14.

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O som alto da boate estourava meus tímpanos, a aglomeração de pessoas dançando e roçando umas nas outras dentro da balada abafada tornava o ambiente claustrofóbico.

Eu, Jenna, Emma, Georgie e Timothée nos direcionamos ao canto do local, onde dois barmans preparavam bebidas rapidamente. Myers pediu uma dose de alguma bebida alcoólica para começarmos a noite.

— Vamos dançar. — Emma avisou, após alguns minutos, com um copo de bebida na mão, assim como Georgie. Os dois se misturaram entre as pessoas e sumiram do meu campo de vista.

Jenna já estava na terceira dose de vodca pura quando a impedi de beber a quarta.

— O que pensa que tá fazendo? — perguntei, recebendo um tapa na mão como resposta.

— Eu preciso beber, me deixa. — respondeu, pegando o copinho para virar a bebida na boca novamente.

Bufei com raiva, mas deixei a garota beber.

Quando o barman colocou o drink de Timothée na mesa, Jenna o olhou com um sorrisinho que foi retribuído pelo garoto. Revirei os olhos, pedindo um drink para não ficar sozinha e sóbria nesse lugar.

O garoto se afastou, indo para a pista de dança enquanto Ortega pedia um drink como o meu. Ela balançava o corpo lentamente na batida da música.

— Eu nunca mais vou pra esses lugares que o Georgie quiser me levar. — Emma apareceu atrás de mim nervosa, com metade do vestido machado de alguma coisa.

— O que aconteceu? — perguntei, me virando para ela. O cheiro de bebida na roupa da garota era forte.

— Algum idiota estava passando e derrubou um copo cheio de Jack Daniel's nela. — Georgie explicou de forma rápida e um pouco nervosa.

— Jack Daniel's? — questionei, sem saber do que se tratava. Eu não sabia literalmente nada sobre bebidas.

— Whisky. — explicou, pedindo guardanapo para o barman em seguida.

Atrás de mim, Jenna se levantou do banquinho e começou a andar na direção da pista de dança.

Abri a boca para impedi-la, mas a minha amiga me repreendeu.

— Deixa ela. A gente tá olhando ela daqui. — assegurou, com um pequeno sorriso. Assenti, ainda encarando a pequena garota se perder entre as pessoas.

Jenna parou de andar quando encontrou com Timothée, que dançava animadamente. Os dois balançaram os corpos juntos, em sintonia.

— Que merda. — reclamei, desviando o olhar daquela cena ridícula.

Georgie ainda tentava ao menos tirar o excesso de bebida do vestido de Emma, que estava sentada em um dos bancos bebericando um drink qualquer.

— Acho que você deveria se importar menos com ela. — Myers disse, chamando a minha atenção.

— Eu também acho. — respondi, suspirando. — A gente já tá a tanto tempo gravando que eu criei sentimentos por ela, sabe? — a bebida agia no meu corpo, fazendo eu desabafar. — Agora não consigo mais... — a minha frase morreu no ar quando eu olhei para trás e encontrei Timothée beijando Jenna.

Os dois pareciam estar bem envolvidos no ato, o que me deixou bem desconfortável.

— Monroe, não olha. — Emma pediu, mas eu simplesmente não conseguia desviar o olhar. Minha barriga se revirou como se eu estivesse enjoada ao ver a cena, acompanhada de uma dor no peito. — Monroe! — Myers me puxou fracamente, tirando a minha atenção da cena para olhá-la.

Balancei a cabeça.

— Eu preciso beber.

Arrependimento. Era o que sentia.

Eu não deveria me importar com Jenna, eu não deveria gostar dela, eu sequer deveria ter inventado de fazer esse filme. Argh, eu me ardia em ódio enquanto saía do carro de Georgie.

Além de estar com raiva, eu estava bêbada. Não tanto como Ortega, porém. Por isso, mesmo que eu estivesse zangada com ela, tive que ajudá-la a sair do automóvel.

Emma ficou para despedir dele enquanto eu caminhava as duas da manhã em direção ao meu trailer, limpando uma lágrima solitária que molhou meu rosto.

Ouvi os passos de Jenna e mesmo que tivesse de costas, sabia que ela não estava indo para o próprio trailer.

— Por que tá me seguindo? O seu trailer fica pro outro lado. — falei, respirando fundo.

— Eu não tô indo pro trailer. — Jenna tinha a voz estranhamente baixa demais, quase um sussurro. — Quero conversar com você.

— Não, Jenna. Você tá muito bêbada, vai dormir. — apontei para a direção de onde ela deveria ir, recebendo um revirar de olhos como resposta.

— Eu acho que te devo uma explicação.

— Sobre?

— O Timothée. — cruzei os braços na frente do corpo, observando ela tentar se aproximar um pouco mais de mim. Recuei um passo.

— Eu não quero saber. — respondi, ríspida. Já não bastava eu ter visto o beijo dos dois, agora teria que escutar uma Jenna bêbada falando sobre ele.

— Ele não beija bem... se serve de consolo. — girei o corpo de novo, não querendo ouvir mais nada que saía da boca dela.

Eu estava errada? Sim. Porém eu estava quase que literalmente morrendo de ciúmes e não conseguia controlar isso. O mais certo era somente ignorar a Ortega por um tempo, até que eu me recomposse.

— Monroe, me escuta!

— Jenna, eu não quero saber! Você não me deve explicação de nada da sua vida!

Ela baixou o olhar.

— Por que tá me tratando assim? — perguntou, sem jeito.

— Assim como?

— Eu tô bêbada e você tá me tratando super mal. — comentou, sem entender. Suspirei. — O que eu fiz pra você?

— Não é nada, okay?

— É sim. — ela me encarou com os olhos brilhando de lágrimas. Ótimo, muito bom Monroe. Fez uma garota bêbada chorar. — Você não estava tratando a Emma desse jeito.

— Me desculpa. — passei a mão no rosto, exausta. — Eu só tô com dor de cabeça e preciso descansar. Você tem que fazer o mesmo. — tentei, conectando nossos olhares.

— Posso dormir com você? — questionou, inocente. Jenna bêbada parecia uma criança carente. — Eu também não tô me sentindo muito bem.

— Melhor não. — inspirei fundo, fechando os olhos por alguns segundos. — Vamos, eu te levo pro seu trailer.

Ela sorriu, parecendo menos triste e começou a me seguir meio tonta. As vezes a morena tropeçava no próprio pé e eu tinha que segurá-la e a única que ela fazia era rir do meu desespero.

— Você vai ficar bem? — perguntou novamente quando subiu as escadinhas com a minha ajuda. Assenti com a cabeça, sorrindo forçadamente. — Olha... eu não sei o que eu fiz hoje porque sinceramente eu tô muito bêbada pra lembrar, mas me desculpa se eu fiz algo que te magoou. — pediu, com um biquinho nos lábios.

Um sorriso pequeno, mas verdadeiro, nasceu nos meus lábios. Estiquei o braço e baguncei a franjinha de Jenna, que riu com o gesto.

— Não se preocupe.

Netflix | Jenna Ortega Onde histórias criam vida. Descubra agora