7 | os três dias.

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No final da semana passada, os dias na Jone′s estavam mais agitados, passavam depressa, com muitos planejamentos e preparações de documentos para a seguinte. Principalmente, para mim que sempre sobra para fazer essas coisas. Em nenhum único segundo, eu pude largar o computador e poder relaxar, pois lembrava-me sempre do que tinha a ser feito e colocando pressão.

Edgar estava com um bom humor todos os dias, de segunda a sexta-feira, completamente animado, porque uma das suas maiores metas e sonhos, estavam prestes a ser concluída. Era quase inacreditável, ver que nada conseguia abalá-lo de forma nenhuma, eu até senti inveja disso nele. Ele surgia na nossa sala, sorrindo grandemente e desejando a todos nós, um bom trabalho.

Entretanto, Edgar também estava escondendo o seu nervosismo e a sua ansiedade, mas não de mim. Eu sabia exatamente reconhecer tais sentimentos e eu o conhecia como se fossemos amigos, pois eu sou secretária dele há mais de cinco anos e o considero, um segundo pai. Na quinta, eu ousei perguntar se ele realmente estava se sentindo bem, ele quis mentir, mas lhe disse que poderia falar comigo. Edgar assentiu e desabafou sobre tudo.

Além disso, tinha um motivo para tanta correria e diversos sentimentos aflorados - sempre tinha um. E dessa vez, se tratava que abriríamos uma filial da Jone's em Miami, como tanto foi desejado desde o início e Edgar estava feliz, porém, uma pilha de nervos. E bastava a mim, levar a ele todos os dias uma boa caneca de café, exatamente do jeito que ele tanto gosta, um presente meu.

- Deixa eu ver, se eu peguei tudo. - falei, abrindo a mala pela... É, eu já perdi as contas de quantas vezes já foram. - Merda! Não peguei os cachecóis! Como que eu consegui esquecer deles?

- Linda, é uma viagem de trabalho como todas as outras. - Olly falou, saindo de perto do batente da porta e pegou um cachecol laranja. - Aliás, pra quê tantos cachecóis? É melhor uma touca e boas luvas.

- Não, claro que não! - neguei várias vezes e fechei o zíper da mala. - Você está errado nessas três coisas. É uma viagem importante para o futuro da empresa, os três cachecóis são para os três dias que eu vou ficar em Miami, um para cada um deles. Já viu como é o inverno em Miami? É tenebroso e congelante! E como que você não lembra que eu detesto usar touca e luvas?

- Eu não esqueci disso, falei aquilo para você ficar com raiva. Você fica muito sexy, sabia? - ele disse, rindo e segurou o meu rosto entre as mãos grandes, enquanto eu revirava os olhos. - Eu irei sentir muito a sua falta, mesmo que seja por pouco tempo.

E foi naquele momento, que Amy surgiu na porta do nosso quarto, caminhando com as pernas pequenas e segurando uma boneca Barbie em uma das mãos. Ela ama a Barbie, isso ela também puxou de mim. Oliver se aproximou dela, a pegando no colo, Amy me observava de uma maneira tão linda e profunda, como se ela estivesse me pedindo para contar tudo que estava acontecendo.

- A mamãe, vai ficar uns dias fora de casa, minha pequena. - Olly contou a ela, calmamente. Ele poderia ter dito que eu iria viajar, mas eu já venho percebendo, que ele não diz isso a ela, pois lembra de quando era preciso mentir para a sua irmã, que Tom estava viajando. Amy ficou com os olhos rasos de lágrimas.

- Não! Eu quero que a mamãe fique comigo! - ela choramingou, fazendo beicinho, destacando suas covinhas. - Não quero...

- Oh, pequena... - murmurei, também a fim de chorar. - A mamãe não vai demorar, prometo. O papai vai ficar com você.

Era totalmente difícil ter que vê-la chorar, ficar tristinha e projetando aquela boquinha para frente, tentando conquistar. Eu sei que já devia ter me acostumado com ela chorando, mas não consigo, por mais que eu tente. Pode parecer imaturo da minha parte, ter uma filha com quase quatro anos de vida e sofrer por isso, mas ela sempre vai ser o meu bebê e fico triste junto com ela todas às vezes, inevitavelmente. Ser mãe, me fez ser uma chorona.

ᴍᴇ, ʏᴏᴜ ᴀɴᴅ ᴏᴜʀ ʟᴏᴠᴇʀs (3)Onde histórias criam vida. Descubra agora