Capítulo 9 - Noite em claro

1.1K 29 24
                                    

No dia seguinte, não eram 8h da manhã quando Susana me mandou uma mensagem informando que já estava chegando na sede do grupo Freitas para tratar do projeto do suntuoso hotel Magestic, planejado para ser construído em um balneário próximo a Caraívas, vilarejo-ilha situado no sul da Bahia, perto do monte pascoal onde o Brasil fora descoberto por Cabral e suas caravelas.

_ Amiga, já estou chegando aqui, torce por mim – dizia a mensagem da Su, meio aflita, ela não gostava muito de tratar com o Ronaldo, homenzinho chato, baixinho, com uma barbicha horrível. É o gerente geral do grupo Freitas. Ele de fato costumava ser bem intransigente.

_ Vai dar certo Su, vai dar certo! Depois me conta como foi... – respondi tentando tranquilizá-la.

Eu havia deixado o Rapha na escola e já me encaminhava para o escritório. Também tinha uma agenda cheia pela frente.

Me sentia um pouco cansada, e certamente isso tinha a ver com o fato de ter dormido mal na noite anterior, por causa do encontro com a Aninha.

Embora tivesse chegado em casa relativamente cedo, pouco depois das 22h, demorei muito para pegar no sono, e quando consegui, fiquei acordando a noite toda, pois não conseguia tirar da cabeça os detalhes daquele encontro, fiquei revivendo tudo, pensando nos acontecimentos e suas possíveis consequências. O pior é que não tinha ninguém com quem dividir o que estava sentindo – com o Ric não podia falar, pois embora estivesse percorrendo um caminho totalmente novo, pra satisfazê-lo, não me sentia a vontade pra dividir as coisas no estágio em que estavam. Com minha mãe nem pensar, com todo puritanismo dela, era perigoso ter um infarto. Talvez pudesse falar com a Susana, ela tinha minha idade, mas já estava no terceiro casamento, sendo muito mais experiente do que eu nestes assuntos de encontros, além do mais, foi minha melhor amiga de faculdade e já éramos sócias há anos...

Minha sorte foi que peguei o Ric meio cansado e sonolento quando cheguei ontem à noite, estava preocupada com as perguntas que ele poderia me fazer, pois não sei mentir, e iria me enrolar toda se ele começasse a pedir muitos detalhes. Felizmente, quando cheguei ele já estava deitado, lendo, prestes a dormir. Ele dorme cedo, no máximo as 23h, pois costuma acordar as 5h pra correr ou ir para a academia. E ultimamente tem saído às vezes até mais cedo, pois está se preparando para a sua primeira Ultra-maratona, a "Two Oceans" na Africa do Sul que vai ocorrer em abril do ano que vem.

Ao me ver, apenas perguntou de forma simplória como tinha sido a reunião, mas, claramente não queria saber dos detalhes, nem estava querendo uma conversa àquela hora. _ Foi boa amor – respondi sem dar espaço para detalhes, e enquanto me trocava no closet fui perguntando como tinha sido a noite dele com o Rapha, o que tinham feito, comido, etc.

Ele comentou, abrindo a boca de sono, que tinha sido boa. Jogaram vídeo game e pediram fast-food (coisa rara em casa)...
_O Rapha comeu um burger com batatas fritas e eu comi sushi - comentou ele.

_E foi bom amor? Tava gostoso?

_Sim, ótimo, até achei que não seria bom porque foi muito barato – escolhi porque era o que estava com entrega mais rápida...

_Sério?

_Sim, paguei uns R$ 10 reais no hamburger com fritas e uns R$ 20 no combinado de sushi. Com taxa de entrega, bebidas e tudo mais não deu nem R$ 50 ...

_Nossa amor, barato mesmo, e estava bom? Perguntei sem qualquer interesse no tema, apenas com a intensão de ir alongando aquele papo sem futuro, como se precisasse disfarçar para ele não perguntar detalhes da minha própria noite.

_Siiimmm amorzinha, táva ótimo – e já praticamente dormiu, ele não queria conversa e eu estava ali achando que precisava disfarçar... aff

A noite se passou, o dia já estava amanhecendo quando deu 5h da manhã e vi o Ric saindo pra correr, mas fingi que estava dormindo, virei para o outro lado e cochilei até as 6h30, quando o meu celular despertou.

Segui minha rotina de ir acordar o Rapha, preparar o leite dele. É difícil convencê-lo a comer qualquer coisa pela manhã, mal toma o leite achocolatado.

Me arrumei, arrumei ele, e saímos pontualmente as 7h05, como fazemos diariamente, pois precisava deixar ele as 7h20 na escola, que ficava bem perto de casa.

Agora estou chegando no escritório, vou direto ao toalete tentar tirar esta cara de sono com um bom jato d'agua fria no rosto, pois tenho um dia cheio e meus clientes não têm nada a ver com minhas peripécias sexuais, aliás, quem poderia imaginar, eu, Monica Bergamo, a respeitava arquiteta, a pura, a recatada, agora tentando conquistar uma garota para um menage com o marido.

A ESPOSA, O CEO E A MENINAOnde histórias criam vida. Descubra agora