17 | quem é ela?

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O sol resolveu surgir nesta manhã de sábado, derretendo aos poucos a neve e o gelo que tinha tomado a cidade inteira de Manhattan, o frio tinha diminuído um bocado, mas as madrugadas continuavam congelantes. Era necessário ter que usar um pijama bem quentinho e vários cobertores na cama, nós tínhamos que colocar o termostato no quente, torcendo para que esquentasse o resto da casa, tinha vezes que os cômodos ficavam bastante frios.

Somente por ver o sol nas janelas, tentando se apresentar entre as nuvens, o meu dia tinha começado muito mais feliz. Eu me levantei, com um sorriso no rosto, escolhi a roupa de inverno mais alegre que eu tinha no armário e desci as escadas, me deparando com Dylan preparando o café-da-manhã. Ele tinha preparado tudo o que nós gostávamos; waffles com merengue, panquecas com calda de Nutella - a receita que eu tinha criado e que ele tanto gostou - e um delicioso café com leite, no estilo cappucino.

- Bom dia, lindinha! - ele exclamou, me entregando uma caneca, havia um coraçãozinho desenhado em cima que demonstrava ter sido feito com carinho e delicadeza. Eu tenho o namorado mais atencioso do mundo; pensei. - Vejo que você acordou feliz.

- Hoje eu sinto que vai ser um dia incrível, meu amor. - falei, deixando um beijo em seu rosto. Suas bochechas estavam um tanto avermelhadas pela barbeação recente. E, cheiroso, muito cheiroso. Dylan sorriu levemente. - Sempre adorei os dias com sol, já que aqui é sempre tão difícil dele aparecer. É uma droga!

- Ontem na previsão do tempo, dizia que iria ter um solzinho, mas eu achei que fosse mentira. Imagina só? Uma Nova York ensolarada? Desde quando isso acontece tão fácil? - comentou, eu assenti, dando um gole no meu café. - E como foi a conversa com a sua mãe? Ontem você nem me contou nada. Como estão?

- O papai começou a pescar no gelo, com os amigos da antiga empresa de contabilidade. Dizem que estão cansados de estarem só em casa e que a aposentadoria é uma baita porcaria. Acredita? - perguntei, rindo. - O mais estranho é que ele nunca gostou de pescaria, nem mesmo de peixe. Mas, se alguém me convidasse para ir numa pescaria, óbvio que eu aceitaria. Por quê não, aliás?

- E, tem alguma coisa que o seu pai goste, Anne? - ele me perguntou e eu lhe mostrei a língua, depois não contive dar uma gargalhada. Não é pra tanto assim... - As pessoas não dizem que a pescaria acalma? Então, pode ser que ele deixe de ser ranzinza.

- Ah, isso é eu dúvido muito. - eu ri, negando. - Os ranzinzas nunca deixaram de ser ranzinzas. Já tá na genética desses caras.

- Eu sinto muito, Anne. É tão trágico uma coisa dessas acabar acontecendo de uma hora para a outra. - logicamente, aquilo era um deboche de sua parte, mas a única coisa que surgia de vez em quando na minha mente era; quando eles irão parar de pegar no pé um do outro? - ... Você não gosta quando eu falo assim, não é?

- Na verdade, só fico com vontade de terminar com você, apenas. - lhe provoquei, revidando o sarcasmo. Ele me mostrou um beicinho igualzinho ao de Amy, fingindo um estranho choro.

Por falar em Amy, depois do jantar de ontem a noite, enquanto eu terminava de lavar a louça, ela puxou Dylan para irem brincar. Gigi vendo que ele tinha mais paciência que qualquer um de nós com brincadeiras de criança, acabou me perguntando se poderia contratá-lo para ser o faz tudo de Amy no momento que ela e Oliver estiverem cansados do trabalho. É muita mordomia, eu sei.

Entretanto, admito que eu não achei que fosse uma ideia tão ruim assim, afinal, ele adoraria com toda certeza. No instante que ela me disse isso, eu já pude fantasiar nós dois cuidando dos nossos filhos daqui a um tempinho adiante... É, talvez eu esteja um pouquinho ansiosa para já darmos esse passo - quem eu quero enganar? Se fosse por mim, seríamos pais agora! - todavia, uma voz tenta me lembrar que precisamos dar um passo de cada vez.

ᴍᴇ, ʏᴏᴜ ᴀɴᴅ ᴏᴜʀ ʟᴏᴠᴇʀs (3)Onde histórias criam vida. Descubra agora