35 | acerto de contas.

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Inverno de 2011, Albany, New York.

Entre tantas confusões que o garoto Torres já havia se metido desde que a grande revolta sem sentido cresceu dentro de si, nenhuma delas envolvia a polícia. Entretanto, como para tudo se há uma primeira vez, não demorou muito tempo para que ele acabasse sendo levado dentro de uma viatura. Dylan sempre soube que a pichação ia contra as leis, podendo levar uma baita multa ou até mesmo cadeia nos piores casos, mas quem disse que ele estava pensando nisso quando pichou suas iniciais, DWT, num dos muros de uma das principais praças da capital de Nova York?

Assim que os homens colocaram as algemas de metal em seus pulsos e deram um click, já era tarde demais, não haveria mais tempo ou sorte para fugir e a primeira coisa que percebeu foi que seus amigos haviam ido embora e o deixado entre o fogo cruzado. Ter que ser acompanhado por dois policiais armados e tendo o dobro de sua altura, não era lá muito atraente e nem um pouco divertido como foi ao usar aquele spray colorido na parede de concreto. A denúncia havia sido feita pelo dono de um prestigiado restaurante de luxo ali da volta, que o flagrou cometendo o ato de vandalismo e prontamente enviou o alerta às autoridades locais.

Inclusive, Jamie, a garota por quem Dylan estava a fim há várias semanas. Por que os abandonaram no pior momento? Até porque, não foi ele quem deu a ideia de usarem as latas de spray. Quando foi interrogado pelo delegado, ele pensou duas vezes se também os meteria naquela enrascada, mas ele não era desse jeito. Ele poderia cometer vários erros, se arrepender de cada um deles, levar um sermão, mas nunca seria desleal aos amigos, por mais que alguns deles merecessem de vez em quando. Por ser um bom amigo apesar de tudo, Dylan se sentiu completamente traído.

Ele estava sentado em um dos bancos de plástico desconfortáveis da recepção, algemado e observado por um grupo de policiais e demais jovens imprudentes, os quais ele não fazia ideia do que teriam aprontado. Todos ali tinham algo em comum, talvez fosse o estilo de garoto problemático ou os olhares vazios e tristes de confusão mental. Dylan espumava de raiva, se vendo traído por aqueles que considerava, ainda mais Alex, o seu melhor amigo desde o fundamental. Não sabia como falaria com o garoto após o ocorrido, nem se eles voltariam a conversar, mas sentia repulsa.

Entre tantos problemas passando por sua mente, desde a culpa por estar preso naquele lugar imundo e da traição dos amigos, Dylan só pode se lembrar da reação dos pais quando os viu atravessando a entrada da delegacia após serem chamados pelas autoridades. Susan estava em casa, preparando o jantar à espera do restante, ao ser avisada e ficou em choque. Benjamin estava voltando depois de um plantão no Mount Sinai, ao receber a notícia; ficou sem reação de tanta surpresa, pois não esperava aquilo vindo do filho.

Susan foi correndo abraçar o filho, com o barulho de suas botas batendo contra o chão, incrédula por vê-lo algemado. Dylan não se desvencilhou do abraço de sua mãe, afinal não queria vê-la se sentindo mal por ele, mas pôde sentir um calafrio pelo corpo por ver o desgosto nos olhos azuis de seu pai e imaginou o que teria que ouvir ao chegar em casa. Os dois pagaram a multa, voltaram para casa todos em silêncio, porém Benjamin estava desapontado demais, por ter que buscar o filho menor de idade que infringe leis de patrimônio público no meio da noite, para esboçar sentimentos.

- Volte para sala, Dylan! - gritou, o Sr. Torres.

O adolescente começou a subir os degraus da escada de madeira branca com rapidez, tentando fazer o máximo que podia para escapar dos sermões de seu pai, os quais ao ver dele, não lhe serviriam para nada. Entretanto, o homem estava bravo, furioso e não o deixaria se trancar no quarto sem antes o ouvir. - Escute aqui, garoto, se você não voltar para cá agora, vou trazer a força.

ᴍᴇ, ʏᴏᴜ ᴀɴᴅ ᴏᴜʀ ʟᴏᴠᴇʀs (3)Onde histórias criam vida. Descubra agora