Capítulo Dez

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M

nemosyne acordou naquela manhã sentindo-se estranha. Pela primeira vez tinha vontade de desistir de tudo e, no fim, entregar-se ao passado que corria atrás dela.

Enquanto comia sozinha na cozinha, foi chamada à porta novamente, e dessa vez já sabia do que se tratava. Mas daria um jeito na situação, estava decidida. Talvez morresse tentando.

Encontrou o mesmo menino de antes. Ele tinha os olhos arregalados para dentro da cozinha, e ela pensou que poderia estar com fome.

— Agora que tem dinheiro, é bom que consiga uma boa quantia para ele — equando começou a correr, Mnemosyne fez o mesmo, seguindo-o.

O menino corria tanto que ela achava que não conseguiria acompanhar, mas logo depois ele diminuiu a marcha e entrou numa viela à direita, onde havia um vendedor de chapéus. Escondida atrás de caixas de madeira, Mosyne viu o homem dar uma moeda à criança, que saiu saltitando.

Quem era ele? Por que estava fazendo isso com ela?

Reuniu toda a coragem para se aproximar. Se ao menos tivesse tido tempo depegar uma faca para defender-se, estava desarmada, e com receio.

— Mnemosyne? — Oh, não... Ela conhecia aquela voz. Virou-se para trás e encontrou o marido de braços cruzados a encarando. — Espero que me diga o que está fazendo aqui.

— Passeando — a jovem disse sem jeito.

Henson olhou para os lados.

— E onde está sua criada?

— Eu vim sozinha. Mas não fique bravo, marido. Já estou voltando. Acompanha-me?

Ele envolveu o braço no dela, e caminharam devagar pela rua movimentada.

— Estou pensando em fazer uma viagem no fim do mês. Suponho que não se importará de ficar alguns dias sozinha — informou ele.

Ela sorriu.

— Com toda certeza não. Meu marido é um homem importante e ocupado, devo ficar grata por ter tido bons momentos ao seu lado antes que me fosse roubado — brincou ela.

O lorde cumprimentou um homem que passava e apertou o braço da esposa.

— Está de bom humor hoje, nem parece que quase me esfaqueou ontem à noite — recordou o marido.

Ela tossiu, envergonhada.

— Vamos esquecer o passado, marido. Estou certa de que ambos podemos perdoar um ao outro pela noite passada.

— Acho que essa conversa é muito íntima para ser exposta desse jeito. Deixemos para mais tarde. — Ele a conduziu até a entrada da casa e abriu a porta. — Como está sua leitura? Continua praticando?

— Oh, sim. Consigo ler algumas palavras, e escrevê-las também. Queria saber se poderíamos tentar ler um daqueles belos livros da biblioteca —pediu, os olhos amendoados quase implorando.

— Certo, podemos. Hoje à noite vou levar alguns para você. Perdoe-me,meu bem, mas tenho alguns assuntos a tratar durante o dia. Espero que encontre algo que a divirta nesse tempo — e com um beijo na bochecha dela, despediu-se.

Ela ficou parada no salão, vendo-o ir para o escritório.

Enquanto subia as escadas, pensava que não tinha mais como evitar, não havia outra alternativa para apaziguar o coração a não ser entregar-se a ele. Não existia outra possibilidade que fosse suficiente para encontrar a felicidade, porque sim, estava infeliz, e sentia-se, ainda por cima, incompleta. Era como se lhe faltasse uma parte da alma.

Quando um lorde encontra o amor - As irmãs Bredley livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora