— Isso vai doer. — Jen avisou antes de encostar o algodão molhado em algum produto para limpar a ferida no meu braço. Fiz uma breve careta ao sentir a ardência espalhar por todo o meu braço. — Eu não sabia que estava te apertando tanto. Devia ter avisado.
— Aí a gente teria que refazer a cena. — respondi, sentindo a mão leve e delicada em contato com o meu braço.
— Pelo menos você não estaria machucada agora.
— Ah, para. Nem é pra tanto. — disse. Jen me olhou ainda parecendo culpada. — Para com isso, tá tudo bem, eu juro. — a puxei para perto e a abracei em instinto. Ela não hesitou em retribuir o abraço.
— Garotas, sinto muito acabar com o clima entre vocês, mas Burton tá chamando vocês no set. — Timothée se aproximou, fazendo a garota se afastar de mim.
— Valeu, Ti. — agradeci, descendo da maca e seguindo a minha amiga.
Quando chegamos ao set, a direção de figurino terminava de arrumar o cabelo de Emma, que comia um chocolate.
Tim Burton explicou qual cena iríamos fazer agora e depois de estarmos prontas, ele deu o sinal mundial de iniciar a cena, falando no megafone:
— Ação!
Fingi estar conversando algo com Wendy, que tinha uma expressão bastante neutra no rosto. Observei de forma discreta Angelina se aproximando e a câmera filmando seu rosto.
A morena baixinha parou do nosso lado e me encarou.
— Wendy, posso conversar com Eve por um momento?
— Angelina... — Wendy tentou, somente para ter o olhar frio de Angelina direcionado a ela. Wendy levantou as mãos em rendição e saiu da cena.
— O que você quer? — perguntei, indo direto ao ponto. Angelina respirou fundo e expirou.
— Quanto você quer? — devolveu com outra pergunta e eu franzi o cenho, sem entender do que ela estava falando. — Quantos dólares você quer?
— Do que você tá falando?
Angelina passou a mão no rosto em ansiedade, pegando meu pulso e me puxando para dentro do banheiro feminino. As câmeras não deixaram de nos acompanhar um segundo se quer.
— Ontem você me viu meio mal. — ela começou a se explicar. Cruzei os braços na frente do corpo, a encarando pelo espelho. — Quanto você quer pra não falar o que viu pra ninguém?
Tive vontade de rir, mas me segurei.
— Tá falando sério?
— É óbvio que eu estou! — Angelina estava mal humorada, andando de um lado para o outro dentro do banheiro. — Só me fala o valor e eu deixo o dinheiro dentro do seu armário.
— Você tem algum problema? — a minha personagem estava tão chocada com a situação que não sabia se respondia a pergunta ou dava um tapa na cara da morena. — Algum parafuso faltando dentro da sua cabeça?
— O que?
— Porque caralhos você tá me oferecendo dinheiro pra não contar pra alguém o que eu vi? Por que eu faria isso?
Angelina parou de andar para me olhar, um pouco envergonhada.
— Normalmente é assim que eu resolvo as coisas. — se explicou, sem graça.
— Não quero seu dinheiro.
— E o que você quer? Eu te dou o que-
— Cala essa boca! Você ainda não entendeu que eu não vou contar nada pra ninguém? Eu não sou babaca, mas que merda Angelina. — a garota pareceu atordoada com a minha resposta, ficando longos segundos me encarando.
— Você não vai contar nada?
— Não. Não tem motivo pra eu fazer isso.
— Eu te humilhei todos os dias nessa escola e você tá me poupando? Por que tá fazendo isso?
— Já disse que não sou uma babaca. — a olhei firmemente nos olhos. — Você me salvou aquele dia na sala e eu te ajudei também. Estamos quites agora, e ninguém precisa saber disso.
Angelina assentiu e quando me preparei para sair do banheiro, ela entrou na minha frente.
Arqueei as sobrancelhas em surpresa.
— Você tem certeza que não quer nenhum pouco de dinheiro? É só para eu ter certeza que você não vai fazer nad-
— Já disse que não. Por que você não usa esse dinheiro e paga uma terapia?
⁂
Estava saindo do banho quando batidas na porta me interromperam. Já passavam das nove horas da noite, então seja lá quem fosse que estivesse batendo na minha porta a essa hora deveria estar em apuros.
— Monroe, abre isso pelo amor de Deus. — Jenna pediu do outro lado. Não tive tempo de escolher uma roupa para vestir, então abri a porta de toalha mesmo.
Ela entrou no trailer e fechou a porta, aproveitando que estava dentro do meu aposento para olhar para mim e para o meu corpo sem nenhuma discrição. A garota engoliu em seco e desviou o olhar para o emaranhado de papel em mãos.
— Eu não consigo decorar as minhas falas pra amanhã. Eu tô tipo desesperada. — ela resmungou, se jogando no sofá.
— Calma, ok? Só vou colocar uma roupa e já volto. — ela assentiu sem me olhar e eu me direcionei ao meu quarto e vesti um pijama qualquer. — Ok, do que tá precisando?
— Essa merda. — ela passou algumas folhas até chegar na cena em que estava com dúvida. Toda a parte dela estava destacada com um marca texto de cor rosa. Confesso que achei fofo. — Eu não consigo decorar esse finalzinho, você pode me ajudar?
— Claro. — só quando passei os olhos pela fala da garota percebi o quanto ela teria que decorar. Era um monólogo que consistia em uma explicação sobre a família de Angeline. No roteiro, Jen devia falar sobre os problemas com a família da Angeline, a falta de amor e afeto e como isso a afetou atualmente.
— Hm... okay. Você vai falar pra mim até onde decorou e então vou te ajudar, tudo bem?
— Okay. Vamos lá.
⁂
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Netflix | Jenna Ortega
FanfictionOnde você e Jenna Ortega fazem um filme para a Netflix.