

Oliver: Aqui.

Ashanti: Ok - Ainda estava meio receosa de me aproximar dele, mas não encontrei desculpas pra não ir e ele é meu chefe né, meio assim, mas meu chefe.

Fui em direção a cama e sentei o mais distante possível, peguei o notebook e comecei organizar as planilhas novamente, olho pro lado e ele está com o olhar parado no travesseiro atrás de mim, os olhos cansados e tristes, não sei.

Me concentro nas planilhas e fica alguns minutos assim, quando sinto a mão dele passar pela minha coxa e apertar forte, me virei pronta pra gritar com ele, ajudava e tals, mas ele não tinha essa liberdade, estava ultrapassando os limites.

Ashanti: O QUE VOC- Ele estava dormindo, fundo, tanto que o ronco começa logo em seguida.

Não estava certa se ele estava fingindo pra se aproveitar de mim, mas a insegurança me bate como sempre e vem o pensamento.

Por que ele iria se aproveitar de alguém como você?

Suspiro com o pensamento e tento me afastar e levantar da cama, mas o aperto de intensifica e ele puxa a minha perna pra perto.

Ok, ok.

Aluguel, água, internet, luz...

Vou com todo o cuidado do mundo novamente tentar tirar a minha perna do abraço que ele fez, mas não consigo, ele ta apertando forte, que cacete, não é possível cara, nem com ele dormindo eu consigo ficar em paz, estranho ele conseguir fazer essa força mesmo dormindo e resolvo o chamar, achando novamente que o mesmo estava fingindo estar dormindo.

Ashanti: Livinho, Livinho - Sacudo um pouco ele, mas nada, parece um boneco, com uma caixa de som na guela, ele deve tomar várias multas com esse ronco.

Desisto e decido ligar pra Débora de novo, me estico um pouco na cama e sinto minha cintura dor, tinha esquecido dos apertos, levanto um pouco a camisa e está um pouquinho roxeado, depois passo uma pomada, é bom que nesse contrato tenha adicional de periculosidade.

Alcanço meu celular e vejo que tinham 5 ligações perdidas da Débora e uma mensagem.

Asha,

Primeiro quero te pedir desculpas por permitir que você iniciasse o trabalho sem antes te dar mais explicações, o Oliver é uma pessoa com um coração lindo, mas muito difícil de lidar. Eu sei que pode parecer irônico mais eu sinto uma energia muito forte em você, de afeto, leveza e bem, sei que nós conhecemos apenas a um dia, mas geralmente não me engano com as pessoas. Não teria pessoa melhor para o cargo, confio em você e estamos aqui para ajudar. Vou ter que ir pro Rio agora e ficarei OFF pelas próximas 10hrs, qualquer emergência liga pro Léo (xxxx - xxxx), ele é irmão do Oliver, eles não se dão muito bem, mas é um dos poucos que conseguem "segurar" ele.

Se cuidem, Débora.

Deus.

Quase solto um grito quando ele puxa mais um pouco a minha coxa e minha cintura, abraçando a mesma forte e deitando a cabeça, iniciando a sinfonia de tratores novamente.

Aluguel, internet, luz...

Preciso de mimOnde histórias criam vida. Descubra agora