Desde o happy hour acho que a Aninha e todo mundo do escritório estão me olhando diferente. Tento pensar que é neura minha, que obviamente ninguém tá falando nada, até porque não aconteceu nada além de um happy hour, mas é incrível como sempre acho que todos conhecem meus pensamentos e intenções. Só o fato de eu ter considerado algo além com a Aninha, fico achando que todos sabem o que imaginei , e que já estão comentando tudo.
Estes dias a Su, minha sócia e amiga de faculdade, me procurou pra perguntar como tinha sido o happy com a Ana, até brincou dizendo que eu nem tinha convidado ela e tal...Desconversei explicando que decidi de última hora, e ela já não estava no escritório, mas que teria sido otimo se ela tivesse ido. Expliquei que foi algo simples de improviso pra reconhecer o mérito da Ana e motivá-la... mas a verdade é que quando ela veio falar comigo e introduziu o tema, eu gelei ... foi como se ela tivesse descoberto algo gravíssimo, em 2 segundos passou um filme na minha cabeça do mundo desmoronando sobre mim e meu prestígio e credibilidade indo por água abaixo...
Acho que sempre zelei muito pela imagem de mulher independente, empresária bem sucedida, boa mãe e esposa bem casada, e por muito tempo, não me passava pela cabeça cometer qualquer deslize que colocasse essa imagem em risco. O fato do Ric ter "plantado uma semente" de algo subversivo, fora do habitual , talvez tenha sido o único meio de eu me libertar uma pouco das amarras morais que sempre estiveram muito presentes em minha vida, desde a minha infância.
Tenho refletido muito sobre questões que antes não tinham espaço nem no meu pensamento . Não faz muito tempo, li um texto filosófico que explicava que temos três tipos de coisas a dizer na vida: o primeiro tipo são aquelas coisas secretas e delicadas, que só contamos pra quem é muito próximo da gente, e ainda assim o fazemos com reservas e muitos cuidados. O segundo tipo, são as questões mais íntimas, que não contamos pra ninguém, nem mesmo para as pessoas em quem mais confiamos, são o tipo de coisa que guardamos só pra gente, nossos segredos mais íntimos. E o terceiro tipo, são as coisas que não contamos nem pra nós mesmas, são as coisas que estão , por algum motivo, numa zona proibida, de total bloqueio, e sobre as quais não conseguimos sequer refletir a respeito.
Por muito tempo, ter um relacionamento com mais alguém que não fosse o Ric, era uma dessas coisas impensáveis, do tipo que não havia espaço nem pra considerar. Olhando em perspectiva, é óbvio que já tive contato com pessoas que me desejaram e com as quais eu poderia ter tido algo, e certamente, conheci muitos gente interessante pelas quais eu poderia ter me interessado, mas esta couraça protetora sempre me afastou de tudo e todos.
Fato é que o Ric me fez pensar que, não é preciso destruir o que já temos, pra experimentar algo novo, interessante. Que não precisamos trair um ao outro, pra poder viver algo tão natural quanto a experimentação sexual com outras pessoas, dentro ou fora do casamento, seja do mesmo sexo ou não.
De um jeito ou de outro, o Ric abriu uma porta para um mundo novo, e isto nos aproximou , nos tornou mais próximos do que nunca. Sinto que nossa relação se aprofundou, voltamos a nos desejar de um jeito que já não existia, pois o casamento, o respeito mútuo, é muito bonito, mas inegavelmente traz um certo esfriamento dos desejos... aquele friozinho na barriga, a vontade de falar com a pessoa o tempo todo, de ver novamente, tudo isso vai dando lugar aos compromissos com casa, filhos, pais, trabalho e afins.
Interessante que em nenhum momento passa pela minha cabeça abrir mão de tudo que construímos juntos. Sigo amando o Ric e adoro ser casada , talvez agora mais do que nunca, mas a diferença é que tenho conseguido me pegar pensando em viver experiências de casal, e também até mesmo individuais. Foi como despertar a Monica individual, que existe em mim, mas que tinha sido soterrada pela Monica esposa, mãe, sócia, empresária etc...
Estou me cuidando mais, estou desejando mais, estou mais atenta. Parece que saí do modo piloto automático, e comecei a guiar pela minha própria vida olhando a paisagem, as flores e tudo mais de atraente e belo que existe no meio do caminho.
Mas devo admitir que, tudo isso, ainda vem com certa dose de culpa. Quando reflito, acho tudo maravilhoso, mas logo em seguida, me sinto culpada, como se esta alegria, este fogo interior, esta vontade de viver e aproveitar a vida intensamente, fosse pecado ou moralmente muito errado.
Ainda não sei como lidar com tudo isso, mas sei que não quero abrir mão desta nova Monica. Quero realizar o fetiche do Ric, ele agora é meu fetiche também, e sei que isto irá nos colocar em outro patamar de cumplicidade como casal, mas com este fetiche surgiram outros desejos, nem todos envolvem Ric, e é isto que me dá medo.
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A ESPOSA, O CEO E A MENINA
RomanceEm uma noite deliciosa de amor com a linda esposa Monica, o executivo Ric, CEO de uma multinacional, bem sucedido, poderoso e muito bem casado, revela, no auge do prazer, que gostaria de realizar um fetiche: "ter duas mulheres na cama..." Monica, a...