24 | quem sabe...

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A festinha de aniversário de nove anos de Enrico foi um sucesso! Apesar da chuvarada em meio a neve, todos os amigos e colegas de turma dele compareceram, as crianças se divertiram e também nós adultos aproveitamos bastante o momento. Na hora de cortar o bolo, Adam perguntou para quem seria o primeiro pedaço, todos ficaram ansiosos e Susan brincou que seria para ela. Porém, Enri decidiu me dar, por eu ser a garota mais legal que ele já conheceu.

- Puxa-saco! - exclamou Dylan entre os convidados, fazendo todos darem risada. - Uma hora ele ainda vai roubar ela de mim.

Enrico flexionou os próprios ombros, fazendo sinal como quem dissesse: "não é culpa minha, irmão", acompanhado de um meigo e simples sorrisinho de vergonha aliado a um rubor levemente avermelhado nascendo em suas bochechas. - O que eu posso fazer se a sua namorada é legal e gosta mais de mim do que de ti?

Dessa vez, fui eu quem riu, de nervosismo. - Isso não é verdade, Enri, eu amo os dois, tudo bem? Os amo igual, sem ter diferença.

É verdade, os adoro igualmente e não me veria sem eles. Ao lado deles fico de coração quentinho e derretido por saber que ele me considera tanto, até mesmo uma grande amiga, além de ser a namorada do irmão dele. No segundo em que ele me abraçou e tirou a foto comigo, eu tentava imaginar como seria o filho entre Dylan e eu e se essa criança gostaria de mim, assim como Amy e Enrico gostam. Em seguida, me veio outra dúvida: "eu seria uma boa mãe?" Todas essas dúvidas tomaram conta da minha mente.

E agora, enquanto nós dois terminamos de guardar as decorações e retirar todos os balões no formato de estrelas dos cantos da sala, essas perguntas continuam me deixando maluca e um tanto quanto preocupada com o futuro. Eu morria de medo só de pensar em nós dois felizes por descobrirmos a minha gravidez, aguardando os nove meses, as dores do parto e se acontecesse que... O nosso filho não gostasse de mim ou que eu fosse aquelas mães chatas.

Então, tudo seria jogado fora? Nada disso teria valido a pena? Nem mesmo os meus sonhos em me tornar mãe? Nem às vezes em que fiquei me imaginando antes de ir dormir com os meus filhos? Nadinha? É certo que essa criança amaria ter Dylan como o seu pai, todas elas gostariam de ter isso, mas... E eu? E se eu acabar sendo igual ao meu pai? Ser uma mãe muito superprotetora que não consegue deixar os filhos seguir os seus caminhos? E ela acabar se sentindo pressionada e sufocada como eu me sentia?

- E eu estou acabado! Bom, fim de festa quem não fica assim, né? - Dylan comentou, riu, mas também notou que eu não tinha respondido e nem sequer o ouvido. - ... Lindinha, tá tudo bem?

- Oi? - indaguei, observando-o, e tentei pensar logo em alguma mentirinha. - Ai, me desculpa! Outra vez eu estava viajando. - dei uma risada forçada e ele me olhou confuso. - O que você me dizia? Ah, realmente, depois de uma festa dá muito cansaço.

- Anne, você está me escondendo alguma coisa? - perguntou, tentando soar sério e eu neguei várias vezes com a cabeça. - O que foi? Você sabe que não precisa mentir para mim, não é?

- Hã?! Eu... - quando iria me defender, Enrico apareceu.

- A mamãe me disse que vocês não vão ficar aqui com a gente, mas eu quero que vocês fiquem e passem a noite aqui! - Enri nos disse, desviando dos balões espalhados pelo piso. Ele adorava o Homem-Aranha, pois até o pijama dele era do Peter Parker. - Dylan, Anne, vocês vão ficar aqui? Digam que sim! Por favor! É a única coisa que eu vou pedir... Por favor, é o meu aniversário!

- Nós adoraríamos, mas dependerá se os seus pais não iram se importar com isso, Enri. - afirmei, agradecendo aos deuses por ter me livrado daquele assunto. E Dylan assentiu, me observando.

- Nem ela e nem o papai vão se importar! - Enrico exclamou, já começando a ficar mais feliz e quase dando pulinhos de alegria. Ele é tão fofinho... - Amanhã a vovó também vai almoçar aqui.

ᴍᴇ, ʏᴏᴜ ᴀɴᴅ ᴏᴜʀ ʟᴏᴠᴇʀs (3)Onde histórias criam vida. Descubra agora