19.

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— Você tá pegando a Angelina? — Wendy me perguntou, parecendo muito chocada com a informação.

— Não tô pegando ela. A gente só se beijou algumas vezes. — consertei, desviando o olhar.

— E aquela idiota nem teve coragem pra me dizer isso.

— Não era pra ninguém saber. — a olhei com intensidade. — E você, Wendy, boca fechada.

Ela passou o dedo indicador e polegar na frente da boca, como se tivesse fechando um zíper.

— Vem, vamos pra aula. — ela me puxou pro braço, amigável.

— Corta! — Burton falou pelo megafone. — Próxima cena: ato oito, cena cinco.

A produção do cenário começou a trabalhar rapidamente, enquanto Emma saía de frente das câmeras e Jenna e sua mãe entravam em cena.

Trocamos nossas roupas, adaptando alguns acessórios no corpo e depois de tudo pronto, estávamos prontas para a cena.

— Ação!

— Angelina, é verdade que você beijou essa garota? — a sua mãe perguntou, me encarando com fúria exalando dos olhos.

— Mãe... — Angelina tentou dizer algo, mas nada vinha a sua cabeça para usar de desculpa.

A mulher acertou um tapa no meu rosto. Realmente acertou, porque eu senti a ardência no meu rosto, fazendo meu corpo cambalear para o lado como consequência.

— Mãe! — Jenna entrou na frente dela. — Não faça isso de novo. — ordenou, entre dentes.

— Então é verdade que você está se relacionando com essa pobre? Ela não tem nada a nos oferecer! — gritou com a filha, enquanto eu permanecia no canto da sala.

Angelina encarou a mãe nos olhos, irritada.

— O que ela tem a oferecer é problema meu. — respondeu, ríspida. — Não encoste mais nela, ou eu mesmo faço pior. — ela correu até mim, pensando que a cena tinha se encerrado para ver como eu estava.

— Você tá bem? — perguntou, me olhando preocupada. Desviei o olhar para Burton atrás das câmeras e ele indicou que deveríamos continuar a cena improvisada.

— Sim. Eu tenho que ir. — tentei dar um passo, mas Jenna segurou meu pulso.

— Não liga pra minha mãe. Ela é uma idiota sem coração.

— Talvez ela esteja certa, afinal. — tirei a sua mão do meu pulso, saindo da cena.

— E corta! — Tim apareceu com um grande sorriso. — Ótimo garotas. — leu algo no papel. — Vamos aproveitar e gravar a cena sete desse mesmo ato. Encontro vocês lá fora em dez minutos.

Assentimos juntas e Jenna continou ao meu lado. A produção e direção do filme começou a se movimentar para levar todo o cenário e câmeras para fora da sala, desmontando-a em seguida.

— Você se machucou com o tapa? — ela perguntou, segurando uma risada. Ri de volta, negando. A garota analisou a minha bochecha, passando os dedos tentando ser delicada.

— Tá tudo bem. — coloquei a minha mão em cima da sua, sorrindo. — Vamos lá.

Nos direcionamos para fora da casa, onde a produção já terminava de arrumar tudo. A tela verde no teto já estava colocada, as câmeras arrumadas nos devidos ângulos.

— Muito bem, garotas. Vocês vão discutir como está no roteiro, então vai começar a chover. Eu quero que essa cena tenha muita emoção, quero ver lágrimas e tudo mais. Entenderam?

— Sim. — respondemos em um uníssono.

— Vamos lá. — ele mostrou um joinha para a pessoa que estava em cima de uma escada, fora das câmeras com uma máquina que simulava chuva. — Ação!

— Eve, espera! — Angelina correu atrás de mim, encostando no meu ombro. Virei meu corpo brutalmente, a encarando triste.

— Que foi? Veio me bater como a sua mãe? — a minha voz estava carregada de raiva e desgosto.

Angelina se afastou um passo.

— Sabe que eu nunca faria isso. — ela respondeu, parecendo machucada com as minhas palavras.

— Ela tem razão, sabia? — falei, jogando os sentimentos pra fora. — Talvez nós duas juntas seja um erro.

— O que quer dizer com isso?

— O que você acha?

— Você tá terminando comigo? — ela perguntou, os olhos se enchendo de lágrimas. Desviei o olhar, sentindo os meus também quererem transbordar em um choro.

— Terminando o que? Quando foi que me pediu em namoro?

— Eu-

— Só me esquece, tá bem? Tenta se lembrar que você é aquela Angelina do começo do ano que me odeia.

E então a chuva começou, nos molhando inteiras. Pisquei com dificuldade.

— Para com isso! Você não tem ideia do que tá falando!

— Se você continuasse a me odiar como antes, tudo estaria mais fácil agora. — limpei os olhos. Não sabia identificar se era pelas minhas lágrimas  ou pela água da chuva falsa que caía incessantemente.

Angelina deu um passo na minha direção.

— Por favor, não faz isso. — implorou, com o rosto triste. — Você não sabe o quanto eu mudei desde que você entrou na minha vida.

Suspirei.

— Só... me esquece. — quando ia virar as costas, Angelina correu na minha direção, puxando minha cintura para si e colando nossas bocas em um selinho.

— Eu te amo. Por favor, não me abandona.

— Quando vocês duas iam me dizer que estão se pegando? — assim como a própria personagem, Emma parecia insatisfeita por não saber da fofoca. Ela colocou a bandeja de comida agressivamente contra a mesa.

— Quem te contou isso? — questionei, sem entender.

— Então é verdade? Eu tinha jogado um verde. — deu de ombros, com um sorrisinho. — Então funcionou? — dessa vez ela olhou para Jenna, que assentiu com a cabeça olhando para a comida, enquanto escondia um sorriso.

— O que funcionou? — intercalei o olhar entre as duas, confusa.

— Posso contar? — Myers esperou uma resposta de Jenna.

— Pode.

Emma me olhou, animada.

— A gente planejou tudo.

— Tudo o que?

— A Jenna ir pro meu trailer ontem e pedir pra te levar seja lá onde for que vocês tenham ido ontem. Ela tinha pedido a minha ajuda pra fazer isso. — explicou, mordendo uma batatinha. A encarei, perplexa.

— Jenna! — repreendi a garota, que levantou as mãos em sinal de rendição.

— Foi por um bom motivo! — se defendeu, com um sorriso.

— Só te perdôo porque realmente foi por um bom motivo. — Emma encarava a cena com um sorriso. Ela sem dúvidas trabalhou muito de cupido para mim e Jenna.

— Podem me contar com detalhes o que aconteceu? Eu estou quase morrendo sem saber de nada.

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