27. A Vida Eterna

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Bem-vindos ao último capítulo <3 obrigado por chegarem até aqui!

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Jungkook não queria abrir os olhos.

Já fazia alguns minutos que estava acordado após um sono forçado, fruto da exaustão. Os ossos doíam, sentia os músculos travados e suspeitava de que não conseguiria correr dali e fugir mesmo se não estivesse imobilizado, tamanha a dor no corpo pelo desconforto de tantas horas encolhido naquele galpão.

Podia ouvir vozes masculinas estranhas do lado de fora, mas não conseguia saber com exatidão do que falavam. Palavras como "negociação", "troca", "serviço", "venda" e "leilão" passaram confusas por sua cabeça.

Como era possível que existissem pessoas realmente capazes de fazer aquilo? Que se achassem proprietárias de corpos a ponto de transformá-los em algo de valor mensurável?

Sabia o destino de todos ali, naquele caminhão. Quando o galpão foi aberto e sentiu a maresia que o dava náuseas como um gatilho do passado, sabia muito bem o que aconteceria a seguir.

Os navios. Os maus-tratos. O frio. O enjoo. O medo. Tudo como um filme triste e sem previsão de que o protagonista chegasse vivo até o final.

Contudo, ainda havia uma parte de si ainda mais apavorada, que temia o que fariam a ele por ser a peça mais valiosa que possuíam naquele jogo sujo, pois era o esposo de Vante.

Não possuía mais qualquer expectativa de salvação, ou de no mínimo piedade.

Teve ainda mais certeza disso quando os homens armados começaram a forçar um por um a se levantarem às pressas para sair do galpão, mas ouviu dois deles falando entre si:

— O oriental fica.

— Por quê? Ele não vai pra viagem da Europa?

— Vai pra Dominic, Maxwell vai cuidar dele até lá.

— Dominic não é neto do fundador?

Uma risada baixa e maldosa foi o bastante para os pelos da nuca de Jungkook se arrepiarem e o corpo tremer.

Alguém com o sangue do dono de Meretrício, aquele que teve o nojento plano de montar o maior tráfico sexual do mundo, que percorria países e satisfazia homens dos quatro cantos da Terra.

O dono de todas as casas de Meretricio queria-o para alguma coisa de objetivo que ele tinha medo de descobrir.

Manteve os olhos fechados ao ouvir os passos duros de uma bota de couro e o som das pisadas ficou cada vez mais intenso até ouvir perto demais de si.

— Tem certeza de que é ele?

— Se quiser olhar a marca. — uma voz mais longe falou com indiferença.

— Vocês dois, vem aqui! — chamou por alguém que Jungkook não viu pela cabeça ainda baixa e o corpo encolhido no chão. Contudo, não pôde ficar mais muito tempo naquela posição, pois ouviu mais passos entrando no galpão e dois pares de mãos segurando-o pelos braços para forçá-lo a se erguer.

Se não estivesse tão cansado após tantas horas de viagem, teria se defendido. Contudo, o que fez foi deixar a cabeça baixa e os cabelos tingidos cobrindo os olhos para ocultar a própria vergonha; as mãos do homem à sua frente possuíam tatuagens desbotadas e seu campo de visão baixo o fez ver o momento em que foram até sua calça para forçá-la a sair.

O coração queria pular da boca, seu corpo desejou correr o mais rápido possível, mas o pânico o deixava paralisado. Além disso, as mãos amarradas e os braços segurados com firmeza de cada lado o dificultavam, pois precisaria lutar contra no mínimo três homens para fugir.

Meretrício | TaekookminOnde histórias criam vida. Descubra agora