Capítulo Sete

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| Antony | 

- O que você acha da gente sair daqui? - uma mulher passa a unha vermelha levemente pelo meu braço enquanto oferece uma noite para mim, mas minha mente não está aqui. 

Pensei que iria conseguir me distrair se eu flertasse com alguém, como em qualquer outra festa, mas mesmo assim só consigo pensar no maldito tecido vermelho que Fernanda estava usando hoje. Por que ela tem que ser tão sexy?

Falei que iria fazer ela enlouquecer, mas parece que quem está enlouquecendo sou eu e ela nem precisou fazer nada comigo.

Invento uma desculpa falando que estava com dor de cabeça para a morena na minha frente, desvencilhando os braços dela de mim. Seu perfume muito doce começa a me enjoar e eu me sinto desconfortável aqui, me sinto fora do lugar. 

As luzes azuis e vermelhas que se mexem ao ritmo da música só dificultam minha visão, mesmo assim busco os cabelos enrolados dela no meio das pessoas. Nada. 

- Ah man sei lá - Richarlison responde meio vago a minha pergunta sobre onde a amiga dele estaria. 

- Richarlison... - aperto seu ombro um pouco tentando arrancar alguma informação dele, o que não é tão difícil. 

- 'Tá, 'tá, ela vazou daqui há uns minutos - o solto, porém continuo insatisfeito - Você já sabe que ela 'tava acompanhada, fica sussa ela sabe se cuidar. 

Dou uma última olhada ao redor no evento tentando ver se ela voltou, não encontro nada e decido ir dar uma volta no térreo. Essa música alta só faz meu humor piorar e não estou afim de estar aqui quando ela retornar com aquele cara. 

- Vou vazar, a gente se vê amanhã - aviso o pombo dando um tapinha nele como despedida 

- Já? 

- Já, 'tô cansado demais - não espero resposta e já busco a saída desse lugar. 

Até mesmo o elevador parece maior que o terraço cheio de pessoas que eu estava, é bom estar sozinho por um tempo. Desde que viemos para cá ficamos rodeados de pessoas o tempo todo, mesmo que seja nos momentos livres, isso iria encher o saco alguma hora. 

Quando as portas se abrem penso em ir para a piscina do hotel, mas leio em uma placa em inglês que eles fecham a noite e só deixam a sauna e a jacuzzi abertas então desisto da ideia. Lembro do jardim que a Duda e o Paquetá costumam levar os meninos para brincar quando eles estão entediados, vou ficar por lá mesmo. 

Apenas dois funcionários recolhendo algumas cadeiras espalhadas, esse era o sossego que eu procurava.

Nessa noite, o vento fica bem presente no jardim desde que cheguei, sempre batendo no meu rosto. Eu amaldiçoaria ele se não fosse pelo perfume que ele me trouxe agora, sinto o cheiro vindo da entrada e me deparo com ela quando eu ergo os olhos para olhar. 

Fernanda caminha olhando para o chão segurando o cabelo para não cair na testa com uma mão e enquanto a outra tem seu par de sandálias caras. Ela não parece muito bem, também não anda em linha reta. 

Escuto ela perguntando algo para um dos funcionários que trabalham, mas não consigo distinguir o que é. Apesar de estar morrendo de vontade de ir falar com ela, sigo imóvel do mesmo jeito antes dela chegar. 

- Esse lugar 'tá ocupado? - ela pergunta se referindo ao meu lado vago e eu apenas aceno com a cabeça negando. 

A mulher ajeita o vestido para sentar e ainda assim ele sobe um pouco revelando a fenda lateral que eu não tinha visto até ali. Ela segura os joelhos com os braços e apoia a cabeça neles, olhando para o lado oposto de onde estou. 

Game || Antony Onde histórias criam vida. Descubra agora