E agora o que faço!!

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-Nada ? - Estava completamente perdida e confusa. Primeiro beija-me, e não foi um beijo qualquer, foi o melhor beijo que eu tive na minha vida.

-Sim...Nada. Vamos deixar as coisas como estão.- O semblante dele era sério, isento de qualquer emoção, raramente tinha visto frieza tão grande emanando de uma pessoa, como que se ele tivesse desligado o botão das suas emoções depois do beijo mais quente do mundo. Como é que alguém podia passar de um extremo ao outro assim...era impossivel...

- Deixar as coisas assim.... que queres dizer? Porque não queres fazer nada a esse respeito? Já quizestes... querias sair comigo...e ainda agora me beijaste, deve ter significado alguma coisa para ti.- Parei e toda a magoa e revolta que eu tinha sentido pelo encontro falhado voltou de uma única vez, e furiosa interroguei-o - Isso me faz lembrar que ainda me deves uma explicação para não teres aparecido! Ou será que não mereço ao menos uma explicação?

- Mereces,  e peço desculpa pelo beijo, este nunca devia ter acontecido, mas não consegui me segurar, e prometo-te que nunca mais vai acontecer...Tu és minha aluna e tenho uma politica muito rigida a esse respeito. Não me envolvo nunca com as minhas alunas. -Parou, e notei uma ligeira mudança, o seu rosto pareceu suavizar ligeiramente.- Em relação ao que aconteceu no dia do nosso encontro, quero te pedir desculpa mas não houve meio de te avisar que não podia ir. Tive uma emergência familiar que me obrigou a sair de Paris e até mesmo suspender as minhas aulas durante este mês todo. Isso ensinou-me a não ser impulsivo...quem me mandou  marcar um encontro sem anotar pelo menos o nome da rapariga e o seu contacto.

-Aprendemos os dois ...queria te dizer umas boas verdades depois de me deixares na mão mas nem o teu nome sabia acabei praguejando para o ar, dando-te um nome qualquer...- Nunca lhe ia dizer que alcunha dele na minha cabeça "minha barra de chocolate"- E se quizesses realmente podias me ter avisado. Deixavas um recado no café por exemplo, mas esquece, não vou dar importância a aquilo que não tem nenhuma. E voltando ao nosso tema ...Para sair contigo teria então que deixar de ser tua aluna, é isso?- Disse impulsivamente, na minha cabeça no momento tudo se misturava, não sabia o que realmente  sentia.

- Serias mesmo capaz de  abrir mão da tua educação em prol de uma relação que pode durar dois dias? Nem pensar! Se fores esse tipo de rapariga...esquece... apesar de a minha primeira impressaão a teu respeito não ter sido das melhores decidi te dar o beneficio da dúvida mas não tens mesmo nada nessa tua cabecinha linda. És como todas as outras alunas desta universidade ...bonitas mas ocas, sem interesse nenhum.- O desprezo na sua voz era patente mas também pude ouvir o desapontamento na sua voz, como se ele tivesse um dia tido alguma expectativa a meu respeito e agora se encontrava para sempre perdida.

Mas não tinha feito a pergunta porque queria deixar de estudar, era apenas para saber até onde ele ia com  essa historia de não sair com uma aluna. Não lhe podia dizer que só estudava essa matéria para saber o que é que os humanos pensavam das fadas, que estudar era somente um capricho, um passatempo e não tinha uma verdadeira importância na minha vida....mesmo que da forma como ele tinha falado, ele até tinha razão. Talvez tivesse dado a impressão que estava disposta a abdicar da minha vida por causa de um homem, essa não era a realidade e ele tinha me julgado mal, o que eu não estava disposta a admitir.

