21.

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DOIS MESES DEPOIS

— O nosso filme foi o maior sucesso. — Ortega comentou mexendo no celular enquanto eu fazia um brigadeiro na cozinha do meu apartamento. — Tá entre os três mais assistidos da Netflix.

— Eu fiquei sabendo. — pronunciei com um sorriso aberto. Eu estava pulando de alegria desde que me contaram essa notícia. — Eu te contei que fui indicada pra ganhar o Oscar de melhor atriz do ano?

Os olhos dela de arregalaram e um sorriso largo com covinhas foram direcionados a mim.

— Tá falando sério?

— Sério. — quando terminei de fazer o doce, derramei no recipiente a sua frente. Jenna tentou colocar o dedo dentro do brigadeiro, mas eu a impedi dando um tapa na sua mão. — Tá quente.

— Isso parece slime. — ela encarou a guloseima a sua frente com curiosidade. Ela voltou a me olhar, com os olhos brilhando em alegria. — Eu espero muito que você consiga esse prêmio.

— Eu também. — a entreguei uma colher, me sentando na bancada ao seu lado. — Eu fiquei tão feliz que fui indicada, mas acho que você merece mais do que eu.

— Cala essa boca. — ela me empurrou com o ombro, negando. — Se você foi indicada, é porque merece. Não quero que se diminua. Nunca. Escutou?

Desviei o olhar.

— Sim. — peguei o recipiente de vidro com o brigadeiro, indo até a sala e tendo Jenna no meu encalço. Nos sentamos no meu sofá-cama e coloquei o brigadeiro no colo dela. — Ainda deve estar quente, cuidado para não queimar a boca. — avisei, entrando na minha conta da Netflix. Tínhamos combinado de assistir o nosso filme juntas quando fosse lançado.

Acabou que atrasamos um pouco, assistindo um mês depois do lançamento oficial.

Quando eu ia iniciar o filme, porém, batidas na porta me impediram. Olhei para Jen, confusa.

— Você chamou alguém?

— A Emma. — respondeu, sem jeito. — Queria que ela assistisse com a gente. — justificou, mesmo que não precisasse. Apenas me direcionei a porta e a destranquei, enxergando não só Emma mas também Georgie na porta, esperando pacientemente.

— Me falem que vocês dois estão namorando, pelo amor de Deus. — implorei, dando espaço para que eles pudessem entrar. Emma deu um selinho em Georgie e entrou no apartamento.

— Sim! Eu ia te contar por mensagem, mas achei melhor detalhar na vida real. — deixou o garoto para fora de casa. — Ele não vai entrar. Hoje é dia das garotas e infelizmente ele não é uma.

— Infelizmente? — ele perguntou, com um sorriso pequeno.

— Mulheres são superiores. — respondi, dando de ombros. — Obrigada, Georgie. Até mais tarde. — após a sua despedida, fechei a porta e fui até a sala, onde Emma já tinha uma colher cheia de brigadeiro e tagarelava com Jenna sobre todos os detalhes do recente namoro.

— Fico tão feliz! — Jen respondeu, sorrindo. — Ele parece ser fofo.

— Quem é fofo? — perguntei, de repente interessada na conversa.

— O meu namorado, óbvio. — Myers respondeu, fechando os olhos ao saborear o doce. — Isso é muito bom, o que é isso?

— Brigadeiro. — respondi, pegando a colher de Jenna para experimentar, já que Emma tinha roubado a minha antes mesmo que eu pudesse usar. — Meus pais brasileiros me ensinaram a fazer quando eu era mais nova.

— Isso é incrível, eu amei. — Myers voltou a dizer, fascinada no brigadeiro na sua colher.

Depois de mais algumas conversas, finalmente coloquei o filme. Analisamos as cenas, rindo vez ou outra quando lembravámos dos bastidores e de quantas vezes repetimos a cena para que saísse perfeito na frente das câmeras.

Emma fingia ânsia toda vez que eu e Jen aparecíamos, mas eu achava o máximo. Realmente a minha atuação nesse filme estava incrível, modéstia a parte.

Quando o filme acabou, Myers foi embora com a desculpa de que iria sair com o namorado — o qual ela não largava mais — e me deixou sozinha com Jen novamente.

Já estavamos deitadas no sofá que estava esticado como uma cama, com um cobertor sobre os nossos corpos. Eu usava Jenna de colchão e aparentemente ela não achava ruim: minha cabeça estava deitada um pouco acima do seu peito, meu rosto afundado na curvatura do seu pescoço com clavícula. Nossas pernas estavam entrelaçadas debaixo do cobertor e as mãos dela estava pousadas possessivamente em volta da minha cintura.

— Fica aqui hoje. — pedi, fechando os olhos aproveitando o momento. The Weeknd tocava na televisão, no volume baixo e as leds da minha sala estavam ligadas na cor azul.

— Você quer que eu fique?

— Sim. — respondi, sentindo Jen passando uma das mãos para o meu cabelo, começando a fazer um carinho lento.

— Eu não tenho roupa para passar a noite.

— Cala a boca. Você sabe que pode usar as minhas. — respondi, ficando tão confortável que poderia dormir a qualquer momento.

Ela não respondeu, então concluí que tivesse concordado. Ficamos em silêncio por longos minutos, aproveitando nossas presenças, a música e todo o momento. Tudo estava perfeito. Eu sentia que nada podia me machucar quando eu estava nos braços dela.

— Bem que você podia namorar comigo. — ela falou, subitamente. Meu coração parou de bater e voltou. Levantei um pouco o rosto para olhá-la com atenção.

— O que?

— Namorar. Comigo. — eu gostava de acreditar que já namorávamos antes, portanto. A única coisa que não tinha acontecido era o pedido. Mesmo assim, eu estava sorrindo e com o coração batendo forte como uma boba apaixonada.

Terrivelmente apaixonada.

— Isso é um pedido? Ou você só tá sugerindo que devíamos namorar, porque-

— Ei. — ela me interrompeu, olhando no fundo dos meus olhos. — Quer namorar comigo?

— Quero. Quero muito namorar com você. — demos um selinho demorado. Dois, na verdade. — Mas tá faltando uma coisa.

Ela franziu a testa, sem entender.

Ergui a minha mão, apontando para o meu dedo anelar.

— Aliança. — expliquei simples, arrancando uma risada gostosa dela.

— Eu vou te dar. — sorri maroto com a frase de duplo sentido. — A aliança, sua idiota! — dessa vez fui eu quem ri, a deixando sem graça. — Mas não me importaria de... — ela tossiu, sem terminar a frase. Jen corava violentamente.

— De?

— Não vou falar isso em voz alta. — se fez de teimosa, então decidi não insistir. Um sorriso duradouro pintava nossos lábios.

Então eu a beijei, sem pressa. Somente usufruindo da sua boca macia, sem nenhuma segunda intenção.

Eu realmente estava terrivelmente apaixonada por ela.


Netflix | Jenna Ortega Onde histórias criam vida. Descubra agora