Capítulo Dezoito

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Mnemosyne recebeu Stella no dia seguinte. A mulher, com o bebê nos braços, apareceu sorridente, cumprimentando a outra com um abraço.

Era um refresco para a jovem ter companhia da idade dela, e embora tivera apenas algumas amigas nos anos passados, sentia falta de ter contato com alguém da sua idade. As duas sentaram-se nos sofás, enquanto bebia chocolate quente e comiam biscoitos. A filha de Stella brincava no tapete, e Mosyne não tirava os olhos dela. Como era bonita, gorducha e saudável!

— Está gostando de morar em Londres?

— Sim. Confesso que no começo estranhei o movimento, vivi minha vida toda no campo, mas agora me agrada muito essa cidade. —comentou Mosyne.

Stella deu um biscoito de nozes à filha, que logo levou a boca, mastigando pedacinho por pedacinho. A menina tinha o cabelo loiro, igual o da mãe, e do tio, e mesmo a jovem não tendo visto o pai da menina, que viajava muito, ela a achou parecida com Stella.

— Soube o comentário da semana? Lady Mary está grávida e não quer revelar o pai do bebê. —contou a loura, bebendo depois um gole da bebida.

A jovem assustou-se.

—Ela não é casada? E agora? Como vai criar o bebê? — tinha tantas dúvidas.

Nunca se imaginara numa situação como essa, mas se acontecesse, ela faria qualquer coisa para criar o filho, mesmo sem a ajuda do pai.

— Não sei. Só sei que ela está grávida. Que tipo de sociedade estamos vivendo? Um escândalo após o outro. — reclamou Stella.

— Se fosse meu pai, arrancaria meus cabelos, e me jogaria na rua. — confidenciou ela, assustando a amiga. — Acalme-se, meu pai já morreu.

A loura riu, tapando a boca, contrariada.

— Desculpe, eu rio de coisas tolas. Sempre. —suspirou, olhando para a filha. — Disse que tinha uma coisa para me mostrar. O que era?

— Ah sim. — ficou em pé, assoviou alto e esperou. Descendo as escadas vinha uma bola de pelos cinza. O animal parou aos pés dela, encarando o bebê. — Christian, sente.

— Oh, Christian é cinza! — Stella se abaixou para acariciar o cão, e ele lambeu sua mão. — Olhe que gracioso, Leia. — ela pegou a mãozinha da filha e fez carinho no animal, que retribuiu lambendo-a, desencadeando risadas na menina. — Imagino que lorde Henson tenha surtado quando o viu.

— É verdade, ele ficou muito bravo, mas eu consegui adestrá-lo. —ela obviamente se referia ao marido.

— Fico contente em saber que está feliz aqui, Mnemosyne. Aliás, sempre quis perguntar, qual o significado do seu nome?

Ela sorriu, sentando-se ao lado da outra.

— Minha mãe amava mitologia grega. Mnemosyne era filha de Urano e Gaia, uma titânide que personificava a memória. Na história, ela se uniu com Zeus, e passou nove noites com ele. Depois, ela deu à luz a nove musas. —contou, com as poucas recordações que tinha da mãe.

— Oh, eu nunca imaginei que era isso. E pensa em colocar o nome de seus filhos assim?

— Não sei. — sorriu fracamente. — Sinceramente ainda não pensei nisso. Acha que eu já deveria estar grávida, Stella?

A amiga ponderou, olhando a filha brincar com o cão.

— Cada mulher tem seu tempo. Eu levei quase um ano para conseguir ficar grávida de Leia. — confidenciou.

Mosyne quase prendeu a respiração. Então era normal. Mas era melhor que não estivesse grávida mesmo... Apertou a saia do vestido entre os dedos, discretamente. Era uma mulher dividida entre ter um filho do homem que amava, e entre não ter porque quando fugisse e estivesse grávida sofreria mais.

Quando um lorde encontra o amor - As irmãs Bredley livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora