Meretrício | Taekookmin

10. A carne é fraca

A chuva fraca que surgiu próximo ao meio-dia em Las Vegas deixou Eros em alerta. Chuvas quase sempre indicavam tempos frios, que também indicavam resfriados.

Não que ele estivesse preocupado com a própria saúde, e sim com a do outro morador da casa, que ainda dormia na grande cama de casal.

Eros observava Jeon em um sono pesado. Quando Vante saiu a trabalho, demorou algum tempo para criar coragem e subir ao terceiro andar. Ao fazer isso, também levou mais bons minutos andando para todos os lados do corredor que possuía uma única porta. Quando finalmente conseguiu entrar no quarto, ficou espantado com o tamanho do cômodo. O guarda-roupa de madeira era quase o triplo de tamanho do seu e havia uma ornamentada penteadeira próxima à cama. Uma pequena estante de livros e uma cômoda aberta apenas de sapatos também fazia parte do local e, no centro, a cama de casal de lençóis brancos comportava o corpo de Jeon, até então imóvel.

Eros alternava entre se sentar na beira da cama, tocar em sua testa para saber o quão quente estava e admirar os sapatos expostos. Todos bem lustrados, a maioria de couro legítimo.

Notou que o quarto possuía duas portas, uma aberta que dava a um grande banheiro e a outra fechava. Ponderou se seria prudente entrar ali e descobrir o que havia no espaço desconhecido.

Foi até Jeon novamente e colocou o termômetro de mercúrio em seu corpo para conferir a temperatura outra vez. A coberta o agasalhava bem, mas mesmo assim ele ainda tremia algumas vezes. Os lábios não estavam tão rosados como antes e o coração se apertou em partes por ver o estado adoentado de Jeon.

Não gostou muito daquele sentimento.

Decidiu ignorar o rosado por um tempo, visto que não deixaria de dormir. Olhou para trás e encontrou a porta fechada outra vez, com a curiosidade ainda aguçada.

"Se o senhor Vante não me proibiu de fazer algo aqui, então não deve ser algo escandaloso demais."

Grande engano seu.

Quando girou a maçaneta com cuidado para não acordar Jeon, espantou-se com o que estava diante dos seus olhos.

Vante e Jeon eram donos de dois quartos.

Contudo, diferente do que já conhecia, este era completamente diferente: todo em tons brancos, exceto por...

Acessórios na parede?

Duas palmatórias, um chicote de couro longo e outro mais curto. Uma corrente e a coleira que ele já conhecia, com a guia também pendurada ali.

Viu uma grade de ferro acoplada a uma das paredes, com algemas em cima e em baixo. Eros piscou diversas vezes para ter certeza se estava no mundo real.

Também viu uma cama com dossel, e em cada pequeno ferro dourado ao redor dos quatro cantos desta, havia uma algema de couro pronta para ser usada.

Uma cômoda branca de várias gavetas também chamou sua atenção. Eros imaginou que tipos de coisas poderiam estar ali dentro, e sua curiosidade foi tanta que caminhou primeiro para essa parte do quarto.

Com cuidado, abriu o primeiro compartimento e sentiu o corpo se eletrizar de forma instantânea. Uma infinidade de coisas estava ali: vendas, mais algemas, gags e prendedores — já imaginava para que serviam. Todos dispostos de forma organizada, pois o lado interno possuía divisórias.

Fechou a primeira gaveta e abriu a segunda, mais surpreso e empolgado com o que estava encontrando.

Sabia da existência dos vibradores, por mais escandalosos que fossem os rumores; desde quando era apenas Jimin. De histórias para curar a histeria de mulheres até o uso em homens a fim de ajudar na disfunção sexual, o Demônio entendia bem o real objetivo daqueles objetos: chegar a um orgasmo, estando na companhia de um parceiro ou não.