Capítulo 74

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POV: Perseus Heitor Jackson.

Nós viajamos no javali até o pôr do sol, o que era o máximo que as minhas costas poderiam aguentar, imagine viajar em uma escova de aço gigante por um leito de cascalho o dia todo, é o quanto é confortável viajar em um javali. Zoë não falou comigo por todo percurso, o que também não ajudou muito na viagem, eu não tinha ideia de quantos quilômetros nós cobrimos, mas as montanhas desapareceram na distância e foram substituídas por quilômetros de terra seca e plana, a grama ficava espessa enquanto nós galopávamos (javalis galopam?) pelo deserto. Quando a noite caiu, o javali parou em um riacho, cansado e resfolegando, ele começou a beber a água lamacenta, então arrancou um cacto Saguaro do chão e o mastigou com espinhos e tudo.

---Isso é o mais longe que ele irá ---disse Grover. ---Precisamos ir embora enquanto ele está comendo. ---Ninguém discutiu, nós saímos das costas do javali enquanto ele estava ocupado devorando cactos, então gingamos para longe do melhor jeito que pudemos com nossas assaduras de sela, depois do seu terceiro saguaro e outro gole de água lamacenta, o javali grunhiu e arrotou, então se virou e galopou de volta em direção ao leste.

---Ele gosta mais das montanhas ---eu imaginei.

--- Eu não posso culpá-lo ---Thalia disse. --- Olhe. ---À nossa frente estava uma estrada de duas pistas coberta pela metade com areia, do outro lado da estrada estava um grupo de construções muito pequeno para ser um povoado: uma casa murada, uma loja de tacos que parecia não ter sido aberta desde antes de Zoë Doce-Amarga ter nascido, e olha que isso tem milhares de anos e um escritório dos correios de reboco branco que tinha uma placa que dizia GILA CLAW, ARIZONA suspensa tortamente acima da porta, mais além, havia uma cordilheira de colinas... mas então eu percebi que elas não eram colinas comuns, o interior estava muito plano para isso, as colinas eram enormes montes de carros velhos, ferramentas e outras sucatas, era um ferro-velho que parecia não terminar nunca, era um dos ferro velhos do meu irmão, Hefesto, devíamos ser muito cuidadosos no território de Hefesto, não pegar nada, ele é altamente meticuloso em relação às suas coisas, desde as mais inúteis, como sucatas e projetos falhos.

---Mas que droga, atravessar esse ferro velho do meu irmão vai ser duro. ---eu falei.

---Do seu irmão? ---Perguntou Bianca me olhando.

---Sim. ---Respondi assentindo. ---Hefesto, deus dos ferreiros e meu irmão.

---Algo me diz que não vamos encontrar um carro pra alugar aqui ---Thalia disse, ela olhou para Grover. ---Imagino que você não tenha outro javali selvagem na manga? ---Grover estava farejando o vento, parecendo nervoso, ele pegou suas bolotas e as jogou na areia, então tocou sua flauta, elas se rearranjaram em um padrão que não fazia sentido para mim, mas Grover olhou preocupado.

---Somos nós ---ele disse. ---Aquelas seis nozes ali.

---Qual delas sou eu? ---perguntei.

---A pequena e deformada ---Phoebe sugeriu rindo.

---Ah, cale a boca. ---Disse mostrando o dedo do meio para ela, ela riu alto.

---Aquele aglomerado logo ali ---Grover disse, apontando para a esquerda, ---aquilo é problema.

---Um monstro? ---Thalia perguntou, Grover parecia desconfortável.

---Eu não farejo nada, o que não faz sentido, mas as bolotas não mentem, e nunca erram, nosso próximo desafio... ---Ele apontou na direção do ferro-velho, com a luz do sol quase inexistente agora, as colinas de metal pareciam algo de outro planeta.

---Vamos acampar aqui. ---Sugeriu Phoebe.

---Acho que tudo bem. ---Disse para ela. Zoë e Bianca produziram seis sacos de dormir e colchões de espuma de suas mochilas, apesar de suas mochilas serem minúsculas, mas deviam ter sido encantadas para aguentar tanta coisa, um encantamento parecido com a da minha bolsa, a noite ficou fria rapidamente, então eu e Grover pegamos tábuas velhas da casa em ruínas e eu as incendiei para fazer uma fogueira, então logo nós estávamos tão confortáveis quanto se pode ficar em uma cidade fantasma em ruínas no meio do nada.

Percy Jackson o Guerreiro Sem LimitesOnde histórias criam vida. Descubra agora