My First Kiss | 2sun

Capítulo 1

KIM SUNWOO

Odeio você.

Odeio você, maldito despertador cujo tem a função de acordar as pessoas, porém no meu caso não me acorda, eu simplesmente o desligo e volto a dormir. Sabe o melhor de tudo? É que eu não lembro que desligo e quem tem que me acordar é minha irmã mais nova, Kim Boo.

— Ei, Irmãozinho, atrasado novamente. Não tem vergonha disso não? Vou falar pra mamãe quando ela voltar de viajem que você vive perdendo o horário e eu que tenho que te acordar, virei despertador humano?.

Kim Boo era uma garotinha de 9 anos, ela era bem sapeca e gostava de zoar comigo, gosta de me provocar e me ameaçar sempre que faço besteira, essa garota é uma verdadeira pestinha em pessoa. Mas seu ponto fraco são doces, pirulitos para ser mais exato, ela ama pirulitos então sempre a suborno com isso, espero que ela não se enjoe.

— Já vai começar a implicar comigo logo pela manhã?. Vai trocar sua fralda vai, menina, nem se limpar direito você sabe. — me virei para o lado e cobri meu rosto com o travesseiro.

— Pelo menos eu, com nove anos, já perdi meu bv!.— ela gritou e saiu correndo do quarto.

E ainda bem que correu, fiquei por um fio de jogar esse travesseiro naquele rostinho travesso que tanto me irrita. Kim Boo gostava de jogar na minha cara que já perdeu o bv e eu ainda tô aqui, com quase 18 anos e nunca beijei ninguém além da minha cachorrinha.

Isso conta?.

Me levantei na maior preguiça e assim que entrei no banheiro, tomei um banho morno e lavei meu cabelo. Saí do banho e vesti meu uniforme de sempre, bem padrão, eu já estava ficando enjoado de ver essa roupa todo dia no meu corpo por oito horas.
Arrumei meu cabelo de um jeito bem simples e fácil, depois andei até a cozinha, já vendo Boo em cima do balcão tentando pegar biscoitos.

E é aí que me surge uma oportunidade para ameaça-la. Tirei meu celular do bolso e entrei na câmera, tirei diversas fotos dela no balcão com a mão esticada para cima, mamãe odiava que ela fazia isso para pegar biscoitos e que era pra Boo sempre pedir pra mim quando quisesse.

— TE PEGUEI NO FLAGRA!. — eu gritei e a menina se assustou, quase caiu para trás. - eu tirei foto, sua pirralha. - o cheiro da vingança é muito bom.

— Kim Sunwoo!. — Boo desceu do balcão e veio correndo até mim, tentando pegar o celular da minha mão, eu apenas o levantei para cima, impedindo ela de pegar por ser muito pequena. — apague isso já!. Se a mamãe ver, vai me deixar de castigo.

— E é isso que eu quero. Você me ferra tanto, sabia?. Lembra da última vez que eu fui para uma festa na casa do Jake escondido da mamãe, na madrugada, e você me viu e foi correndo contar? Eu implorei, até beijei seus pés para não contar nada, mas você, sua pestinha, contou. Fiquei mais de um mês sem celular e sem poder sair de casa a não ser ir a escola e voltar.

— Isso foi há muito tempo atrás, mamãe já te perdôo e eu nem lembrava. — ela pulava e pulava na tentativa de pegar meu celular. — apaga isso, Sunoo.

Eu olhei em volta, vi que a porta da frente estava aberta, o que indicava que a babá de Boo já havia chegado pois ela sempre deixa a porta aberta quando chega, era uma chance para eu poder sair correndo e deixar Boo aí, com medo de que eu mostre a foto pra mamãe.

Virei meus olhos para a menina e seus olhos estavam cheios de lágrimas, felizmente eu passei da idade de acreditar nesse choro falso, não funciona comigo e não sinto um pingo de dó. Passei minha mão em seus cabelos curtinhos e mandei um beijinho para ela.

— Até mais, pequena Boo!. — eu saí correndo para fora e Boo veio até de mim até um certo ponto, mas eu ouvi a babá chamar ela para entrar, e claro que Boo obedeceu. — vingança é um prato que se come frio, pirralha!. — eu olhei para trás, ainda correndo, e gritei. Vi que ela mostrou a língua e entrou.

Eu parei de correr até um certo ponto, próximo a escola. No caminho, decido passar numa loja de salgadinhos, compro algumas coisas, pago e já saio. Eu não comi nada, nem deu tempo, mas não posso ficar sem comer, sempre que fico sem me alimentar acabo passando mal e levado para a enfermaria, os alunos devem estar de saco cheio do tanto que passo mal.

Estava um dia bem ensolarado, odeio dias de sol, prefiro mil vezes o frio e a chuva, não há nada melhor que dormir com o sol da chuva em seus ouvidos e se cobrir com uma coberta bem quentinha e confortável. Não existe maneira melhor de dormir que não seja no frio e chuva.
Paro num ponto de ônibus, eu não aguentava mais andar, minha mochila estava pesada e eu tenho leves problemas nas costas, o que não me deixa ficar muito tempo com peso. O ônibus não demorou muito para chegar, uns 5 minutos no máximo, eu entrei e passei meu bilhete, vi que o fundo estava vazio e decidi ir para lá.

Mas para minha surpresa, avisto Park Sunghoon.

Estava estava, como sempre, sério e sem expressão alguma em seu rosto. Respirei fundo e me aproximei, o único lugar vazio que tinha era ao seu lado, eu não podia voltar, Sunghoon ia perceber que eu me sentei em outro lugar por causa disso. Então apenas tirei minha mochila das costas e fiquei ali, bem ao seu ladinho, seu perfume não demorou muito para adentrar minhas narinas e eu revirar levemente meus olhos, eu poderia sentir esse cheiro o dia todo.

O ônibus balançava bem, eu fiz de tudo para não acabar esbarrando em Park Sunghoon, mas é claro, o universo nunca está do meu lado. Com a décima lombada que o ônibus passa, acabo perdendo a força da minha mão que eu segurava no banco da frente e caio deitado no colo de Park Sunghoon.
Imagine que cena linda, não é? Minha cabeça em seu colo, nossos olhos se encontrando, eu todo vermelho como uma pimenta e ele com a testa franzida e sem entender.

"Passar vergonha" é meu sobrenome.