No dia seguinte, após o almoço mandei uma mensagem para Rafael:
"Rafa, me encontra no Paineiras às 20h."
Paineiras era um bar-boteco próximo à minha casa. Ele me respondeu prontamente que sim e o dia correu normalmente. Exatamente 20h30 eu estava saindo da minha casa, afinal nenhuma diva chega na hora, precisamos de uma entrada triunfal.
Rafael já estava em uma mesa no bar, mas não havia levado sua arrogância junto. A bem da verdade ele estava aos farrapos. Não havia nada na mesa, nenhum pedido e ele mexia em seu smartphone, distraído. Me aproximei e me sentei em frente a ele. Ele não levantou os olhos, parecia bem envergonhado.
— Oi Letícia, como você está? - falou sem me encarar.
— Estou bem, só as minhas costas que doem um pouco. - ele me olhou, pedindo perdão com os olhos. - Você não pediu nada? Você não bebe? - eu sabia que ele bebia, já havíamos participado de algumas confraternizações juntos.
— Não estou com vontade. - respondeu meio sem jeito.
— Ah! Para! Vou pedir uma cerveja para nós! - e me virei para chamar um garçom.
— NÃO! Eu não quero NADA. - foi muito mais incisivo que o necessário.
Olhei pra ele com uma das sobrancelhas levantadas, mesmo assim me virei, chamei um garçom e pedi uma cerveja e dois copos. Estava calor, meio abafado, e a noite pedia uma bebida gelada. Quando o garçom trouxe meu pedido, Rafael afastou o copo, negando. Insisti para o garçom servir os dois copos e empurrei um deles para o Rafael.
Ele estava visivelmente impaciente, apertava as mãos sem parar, olhando sempre para a mesa enquanto eu tagarelava sobre coisas triviais. Terminei o primeiro copo e me servi de mais um.
— Você não vai beber mesmo? Nossa, tá tão calor... - falava com ele como se ele fosse meu amigo de anos e ele não se sentia nem um pouco confortável com isso.
Ele suspirou profundamente e disse:
— Eu não posso pagar. - quase não ouvi o que ele disse.
— Que? - olhei tentando entender e ele repetiu de forma mais agressiva.
— Não posso pagar!
— Como assim? - eu sabia sobre o que ele estava falando, afinal, a culpada por isso era euzinha.
— EU NÃO TENHO DINHEIRO NEM PRA PORRA DE UMA CERVEJA!!! - Ele praticamente gritou, chamando atenção de alguma pessoas próximas. Diminuindo o tom de voz ele seguiu. - Não sei o que aconteceu, mas meus cartões estão bloqueados. Tentei entrar em contato com o banco e me mandaram ir na agência, mas é feriado, só vou conseguir resolver isso na quarta. O pouco que eu tinha na carteira gastei com gasolina e um maço de cigarros.
— Ah! Não esquenta com isso, não! Eu pago! - Se você quer ferir o orgulho de um "macho alfa", pague sua conta.
— Não, obrigado! - ele disse, curto e grosso.
— Bom, você é quem sabe! Essa cerveja está no ponto!
— Letícia, o que exatamente estou fazendo aqui? - Exasperado, ele passou as mãos pelos cabelos e me olhou aguardando qualquer reação minha.
— Hum, estamos bebendo numa sexta à noite? - disse em forma de sugestão.
Ele bufou e levou as mãos à mesa novamente levantando os olhos pra mim.
— Qual é?
— Nossa, como você está estressado, eu hein?!
— Ah, não é possível! Você está tirando uma com a minha cara! - Ele estava muito irritado naquele momento.
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Meus planos para você - Livro 1
ChickLitDark Romance Sadomasoquista. De um lado a Domme Letícia e do outro lado, Rafael. Ambos colegas de trabalho que competiam pelo mesmo cargo. A disputa de personalidades fortes dentro do escritório toma outro rumo quando Letícia é promovida a Diretora...