E
la olhava para ele com os olhos arregalados, enquanto jogava a coberta sobre o pé ferido. Mas ele já tinha visto, e a estava confrontando.
— Eu pisei em cima da faca — respondeu devagar, com medo.
Henson caminhou de um lado para o outro, pensativo. Mas parou e a fitou com raiva.
— Não estava nos seus dias, verdade? Cortou-se de propósito para fingir que estava sangrando. Vamos, admita!— a voz dele soou alta e ela se assustou.
— Não, eu não fiz isso... Eu só... — Foi impossível segurar as lágrimas.
— Não me admiraria que este desmaio também fosse falso. Ao que parece tudo em você é falso,não é? Mas chegou a hora de me dizer a verdade, Mnemosyne, por que não permitiu que eu me deitasse com você? — O lorde precisava da verdade, e queria que ela dissesse tudo agora.
A jovem respirou fundo, porque pelo visto não tinha escolha a não ser contar a verdade. E sabia que, depois que soubesse de tudo, ele a mandaria embora.
— Eu não posso ter filhos seus — falou baixinho, os olhos para baixo.
Ele deu um passo para a frente.
— Filhos meus?
— De ninguém. Eu sou seca, infértil e nunca serei mãe — admitiu chorando ainda mais.
Henson se viu perdido, sem entender. Como ela poderia saber uma coisa dessas?
— Você não conseguiu engravidar antes? — foi uma pergunta sincera e temerosa.
Ela limpou o rosto molhado.
— Não, eu sou virgem. Mas sei que não posso ter filhos, uma pessoa me disse que eu era uma casca vazia. — Tapou o rosto com as mãos, envergonhada.
O lorde foi até ela, sentando-se em sua frente na cama e atraindo seu olhar.
— Como você pôde acreditar numa coisa dessas, meu bem? Só saberemos se pode realmente ter filhos depois de tentarmos algumas vezes.
— Algumas vezes? — Mosyne olhou por entre os fios de cabelo da franja desgrenhada.
O marido sorriu.
— É claro, vamos precisar tentar muitas vezes até que aconteça. Não é exatamente na primeira vez. Existe mais algum receio que a impede de dormir comigo, Mnemosyne? — Ele esperava que não, sinceramente.
Ela negou.
— Senhor, o médico chegou — era Selma à porta.
— Peça a ele que entre.
O doutor, um homem careca e de bigode, chegou com uma maleta pequena, e ao que parecia estava pouco animado em estar ali.
— O que aconteceu com a jovem?
— Ela cortou o pé e acho que está infeccionado, doutor. Fique à vontade. — Henson deu espaço a ele.
O velho examinou o pé da jovem, pediu uma bacia com água e sabão. Depois de lavar a ferida, prescreveu aloe vera como cicatrizante.Enquanto o doutor cuidava da esposa de Henson, este permanecia ao canto, observando-a, admirado com o que tinha acabado de acontecer, com a revelação que ouvira dos lábios de Mnemosyne. Quem lhe havia dito aquilo? Por que ele tinha a sensação de que existira outro homem na vida da esposa antes de se conhecerem? Ele descobriria tudo, de algum modo.
Quando o doutor saiu, a jovem adormeceu, e o lorde foi até a cama onde estava deitada. Devagar, num gesto de carinho, passou o polegar pela bochecha de Mnemosyne, que estava quente. Sentia ainda que havia algum impedimento naquele coração, algo muito profundo tinha acontecido para que ela não pudesse ser plenamente sua.
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Quando um lorde encontra o amor - As irmãs Bredley livro I
Historical FictionTudo que lorde Henson queria era encontrar uma nova esposa, uma que não morresse tragicamente como as duas outras que tivera. Também queria, desesperadamente, um herdeiro, pois acreditava que já estava ficando velho. Acontece que devido sua fama p...