- Eu tenho algo na minha cabecinha, Sim! Mas essa tua resposta realmente me convenceu de que  não valerias sequer essa pequena cedência da minha parte. -Uma expressão surpreendida fixou-se na sua cara- Realmente nunca poderia sair e ficar com um homem como tu mais do que os dois dias que preconizastes !- exclamei ainda mais convicta.- Ou achas mesmo que és a ultima bolacha do pacote? - perguntei  com desdém.- Só espero que o sacrificio que vou fazer em vir as tuas aulas valhe a pena, especialmente porque já sou graduada e estou só a tirar essas cadeiras por gosto e não por nececessidades académicas. Enfim temos desilusões todos os dias!- Conclui.

-Que queres dizer com "um homem com eu"?

- Um homem como tu porque infelizmente já não me posso agarrar a primeira impressão que tive de ti, que era fantástica, devo dizer.  Desde então aquilo que ouvi dizer é que és prepotente e chegas a ser maldoso com os teus alunos, e apesar de bonito não és o suficiente para me tentar. Pena que a tua reputação te tenha precededido, e isso mais ao tua belissíma afirmação relativamente a minha falta de personalidade acabaram com qualquer ilusão que podia ter a teu respeito.

Sabia que ele não tinha gostado nada da minha resposta e sabia que iria receber uma resposta a altura do desaforo que tinha acabado de lhe lançar a cerca  da sua reputação. Tive a perfeita noção que iria ouvir aquilo que não pedi. E não se fez esperar.

-Cara senhorita...-Parou e olhou para mim de maneira interrogativa, demorei uns segundos perceber que ele queria saber o meu nome.

-Ha! quer saber o meu nome, como sou boazinha vou evitar-te o trabalho de ires verificar na tua  lista de alunos, assim é mais facil para ti. - Dei um sorriso torcista- Paradis Adams.

-Estranho...- Olhou para mim intrigado.

-Que foi?

-O teu nome não é nada comum. Tens um nome que quer dizer paraiso mas que é também o nome da fada Rainha do reino do fogo, a destruidora de obstáculos, fomentadora das paixões. Acho que é a primeira vez que o ouço fora da mitologia.

Então ele conhecia-me. 

-Acredito realmente que não devem existir muitas pessoas como o meu nome. Devo agradecer a minha mãe que era uma fanática da mitologia celta e que o escolheu para mim. Alias é por isso que estou a fazer o teu curso. É para aprender um pouco mais acerca do assunto que fascinava tanto a minha mãe.

-Ok, agora  compreendo. A tua mãe devia ser uma pessoa fascinante. Ela chegou a publicar alguma coisa acerca desse assunto? ou era só um hobi?

-Só um hobi, na verdade. 

-Bom voltando ao nosso assunto. Senhorita Paradis, eu sou um profissional de renome e nunca iria me envolver com uma aluna, independentemente das razões que a tenham levado a assistir as minhas aulas. Relativamente a minha reputação, ela é bem merecida, não admito qualquer desrespeito a matéria que leciono e isso começa pela pontualidade e assiduidade que a presença as suas aulas exige. O assunto é demasiado importante para mim para deixar que alunos brincam ou não levem a sério esta matéria.

O silêncio instalou-se entre nós, olhamo-nos mutuamente numa batalha muda da qual nenhumde nós sairia vencedor. Decidi partir, já nada me prendi ali. O homem apesar de fascinante não iria sair comigo. E com muita tristeza vi as minhas prespectivas de encontrar o grande amor nestas minhas férias irem pelo ralo, e até mesmo a oportunidade de observar o que se ensinava a respeito das fadas neste mundo de humanos.

Dirigi-me para a porta sem que ele me tentasse impedir, estagnei no entanto quando ele me disse antes que eu pudesse bater a porta atrás de mim.

-Fico a sua espera na próxima aula, e por favor não se atrase desta  vez, seria deselegante da sua parte e avise a sua amiga também.

Apenas anui com a cabeça e distraida fechei a porta. Mas antes mesmo de ter a possibilidade de  me virar para partir choquei contra uma montanha, o que me desiquilibrou e me fez cair pela segunda vez nesse dia.

1, 2,3... Lá vou eu outra vezOnde histórias criam vida. Descubra agora