ᴍᴇ, ʏᴏᴜ ᴀɴᴅ ᴏᴜʀ ʟᴏᴠᴇʀs (3)

3 | cheia de dúvidas.

Ao abrir a porta de casa em mais um dia de segunda-feira, bastante preguiçoso, eu me certifiquei que não estava chovendo, como a previsão do tempo tinha previsto para a manhã e pelo resto da tarde de hoje. Entretanto, o dia estava nublado, sem nenhuma aparição de nuvens densas ou estranhas. O que é ótimo, na verdade. Eu adoro chuva, sinto paz quando chove, mas hoje eu estou precisando sair para me distrair, nem que seja para trabalhar, mas eu necessito estar fazendo alguma coisa que me distraia ou que me mantenha focada em algo. Se não, eu vou ficar maluca!

A temperatura não está das melhores, digamos assim, por isso é bem fácil sentir os meus calcanhares se congelando por conta própria - é muito estranho, eu sei. Tranquei a porta, guardei as chaves na bolsa e apertei, enrolando um pouco mais o cachecol listrado em branco e preto, combinando com o meu suéter amarelo e com o meu par de botas Chelsea pretas. Eu me sentia como uma garotinha, tentando ir para a escola durante o inverno rigoroso em Brooklyn, seguindo Mary Jane e todas aquelas amigas dela cheias de namorado. Sinto falta da minha família.

Avistei um táxi livre se aproximando da calçada, o chamei e adentrei, informando ao rapaz onde seria o meu local desejado e partimos dali. A rua onde moro estava calma, mas a cidade sempre estava inquieta como todos os dias. Afinal, faltavam vinte para as oito da manhã e estamos em Nova York, é mais do que normal estar assim. No rádio do carro, tocava Olivia Rodrigo em mais uma de suas sofrências por amor - bela canção para se começar uma semana; eu pensei. Enquanto eu decorava a letra da música, meu celular tocou na bolsa. É o Dylan. Sorrindo, atendi:

- Bom dia, com alegria! - Dylan exclamou, muito contente ao telefone. A animação dele era contagiante. Juro, já me dá até vontade de sair cantando por aí igual nos filmes. - E aí, pronta para iniciar outra semana? Oh, calma aí, não preciso nem me responder, eu já sei. Quando se trata de dar muitos conselhos para crianças fofas e adolescentes sem juízos, você já fica feliz, certo?

- Sim, lógico que sim. Só acho que você não deveria chamá-los de adolescentes sem juízo, já que pelo o que eu me lembre, você também foi um, não é, Dylan? - eu, provoquei, quase podendo vê-lo facilmente dando de ombros do outro lado. Touché, ele me disse.

- Ops, nessa você me pegou! - seu riso estava abafado por uma música calma ao fundo, me perguntei se ele estaria indo trabalhar, enquanto ouvia músicas. - Há uma pequena diferença entre mim e eles, Anne. A diferença é que eu era um adolescente sem juízo, mas tinha estilo de sobra. Sabe, eu quase cheguei a me tatuar, iria fazer algo como um dragão ou uma serpente. E é muito estiloso!

- Você? Tatuado? - dessa vez, eu não me aguentei e tive que rir. Tentava imaginar Dylan coberto por tatuagens, com uma cara amarrada, mas era totalmente difícil, e até cômico. Ele não combina com nada disso, ele mesmo disse que é um bom garoto. - É loucura! Não tem nada haver contigo, sério, é improvável.

--Ah, lindinha, vai me dizer que eu não ficaria sexy tatuado? A cara de anjo, de menino bom, mas o estilo todo punk? E aí, eu já voltava a colocar os meus brincos e o piercing de novo, que tal? - lembro de quando Dylan me contou, que usava um piercing no lábio inferior e me mostrou algumas fotos. Até que ele não ficou tão ruim assim, mas ainda prefiro ele de agora. Sem sombras de dúvidas. - Não se esqueça que eu adoro surpresas.

- Na verdade, prefiro você do jeito que você é. Não importa se você é tatuado, punk, bom moço ou hippie - bem que você tem uma vibe meio hippie, já te disseram isso antes? - indaguei, ao lembrar de Mary me dizendo isso. Ele riu. - Afinal, o que você está fazendo? Onde está? Deixe-me adivinhar: você está ouvindo novamente um daqueles álbuns do Coldplay indo trabalhar, não é?

- Quase, quase. Nem frio, nem quente, querida. - em meio ao frio da manhã, causado por toda essa neve, meu coração ficava quentinho como um chocolate quente ao ser chamada de querida por ele. Adoro a sensação de borboletas no estômago que eu sinto estando com Dylan. - Já estou no trabalho, preparando um café antes de começar mais uma nova notícia. E a música que você ouve nas caixas de som, é do Harry Styles que eu também curto.