Meretrício | Taekookmin

23. O servo fiel

O corpo da mulher tremia pelos soluços constantes e Jungkook segurava seus ombros da forma mais delicada possível. Estavam sozinhos no quarto individual de Sabrina, uma das acompanhantes da Casa 2 de Jeon.

— Consegue beber mais um pouco? — Jungkook esticou a mão para pegar o copo de água na pequena mesa de granito do cômodo, estava sentado na cadeira de frente para a morena e estendeu o líquido.

Sabrina aceitou o copo pela metade e o tomou rapidamente, limpar a garganta ajudou a se controlar um pouco.

– De-desculpe, senhor Jeon, eu não queria te incomodar... — começou uma lamúria e abaixou a cabeça, assustada e envergonhada. Os cabelos tingidos de violeta estavam cortados na altura dos ombros e normalmente a acompanhante sempre se empenhava em arrumá-los, mas naquele dia se encontravam em estado caótico.

— Não tem que se importar com isso, é meu objetivo cuidar de vocês. — disse com a voz tranquila e macia e acariciou os ombros da acompanhante. — Agora pode repetir o que disse, com mais calma? Assim posso entender o que houve.

Sabrina balançou a cabeça e respirou fundo, um pouco mais preparada. Na primeira vez que tentou contar, soluçava e chorava muito e a compreensão se tornou difícil, mas agora faria um esforço extra para contar o que aconteceu:

Havia um homem estranho pela Casa de Jeon.

Quando analisavam as câmeras, não havia seu sinal. Quando conferiam a lista de registros de clientes, serviços ou agendamentos, também nada estranho constava. Contudo, de acordo com os acompanhantes, ele conseguia entrar na Casa com facilidade, pois estava sendo visto em diversos quartos e assustava-os invadir seus espaços tão de repente.

O que fazia lá, era uma incógnita. As acompanhantes não conseguiam se lembrar, tudo se tornava um breu na memória e apenas um detalhe permanecia: uma voz semelhante a um arranhar metálico perguntando aonde estava Vante ou Taehyung.

Por não conhecerem este nome, ninguém era capaz de dar uma resposta ao homem misterioso. Quando voltavam à realidade e à memória, ele já não estava mais no quarto.

Jungkook escutou tudo aquilo atentamente. O nome Vante permeou sua mente como uma lembrança não muito bem formada, mas extremamente familiar.

Quanto a Taehyung, ficou preocupado. Pensou se não era um antigo sequestrador em busca dele e decidiu que tomaria ainda mais precaução a partir de então.

Ao longe, o corpo carnal de Lúcifer estava mais exausto do que ele supôs ficar.

Não gostava de ir à Terra por detestar a forma humana, e estava fazendo um esforço ainda maior para se manter na realidade inventada por seu Demônio.

A dose de conhaque foi tomada de uma vez e o pequeno copo de vidro foi quase jogado no balcão do bar, tamanha a raiva.

— Como você pode ter tanto poder, seu demoniozinho infame... — rosnou para si mesmo e notou um homem se movimentar ao seu lado.

— Alguém aí não está em um dia muito bom! — soltou uma risada claramente bêbado e deu mais um gole na própria garrafa de cerveja.

— Conhece alguém chamado Vante por aqui? — arriscou perguntar ao desconhecido.

— Nunca vi isso nome antes!