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Enquanto o diretor conversava com Jenna sobre a próxima cena solo que ela iria fazer, eu relia algumas falas para ter certeza que eu tinha decorado.

— Esse filme vai ser o melhor enemies to lovers da história do universo. — Emma Myers comentou ao meu lado. Ela estava de braços cruzados ao que observava Jenna começar a atuar.

Ela estava no corredor da escola, conversando com Josh, um dos seus amigos babacas para que ele pudesse fazer algo contra Eve, a minha personagem.

— Eu também acho. E tá sendo tão bom participar disso.

— Já até imagino o por quê. — ela respondeu. Franzi meu cenho sem entender do que a garota estava falando. — Não se faça de boba, sabe do que eu tô falando.

— Não sei. Eu juro. — confirmei quando ela me olhou com os olhos semi cerrados, indicando que não confiava em mim.

— Você e a Jenna. De papinho há umas duas semanas.

— Mas somos as personagens principais. É normal que a gente tenha que conversar.

— Não é. Sabia que eu já fiz um filme sem conversar com o meu par fora das câmeras? — ela contou, parecendo se relembrar. — Ele era bem babaca, mas mesmo assim tive que beijar ele.

Soltei uma risada sincera.

— E ele beijava bem?

Ela fechou os olhos com força, concordando em silêncio.

— Depois do beijo ficamos amigos. A gente até teve um caso, acredita?

— Isso é bem a sua cara, Myers. — respondi, rindo. Quando Jenna acabou a sua cena, os produtores me chamaram.

— Ortega e Monroe, vocês sabem qual é essa cena que vamos gravar, certo?

— A que Eve finalmente para de ser humilhada e encara Angelina na frente da escola toda? — perguntei, sabendo que a resposta era sim.

— Exatamente. — Tim Burton andou até o lado de Jenna e começou a gesticular. — Quando você ficar a uns dois passos da Jenna, você vai começar a falar. Aos poucos você vai aumentar a voz, mas eu não quero que você exagere. Só fale alto o suficiente para Angelina ficar assustada com a sua repentina mudança de atitude. Entendido?

— Sim. — afastei alguns passos de Jenna, que permaneceu parada no meio do corredor. Alguns produtores terminaram de conversar com os figurantes e saíram de frente das câmeras.

— Ação! — Burton gritou, dessa vez sem o megafone. Pisquei algumas vezes e comecei a andar junto com a câmera, que me filmava de frente.

Assim que parei a dois passos de Jenna, ela me encarou friamente da cabeça aos pés.

— Mesmo depois de ontem você ousa voltar nessa escola? Qual é a merda do seu problema? — ela perguntou, se aproximando um passo.

Fiz uma expressão de raiva e bufei.

— "Qual é o seu problema?" — dei um passo discreto. As câmeras me acompanharam. O silêncio nos bastidores estava tão presente que eu conseguia ouvir minha voz dando um eco no fundo da minha cabeça. — Angelina, você é simplesmente a maior filha da puta do mundo. — murmurei entre dentes. — Eu nunca fiz nada pra você e você sempre ficou me perseguindo. — apontei o dedo no seu peito, fazendo um pouco força ao encostar no uniforme dela.

— Eu não pedi pra você-

— Eu não tô nem aí para o que você pediu! — aumentei o tom de voz ao mesmo tempo que dei mais um passo na sua direção. Jenna mudou a direção e recuou um pouco. — Eu lutei muito pra estar aqui, não seja uma filha da puta só porque você tem dinheiro! — a empurrei contra os armários, fazendo um barulho alto ecoar pelo local. — Eu tô farta desse seu comportamento. A verdade é que você só me trata como merda porque não recebe amor de pai e mãe em casa. Ou eu tô errada?

Angelina soltou uma risada rancorosa.

— Você tá vendo o quanto tá chamando atenção? — ela sussurrou, mantendo contato visual comigo. Por um segundo esqueci o que tinha que responder, mas me recompus rapidamente.

Aproximei meu corpo do dela, em uma cena totalmente improvisada. Coloquei uma mão lado de sua cabeça, dessa vez tendo todo o controle sobre a situação fictícia.

Nosso contato visual manteve por alguns segundos até eu abrir a boca para responder:

— Tem razão. Todos viram o quanto você foi humilhada por uma miserável. — falei na mesma altura que ela tinha me respondido e me afastei rápido, quase batendo a cara em uma das câmeras.

— Corta! — Burton voltou com o megafone em mãos.

Voltei para perto de Jenna e Burton, sorrindo. Ele piscou devagar.

— Eu não tenho palavras para descrever o quanto eu adorei essa cena, meninas. E parabéns pela cena improvisada, Monroe. — agradeci com a cabeça, me virando para Jenna.

— Eu te machuquei? Te empurrei muito forte contra esses armários?

— Não, tô bem. — ela sorriu. — A cada dia você consegue me surpreender de uma forma diferente.

Ri nervosamente.

— Hã... obrigada. Vou beber uma água. — me afastei dela rapidamente, indo em direção ao bebedouro.

Consegui ver Emma me olhando com um sorriso maroto e as sobrancelhas arqueadas. Somente a mostrei o dedo do meio, rindo.

Netflix | Jenna Ortega Onde histórias criam vida. Descubra agora