Se não quiseres que se saiba.....não o faças!

13 3 0
                                    


Eles acabaram por escolher uma mesa num canto do pub pouco iluminado. Tal como um ratinho Elsa estava toda encolhida no seu canto. Alexandre por outro lado estava cheio de vida, parecia que tinha ganho o seu dia. Difícil de compreender estes dois...

O garçon recolheu rapidamente os seus pedidos, uma cerveja para ele e nada para ela.

Alexandre passou os próximos minutos a olhar para Elsa, sem dizer nada. Parecia que ele queria absorver cada detalhe do seu rosto. 

- Linda, és simplesmente linda. - Sussurrou. Não sei se foi para que ela o ouvisse ou simplesmente deixou fugir essa consideração sem nenhuma intenção especial. Eu só sabia que ele olhava para ela embevecido, como um tolo apaixonado.

- Porque me deixaste?- Alexandre lançou.

- Mas eu não te deixei! Foste tu que quisestes acabar a nossa relação! - O espanto desenhou-se na cara dela.

- Foi só mais uma das nossas discussões...nunca tive a intenção de acabar.- Afirmou como se tal afirmação fosse obvia. -Se estou bem lembrado o que disse é que queria um tempo.

- Eu não me lembro das palavras exatas, mas para mim pareceu que estavas a acabar tudo comigo. E se fosse para voltar porque é que ao fim de duas semanas ainda não me tinhas dito nada. Para mim, a tua mensagem não podia ter sido mais clara.- A dor dessa lembrança era bem evidente e vi algumas lágrimas começarem a correr pela sua face.

- És mesmo esquecida...eu tive aquela viagem de negócios  a Hong Kong, lembraste, aquela em que íamos implementar um novo sistema de segurança. Falei-te nisso tantas vezes...- Ele passou uma mão pelo cabelo exasperado.- Eu aprendi a viver com os teus esquecimentos constantes, e eles já não me incomodavam mas acho que esse ditou o fim da nossa relação. 

Estava estupefata, sabia que alguma coisa estava a acontecer entre estes dois mas nunca poderia adivinhar que eles tinham sido um casal. O meu poder só meu dava para vislumbrar o futuro nunca saber o que o que se tinha passado lá trás no tempo. Teria sido tão mais fácil, em tantas ocasiões conhecer as histórias antes mesmo de as tentar alterar.

Neste caso, percebi melhor o que aconteceu no casamento. E algo me dizia que as coisas eram um pouco mais complicadas do que pareciam a primeira vista.

- Mas explica-me como foste capaz de começar a sair tão depressa com outro homem, ainda por cima com o ex. da minha irmã e engravidar dele. - Alexandre continuou.- É só isso que eu quero saber ...

-Não sei, aconteceu...Estava tão desanimada depois que acabamos que um dia decidi sair com as minhas amigas e conheci-o num bar. Eu não sabia quem ele era. Podes não acreditar mas só soube quem ele era quando me disseste no casamento. 

- O que não consigo perceber é como engravidaste tão rápido. Deves ter ido para a cama com ele logo no primeiro dia. - Não era propriamente uma pergunta, mas a ele estava a pedir-lhe um esclarecimento que eu esperava que ela lhe desse, a sua resposta era fundamental para o desenrolar da minha missão.

Ela ficou vermelha, não sei se de vergonha ou de constrangimento, mas nada disse. E então ele continuou.

- Mas a Elsa que eu conheço seria incapaz de se deitar com alguém logo no primeiro encontro. A minha menina é recatada, envergonhada e nada dada a paixões desenfreadas. Por isso não consigo compreender. - Desta vez ele a fixou com o olhar e ela pareceu encolher-se ainda mais, até que num ato de coragem, que deve ter requerido dela todas as suas forças interiores, a ouvi dizer.

-Não tens nada a ver com isso.

-Aí é que te enganas meu bem. Porque tenho quase a certeza que este filho é meu. 

-Não é ! - quase gritou Elsa. - Esse bebê é meu, e só meu.

-Eu sei que é teu, mas sou capaz de apostar que esse ser que levas na barriga não é do João. E se ele for meu, eu quero assumi-lo. Aprecio enormemente o João mas não o vou deixar criar o meu filho. E te digo mais o lugar dele é com a minha irmã. Ou não reparaste como eles olhavam um para o outro no casamento. Da mesma forma que nós devemos estar juntos. Eu ainda te amo e quero-te de volta.

Elsa começou a chorar sem emitir qualquer som. Alexandre olhava para ela esperando uma qualquer resposta que ela nunca lhe deu, porque ela acabou por se levantar e ir embora.

Alexandre deixou-a ir, ele devia a conhecer o suficiente para saber que não a podia pressionar mais. Menino sensato esse, o par perfeito para a nossa ninfa. Ele deixou-se ficar ali desanimado, como se sua alma tivesse dilacerada. Vi-o debater durante o que me pareceram horas até que ele finalmente tomou uma decisão. Não fazia idéia do que ele ia fazer até que o vi pegar no seu telemóvel.

- Mana , olá. Preciso falar contigo é urgente...sim....podes me encontrar na minha casa daqui a 20 m....ok, está combinado, até já.

Vi-o levantar-se e pagar para depois se dirigir para  a porta em direção do seu maior erro. Ele não podia contar nada a irmã dele, se o fizesse ele estaria simplesmente a passar um fardo que ela não deveria suportar. Este era o tipo de situação em que se esta preso por ter e preso por não ter. Se ela contasse ao João o que se estava a passar ele nunca lhe iria perdoar, porque iria partir-lhe o coração e se não contasse e ele viesse a saber a confiança entre eles seria para sempre quebrada. O melhor mesmo era o Alexandre não contar nada a irmã. Ele devia resolver essa situação sozinho! 

Mas como é que eu poderia parar esse trem em movimento. Apagar os últimos momentos seria uma solução, mas infelizmente não podia ser. A informação que ele tinha era a que eu precisava para resolver este caso. Olhei para o meu relógio e vi que estava em cima da hora para o meu encontro. Mas trabalho é trabalho e lazer era lazer, e a vida desses dois casais era bem mais importante do que uma noite de amor intenso com a minha barrinha de chocolate. De qualquer forma o que eu tinha que fazer não devia demorar mais do que uma horinha.

Pelo menos assim esperava...





1, 2,3... Lá vou eu outra vezOnde histórias criam vida. Descubra agora