Não se engane

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Dia 3, quarta-feira

Acordei mais cedo que o normal. Senti o calor do corpo do Rafael em minha pele. Ele havia se encaixado a mim durante a noite, me abraçando em uma conchinha confortável. Desfrutei o toque de sua pele na minha, seus braços me envolvendo e a rigidez de sua gaiola no final da minha coluna. A sensação era muito boa, fazia muito tempo que eu não dormia acompanhada na cama, talvez por isso tenha acordado tão cedo. Me desvencilhei com cuidado dos seus braços para que ele não acordasse e o observei dormir por alguns minutos. Ele tinha o sono pesado, já havia percebido isso e confesso que a minha insônia não tinha me visitado desde que ele estava aqui. Me levantei e fui tratar de fazer a rotina matinal.

Ao terminar de passar o café, coloquei em uma caneca, acendi um cigarro e sentei no balcão. Relembrei a sensação do calor do seu corpo na minha pele e dei risada lembrando sua indignação com o final do filme. Talvez ele não fosse tão terrível quanto o monstro que eu havia criado em minha cabeça. Meu celular me tirou dos meus devaneios com o sinal de notificação, olhei pra tela e não era nada de mais, voltei a apreciar o café.

"Ai, eu não podia cair nessa de novo! Qual é? Ele não era seu príncipe encantado e não estava vindo te buscar vestindo um arnês de couro. Ele ainda era o babaca que trabalhava comigo, o mesmo que não perdia uma chance de ser grosseiro e estúpido. Precisava colocar meus pensamentos no lugar! Eu tinha um plano e precisava segui-lo! Acabaria o prazo e ele iria embora sem olhar mais na minha cara!" Pensei. Respirei fundo, levantei decidida e fui a caminho do quarto.

— Ei! Acorda! - Parei do lado da cama. Ele gemeu mas não acordou. - Acorda! - Falei mais alto e o chacoalhei com as mãos. Ele acordou assustado e sorriu quando me viu, eu o ignorei e tratei de soltá-lo da corrente. - Anda! Levanta! - Tratei de puxá-lo para fora da cama. Ele caiu e gemeu. Revirei os olhos. - Mais que difícil! - Fui ao armário e alcancei a varinha-taser e apontei para ele. - Vai! - Dei um choque na lateral do seu corpo.

— Ai! - Ele reclamou se contorcendo e se apressou a ficar de joelhos.

— Vem! - Alcancei a guia, prendi em seu pescoço e tratei de puxá-lo para o banheiro.

— Aí, calma! Eu tô indo! - Reclamou. Eu virei com cara de poucos amigos e ele abaixou a cabeça. - Desculpa, senhora.

— Levanta! - Puxei a gaiola com excesso de brutalidade. Ele gemeu com meus movimentos e eu o encarei brava e apontei pro box. Ele sabia o que eu ia fazer e tentou me fazer mudar de ideia. Eu dei mais um choque em sua barriga e ele seguiu para o box. - Desliga o chuveiro! - Ele me olhou suplicante. - Apertei a varinha em suas costas e acionei. Ele gritou baixo e fez como eu pedi. Abri a água de uma vez e ele gritou quando a água gelada molhou seu corpo, tentou sair e eu lhe dei mais um choque e ele ficou embaixo do jato respirando curto de boca aberta. - Estende o braço! - Soltei as algemas dos seus pulsos. - Toma banho! - Ele me olhava sem entender o porquê de tudo aquilo. - Vai logo! - Ele se pôs a se ensaboar, tentava fugir da torrente gelada sempre que podia. Quando terminou e levou a mão para fechar o registro eu o interrompi. Peguei sua escova e a pasta e joguei no chão aos seus pés. Ele se abaixou e pegou a escova e tratou de escovar os dentes. Ao terminar ficou me olhando, aguardando minha ordem. Estendi a mão, ele me entregou a pasta e a escova e eu permiti que ele fechasse o chuveiro.

Ele tremia de frio, sua pele toda arrepiada. Me aproximei e coloquei a gaiola novamente. Ele procurava com os olhos pela toalha, mas ela não estava ali. Apontei para o chão e disse:

— Inspeção! - Ele tremia, mas se esforçou para ajoelhar. - Fica!

Sai do banheiro e voltei com uma venda, um gagball que faria sua boca ficar bem aberta, dois prendedores, um vibrador que se encaixava na gaiola e dois pares de algemas unidos por uma corrente, muito parecida com aquele que os presidiários usam nos filmes.

Meus planos para você - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora