Quero cavar um buraco!!

71 4 0
                                    

Quando devagar me ajoelhei e levantei os olhos do par de sapatos que se encontravam a minha frente, para as calças...para a virilha, super bem abastecida ...a sensação de " déjà vu" tomou conta de mim e quando finalmente pude ver a cara dele tão interrogativa como tinha estado da primeira vez...perdi-me...não sei porquê mas desatei numa gargalhada infidável que me levou até as lágrimas perante uma plateia estarrecida  que não percebia nada do que estava a acontecer.

Realmente só podia ser uma brincadeira de muito mau gosto...se eu não soubesse melhor diria que era o meu querido chefinho querendo se vingar.

 Quando finalmente me controlei vi-o que me fitava com evidente  reconhecimento e ligeiramente incomodado...  Olhei-o directamente nos olhos decidida a obter dele as respostas que me devia a mais de um mês. Vi-o semi-cerrar os olhos e com uma voz gélida perguntar 

-Mes demoiselles, même sachant que votre retard n'ait pas excusable pouvez-vous l'expliquer ?  (Minhas meninas, mesmo sabendo que o vosso atraso não é desculpável podem explica-lo?)Tive que ligar o meu tradutor automático ..o meu francês embora tivesse melhorado não estava assim tão bom..

Quando o vi de novo pedir-me explicações, da mesma forma como o tinha feito no café, um click se deu...O meu chocolate tinha reaparecido e estava tão arredio como no nosso primeiro encontro.... Não sei porquê mas algo dentro de mim exultava com essa descoberta. 

A partir daí estava pronta para enfrentar qualquer situação. Claro que ele teria que me explicar o que tinha acontecido, e não o perdoaria facilmente...mas ele tinha voltado a minha vida... cantava o meu coração feliz😁 ...talvez fosse com ele que eu iria encontrar o amor...

-Acha mesmo que eu lhe devo explicações acerca do meu atraso?- Respondi impertinente. A Liliana que tinha congelado com a pergunta olhou para mim como se eu tivesse uma dupla cabeça ou algo parecido.

O meu chocolate olhava para mim como se quizesse me matar. - Claro que  sim! O que é que lhes dá o direito de chegar atrasadas a uma aula minha? 

- Regras de boa conduta evidentemente! - Afirmei perante a sua atitude fria e posso dizer um pouco desmotivadora.- Ou julga o Sr. que eu devo respeitar quem se faz esperar?

-Nas actuais circunstancias ...sim - Disse sem desviar os seus olhos de mim.

-Porquê? 

-Porque aparentemente sou seu professor!

-Em vez de jogar a seu favor, joga contra si.- Vi-o levantar uma sobrancelha de uma forma inquisidora - Como meu professor deveria ser também o meu modelo, a pessoa a seguir  e infelizmente não me consigo rever em algumas das suas actuações! - Ele cerrou as mandibulas  e os punhos com tanta força que pensei que ia me bater ali mesmo. Sabia que ele não me podia responder como gostaria, e isso o estava a deixar obviamente furioso. A plateia que nos observava estarecida não o permitia, para eles estavamos a ter uma conversa de loucos porque eles nada percebiam.   

Precisava pensar e rápido ...a situação estava pretes a se descontrolar.... sentia que o tinha levado até o seu limite... e aí ...ocorreu-me ...afinal era uma fada...

Parei o tempo ...agora tinha-o de sobra para pensar, e lá comecei com a minha analise.

Se a conversa continuasse, ia acabar mal... disso não tinha duvidas. Então o melhor seria acabar com ela. Mas como?  Perdi algum tempo tentando encontrar uma solução. Aproveitei para o observar e continuava tão belo como me lembrava dele. Adorava a sua cor de chocolate, fazia-me ter uma vontade louca de lhe dar uma trinca e deliciar-me com a sua doçura...enfim...achava que ele iria ser tudo de bom. 

Já sei ! Durante o meu devaneio a solução veio até mim, fadinha malandrinha que eu era!

E deixei o tempo correr livremente outra vez. E no mesmo instante o alarme de incendio disparou e os difusores de água começaram a rodar por cima das nossas cabeças molhando sem piedade os que ali se encontravam. Adivinharam, foi euzinha que fiz isso.

Vi todos os meus colegas correrem para uma saida, a Liliana nem esperou por mim, quando dei conta ela já se escapulia pela porta lateral.  

Nesse momento senti uma mão que agarrava o meu braço e que me puxava, voltei-me e encarrei-o.

-Vamos para o meu escritorio. -Pediu rudemente

Sem hesitar segui-o.

Sabia que iria enfrentar mais uma batalha mas pelo menos essa seria privada.

Saimos do auditorio e seguimos em direção a um corredor onde eu nunca tinha estado antes, quando sensivelmente a meio ele parou frente de uma porta, não precisei de ler o nome que estava na porta para saber que seria o escritorio dele.

Mal entramos ele largou o meu braço e começou a andar de um lado para o outro na peça que eu aproveitei para observar. Despida...foi a conclusão rapida a qual cheguei. Uma secretaria na qual podia ver alguns papeis milimétricamente arrumados, três cadeiras, um estante com com livros e mais nada. Nem uma foto, nenhum diploma ...nada...estranho...tinha notado que os humanos por mais desprendiddos que fossem tinham sempre algum objecto pessoal nos locais que ocupavam de forma reiterada.

De repente o objecto dos meus pensamentos parou tirando-me da minha divagação acerca das posseções terrestres e olhou-me nos olhos tão profundamente que tive a impressão de que ele iria chegar a minha alma.

E sem mais agarrou-me, abraçando-me e sem qualquer pré-aviso beijou-me.

UAUUUuuuu!!

Senti as minhas asinhas a quererem sair e estender-se de tão maravilhosa esse beijo me fez sentir. Puro prazer...

Pena que só durou um instante, o que  eu queria mesmo era que tivesse durado eternamente. Senti-o que me afastava do seu corpo, um corpo no qual eu me tinha sentido acolhida e super bem recebida. E quando levantei os olhos para encará-lo recuperada da minha própria estufação face a intensidade daquilo que tinha sentido pude ver essa mesma vontade refletida nos seus olhos mas não vislumbrei grande surpresa. 

- Delicioso.- Ronronei

-Eu sabia que seria desde o momento em que te vi.-Um sorriso se desenhou na sua face já menos crispada.

-Como podias ter tanta certeza!- Perguntei, não é que não tivesse pressentido que fariamos um bom par, teria ele  tido a mesma sensação?Pensando nisso não importava nada.

-Apenas sabia!

-Ok e agora que fazemos com isso.

-Nada!!- Afirmou perentoriamente 






1, 2,3... Lá vou eu outra vezOnde histórias criam vida. Descubra agora