Capítulo Quatorze

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enson considerava-se um grande amigo para Tremelin, porque ele podia lembrar bem, desde jovem sempre o tirara dos problemas em que Eric se colocava constantemente. Como quando ele foi ao bordel com os bolsos vazios. Nessa ocasião, precisou mandar alguém até Henson pedir dinheiro emprestado. Ou quando estava desfrutando do corpo de uma mulher muito bonita e o marido destaquase os flagrou; seHenson não tivesse despistado o homem traído, Tremelin não teria conseguido fugir pela janela.

Eram tantas histórias, tanta coisa tinha acontecido e, de fato, Henson não tinha aprendido a não se arriscar para salvar oamigo. Tanto que naquela noite estava indo até a casa de lorde Michael para visitá-lo, e ainda por cima levava a esposa, que nada tinha a ver com o problema.

Henson sempre foi bem tratado pelo pai do amigo, mas Tremelin não tinha uma boa convivência com o pai, o que parecia piorar depois que o velho começara a adoecer e temer a morte. O filho precisava, a mando do pai, se casar logo, para garantir herdeiros. Mas, ao que parecia, lorde Tremelin não tinha o mínimo desejo de largar a vida libertina e encontrar uma boa esposa.

Naquela noite, reuniram-se na grande casa no centro de Londres, lorde Michael, sua filha Stella e lorde Tremelin, que, sentado de frente para o pai, nem o olhava. A sorte era que os dois irmãos se tratavam com respeito.

Stella, uma jovem muito bonita, tinha casado logo na sua primeira temporada. Agora ela já tinha um bebê, o qual brincava com uma boneca no tapete da sala.

Henson e Mnemosyne chegaram depois, e lorde Michael levantou-se ao ver o casal, com a atenção presa à jovem. Ela ficou um tanto escondida atrás do marido, porque estava assustada com a situação. Mas o velho pediu que se aproximassem, e Mosyne o fez.

— Henson, como é bom vê-lo. Essa é sua esposa? — Michael cumprimentou os dois. — Sente-se, minha senhora.

— Essa é minha irmã, senhora. Stella, essa é Mnemosyne, esposa de Henson. — Lorde Tremelin as apresentou formalmente.

À primeira vista, Mosyne achou a jovem muito bonita, mas o que lhe chamou a atenção foi o bebê, ao que parecia uma menina, que brincava no chão. Era loiro, de bochechas rosadas, e com dois dentinhos nascendo.

— Eric, não vai servir seus amigos? — lorde Michael chamou a atenção do filho, que se levantou no mesmo instante.

— Aceitam vinho? Ótima safra. Escolhi pessoalmente— explicou, enquanto abria a garrafa.

— Achei que preferisse uísque — comentou lorde Henson.

— Uísque é bebida de pobre. Nós, da classe mais alta, bebemos vinho do Porto — rebateu Michael.

O olhar que Tremelin direcionou ao amigo ao entregar-lhe uma taça de bebida foi mortal. Tinha muito significado.

— E seu marido, lady Stella, não veio? — Henson perguntou à jovem ao lado, e notou o olhar da esposa sobre si.

— Dessa vez Enrico não veio, negócios. — Stella bebeu do vinho e sorriu para a outra moça. — Soube que se casaram recentemente. Adoraria convidá-la para tomar chá comigo esta semana.

Mosyne fitou o marido. Depois voltou-se à jovem.

— Com certeza, vou adorar. Seria ótimo recebê-la em minha casa. O que acha? Que tal na quarta-feira?

— Está combinado. — Fez um brinde silencioso, e Mosyne espelhou gesto.

Nesse momento, os homens estavam em uma disputa ferrenha sobre como resolveriam o problema da fábrica de metais que precisava expandir-se, pois o espaço tinha se tornado pequeno para a produção. Isso era um desafio o qual levaria muito tempo paraser resolvido, e lorde Tremelin, quieto, apenas bebia sua quarta taça de vinho. Já estava com tontura, e quase, por Deus, sentia a alma fora do corpo. O lorde era muito fraco para bebidas, todos sabiam disso, ou ao menos deveriam saber, porque assim teriam evitado que ele bebesse tanto naquela noite em que havia algo fervendo dentro de si.

Quando um lorde encontra o amor - As irmãs Bredley livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora