Coisas em comum

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Dia 2, terça-feira

No dia seguinte acordei antes das 9h, senti a dor muscular em meus braços. Me levantei, tomei banho, me vesti e fui preparar o café. Rafael ainda dormia no canto da sala, encolhido, a noite teve uma boa queda de temperatura e hoje chovia forte.

Não o acordei, deixei que dormisse mais um pouco. Tomei meu café na bancada da cozinha enquanto me atualizava pelo celular.

Quando voltei a sala ele havia acordado, ainda estava encolhido, sua pele arrepiada de frio. Me aproximei dele e senti um cheiro terrível de suor misturado com saliva que me fez franzir o nariz, ele tinha que tomar banho urgentemente. Me abaixei e tirei a mordaça, ele respirou fundo, me olhou com receio e eu vi que um dos grampos havia se soltado. Tirei o outro com cuidado e ele gemeu de dor quando a circulação voltou, mas não se mexeu.

— Vamos, levanta, você precisa de um banho. Vou cuidar de você.

Liguei o chuveiro para a água esquentar antes que ele entrasse, destravei a gaiola em seu pau e indiquei para que ele se aliviasse. Eu mantive as algemas dos pulsos, ele tentou se sentar na privada mas o toque de sua pele com a superfície dura o fez gemer de dor. - Tudo bem, pode fazer de pé, eu te ajudo. - Ajudei ele na missão e o guiei ao box. - Vai arder um pouco quando a água bater, mas logo passa. - Ele silvou de dor quando a água tomou seu corpo. Me aproximei dele para ensaboá-lo, tentei ser o mais delicada possível, usando apenas minhas mãos e a espuma do sabonete. Ele choramingava a cada passada de minhas mãos em sua pele sensível. Não o provoque de nenhuma forma, até porque não surtiria nenhum efeito. Tinha passado dos limites com ele ontem e isso era visível em sua pele. Tentei ser o mais gentil possível, só pedi para que se abaixasse na hora de lavar seus cabelos, porque eu realmente não alcançava. Terminei o banho, fechei o chuveiro e o sequei suavemente, encostando a toalha bem de leve em sua pele ferida. Pedi para que ele se abaixasse novamente para escovar seus dentes e percebi a marca que a mordaça havia deixado em seu rosto. Passei os dedos bem de leve em sua pele, acariciando sua barba.

Ele era lindo, seus olhos escuros me fitavam, sua boca formava uma linha quase reta e suas sobrancelhas um tanto desordenadas formavam um conjunto bem harmonioso. Terminei de fazer sua higiene e o levei para o meu quarto.

— Eu sei que você deve estar com fome. Mas preciso cuidar da sua pele primeiro.

Tirei as algemas e pedi para que ele deitasse com a barriga para baixo na cama. Ele se ajeitou confortavelmente, eu alcancei uma pomada analgésica na mesa de cabeceira e com todo cuidado comecei a passar em sua pele, bem devagar. Ele gemia baixinho conforme eu ia avançando, mas logo a pomada fez efeito e a dor foi cessando. Massageei cada marca que eu havia feito, uma a uma, via seus músculos relaxarem conforme minhas mãos caminhavam por seu corpo, desci pelas costas e depois por sua bunda, que tinha um tom mais claro que o resto do seu corpo, as marcas mais ávidas ali, fui devagar para que ele não sentisse nenhum desconforto com meu toque, segui para as coxas finalizando essa parte. Em seguida voltei minha atenção aos seus braços, massageei as marcas e dei uma atenção especial aos pulsos que haviam ficado marcados pelas algemas, massageando e acariciando sua pele. Alcancei uma pomada canforada para aliviar suas dores musculares, massageei seus ombros, que estavam doloridos de passar tanto tempo restritos pelas algemas. Quando estava finalizando a massagem percebi que ele respirava profundamente, indicando que havia caído no sono, não me incomodei com isso. Posicionei seus braços acima da cabeça e me levantei com cuidado para que ele não acordasse.

Infelizmente não confiava nele para deixá-lo solto. Escolhi um par de algemas de couro largas que não machucariam mais ainda seus pulsos, com todo o cuidado uni seus pulsos com ela e prendi a uma corrente fina que ficava presa na cabeceira da cama. Ele não acordou.

Meus planos para você - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora