Não é só dor

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Dia 7, domingo.

Acordei com meu celular tocando, era por volta das 10h, olhei para tela e desliguei sem pensar duas vezes. Levantei da cama, chamei o Rafa e fui para o banheiro. Estava escovando os dentes e ouvi meu celular tocar de novo, revirei os olhos e enxaguei minha boca. Quando virei para ir pegar o celular esbarrei no peito do Rafael, que trazia meu celular, ainda tocando. Olhei a tela e era ele de novo, na tela mostrava Shane, desliguei novamente. "Chato pra caraleo" pensei.

Tratei de retirar, sob protestos, o plug da bundinha linda do Rafael e o deixei sozinho no banheiro, para preparar o nosso café da manhã.

Nem 10 minutos depois, meu celular tocou novamente, era o Shane de novo, desliguei. Peguei um café enquanto esperava o chuveiro desligar. Nova chamada, desliguei. De novo, desliguei. Não era possível. Tocou novamente e eu perdi minha paciência e atendi.

Eu: O que que você quer?

Shane: Oi amor, como você está?

Eu: O que você quer? Fala logo ou eu vou desligar.

Shane: Eu quero saber como anda minha gatinha linda, ué?!

Eu: Shane, vai pro inferno!

Desliguei. Eu estava nervosa, respirei fundo e tomei um gole do café. Ouvi o chuveiro fechar. Quando fui levantar meu celular tocou mais uma vez. Isso não era possível. Atendi.

Eu: "Para de me encher o saco!"

Shane: "Calma linda! Você está muito estressada!" - Bufei e revirei os olhos - "Deve estar sentindo falta do Shane aqui, não?!" - sua voz era convencida e eu comecei a tremer de raiva e ergui a voz sem perceber

Eu: "Shane! Vê se te enxerga! Eu não quero ver você, mas nem pintado de ouro! Seu traidor desgraçado!

Shane: "Ah, querida, mas eu sinto a sua falta, meu pau tá duro como pedra só de ouvir a sua voz."

Eu: "Vai se foder!"

Shane: "O que você vai fazer na quinta? Tá de home office, né?! Vou passar aí te fazer uma visita, tô louco para deixar essa sua bundinha toda vermelha!"

Eu: "Você não é nem louco de aparecer aqui!"

Ele riu e eu desliguei a ligação e o aparelho todo, coloquei ele com raiva no balcão e peguei um cigarro, precisava me acalmar. Quando virei dei de cara com o Rafael parado na porta da cozinha, de toalha na cintura, me olhando preocupado. Eu o encarei, a fúria queimando em meus olhos, e ele deu um passo pra trás erguendo as mãos em sinal de rendição.

— Mas o que é que você está fazendo aqui? E desse jeito? - Praticamente gritei, ele arregalou os olhos e se ajoelhou. Peguei ele pelos cabelos e o puxei para o banheiro empurrando sua cabeça para o chão e o deixando em posição.

Minha irritação não era com ele, eu sabia disso, mas fiquei tão desestabilizada que eu não consegui separar as coisas. Peguei o plug passei o gel e enfiei nele de uma vez, ele gritou de dor e se jogou pra frente.

— Termina logo essa merda! - E sai batendo a porta do banheiro.

Peguei outro cigarro e fui pra varanda. Eu apertava minhas mãos, a raiva não passava. Quando o Rafael voltou a sala mandei que fosse comer e nem olhei pra ele.

Como é que aquele babaca tinha coragem de me ligar depois de tudo o que ele fez? Qual era o problema dele? Aquele cretino arrogante do caraleo, traidor maldito! Eu apertava o parapeito com força. Soltei um "Ahh" de frustração e aquele sentimento violento revelou sua verdadeira face, senti as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, sequei com as mãos com raiva e gritei novamente, como é que aquele babaca ainda me afetava tanto? Parti em direção ao quarto como um tiro, bati a porta, me joguei na cama e me deixei chorar lágrimas amargas de tristeza e rancor.

Meus planos para você - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora