Capítulo Vinte e Dois

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| Antony |

- Doí quando eu faço isso? - a médica fisioterapeuta pergunta e eu balanço a cabeça em negação.

Tite me liberou para jogar pelos resultados no treino de ontem, não sinto meu tornozelo doendo faz um tempinho e isso me alivia em partes, porque minha mente ainda 'tá nela o tempo todo. Depois desse primeiro tempo tenso, o professor me mandou para a última vistoria para eu entrar no final desse próximo tempo.

Apesar de eu ter visto a Fernanda hoje, não consegui me aproximar dela para conversar e ela também não parecia muito afim de tocar no assunto. Ela recebeu minhas flores e não disse nada, pensei que ela ia até o meu quarto pra pelo menos falar o quão idiota eu sou, mas nada veio e isso me incomoda num nível que eu nem sabia que podia existir.

- Antony? - a doutora chama novamente e eu atendo em delay, meus pensamentos estão muito longe dessa sala.

- Desculpa, pode repetir? - ela me informa de novo sobre minha lesão e diz que estou liberado para jogar hoje.

- Só peço que você tente ficar longe de confusão, proteja seu tornozelo ao máximo - ela indica como se fosse muito possível isso acontecer.

Agradeço mais uma vez pela atenção e saio da sala, o corredor está cheio de pessoas andando de um lado para o outro ocupadas com os jogadores que acabaram de sair do campo e passam sem nem olhar para o lado.

Decido ir ao banheiro lavar o rosto antes de voltar à área reservada para a equipe brasileira ficar durante o jogo. Saio da agitação quando eu viro num corredor mais tranquilo seguindo as placas em inglês, esse lugar é grande demais e para se perder é muito fácil.

- Psiu - escuto algo e paro no corredor esperando ouvir de novo, como não sai mais nenhum som eu me viro caçando alguém que pudesse ser.

Não seguro o sorriso quando eu vejo a morena encostada no batente de uma porta aberta, eu percorro todo o seu corpo com os olhos, ela com essa saia devia ser crime de tão gostosa que ela fica. Fernanda não diz nada e entra na sala sabendo que eu já vi ela, não penso duas vezes em entrar na mesma sala atrás dela.

- Não sabia que você era tão bom com palavras - ela comenta encostada numa mesa grande que tem no centro da sala, deve ser algum lugar para reuniões.

- Você me faz fazer coisas que nem eu sabia que conseguia - eu digo sendo sincero, Fernanda 'tá fazendo milagres comigo.

- E isso é bom? - ela pergunta querendo aparecer um sorriso no rosto dela, parece que eu ainda tenho ela.

- Você que tem que me dizer, gostou das flores? - eu arrisco em me aproximar aos poucos, mas ela não recua, nem mexe uma parte do corpo.

- São lindas, mas foram tantas que tive que pedir vários vasos pra colocar na varanda - ela revela sentando na mesa.

- Achei poucas, ainda preciso te levar de volta pro campo na Espanha - eu falo e em resposta ela encara os próprios pés sorrindo.

Fernanda parece buscar as palavras certas enquanto fita o chão, ela respira fundo e resolve finalmente dizer alguma coisa:

- Foi mesmo sincero? Em 'tá disposto - me questiona séria.

- Fui, não quero te perder. - eu começo - Você é importante demais pra eu deixar ir fácil.

Ela ajeita a postura quando eu falo isso, ela parece pensar em algo para dizer vagando os olhos para outros lugares tentando não me encarar.

- Você precisa aprender a lidar com esse seu ciúmes, eu nunca te dei motivo pra desconfiar de mim - ela fala e eu sinto meu coração apertar escutando a voz dela chateada.

Game || Antony Onde histórias criam vida. Descubra agora