Netflix | Jenna Ortega

10.

— Nós vamos sair hoje? — Jen perguntou quando eu me joguei em sua cama e afundei o rosto no travesseiro. Ela tinha acabado de sair do banho e hoje era o nosso dia de folga.

— Você quer? — perguntei, um pouco desanimada. Eu estava cansada das gravações, mas se Jenna quisesse ir, eu iria com ela.

— Você parece cansada. — ela analisou. — Vamos ficar por aqui hoje.

Levantei o rosto da almofada para olha-la.

— Se você quer ir, eu vou com você.

— Eu não quero. — ela respondeu. Senti que estava mentindo somente porque eu estava exausta.

— Tudo bem então. Vamos pedir uma pizza e assistir algo no seu celular enquanto a gente espera, pode ser?

— Por que tem que ser no meu celular? — implicou com um sorriso. Ela foi até a pequena cozinha do trailer para pegar um copo de água. A segui, como uma sombra, me sentando no sofá.

— Porque a tela do meu é pequena. — disse, como se fosse óbvio. Ela somente deu de ombros e concordou, pegando o aparelho em seguida.

— Qual sabor você quer?

— Frango com catupiry.

— Esse sabor é enjoativo. — Jen disse, e eu não sabia se ela estava falando sério ou não. Aparentemente estava, a julgar pela sua expressão.

— Você não sabe de nada, meio metro. — ela me olhou com uma raiva fingida e eu ri. Vi pelo seu celular que a garota pedia metade frango com catupiry e metade calabresa.

— Bebida?

— Vinho. — ela pensou por alguns segundos, mas aceitou a proposta.

Depois de Jen pedir a pizza, ficamos todos os quarenta minutos de espera discutindo qual filme iríamos ver. Eu queria assistir algo de terror, mas ela gostaria de ver algo mais romance água com açúcar.

No final, deixei ela escolher um filme de romance qualquer e quando a pizza chegou, fomos direto para o seu quarto.

— Isso tá com uma cara muito boa, meu Deus. — Jen comentou quando abriu a tampa da caixa de pizza.

— Não dá nem vontade de comer. — falei enquanto derramava o vinho nas taças que eu achei na cozinha.

— É exatamente por estar bonito que dá vontade de comer, Monroe.

— Odeio quando tem razão. — a entreguei a taça com a bebida e brindamos, bebendo um gole em seguida. Então colocamos o filme brega de romance que ela queria assistir na Netflix da televisão do quarto.

— Isso é tão clichê que me dá arrepios. — reclamei no meio filme, quando a garota deu um buquê de flores de papel para a outra menina que ela gostava.

— Eu gostaria que alguém me desse um presente feito a mão. Eu acho tão bonito. — comentou, olhando a cena como se estivesse apaixonada.

— Por acaso você tá apaixonada e eu não tô sabendo?

— Shhh, Monroe. Assiste o filme. — me repreendeu, enfiando um pedaço de pizza na minha boca.

Acabou que Jen gostou tanto da pizza de frango que comeu mais fatias do que eu. Quando o filme acabou, já se passavam das onze da noite.

— A gente precisa parar de fazer essas coisas tão tarde. — falei, jogando a caixa de pizza no lixo. — A gente acorda cedo amanhã.

— Você já vai? — ela me perguntou segurando a garrafa de vinho pela metade em uma mão e a taça vazia na outra. — Vamos terminar de beber o vinho, pelo menos.

— Tudo bem. — sentamos na cozinha mesmo, já que agora o quarto parecia meio ousado demais. Acho que a minha mente bêbada já começava a dar as caras.

⁂

— Então ele me seguiu e caiu de cara no chão! — eu gargalhava enquanto Jenna a história que eu não sabia do que se tratava. Nem sabia do que estava rindo, só achava engraçado.

— Não posso julgar ele, já fiz muita besteira na vida também. — respondi, colocando um pouco mais de vinho na taça.

— Ei, pra mim também. — Jen resmungou e eu derramei a bebida na taça, espalhando pelo chão do trailer e manchando a ponta da sua calça de pijama.

Ela riu.

— Quais besteiras você já fez? — ela perguntou. Tomei um gole de vinho antes de respondê-la.

— Teve uma vez que eu queria tanto comer uma coisa que eu fui até onde vendia e comprei cem unidades. — a minha amiga arregalou os olhos e eu ri da sua reação.

— E você conseguiu comer tudo?

— Não. Tive que sair distribuindo pra todo mundo. — ela riu e eu a acompanhei. Com certeza eu amava a Jenna bêbada. Ela tinha as bochechas um pouco vermelhas, a franjinha bagunçada e um sorriso bobo nos lábios. — Ah! — gritei sem querer, a assustando. — Teve um dia que eu estava em uma festa e me desafiaram a acabar com uma garrafa de vodca.

— Nem fudendo que você conseguiu.

— Consegui. Depois eu vomitei tudo em casa e minha mãe ficou puta comigo.

— Eu também ficaria se fosse sua mãe.

— E você? — perguntei, interessada.

— Eu o quê?

— Quais besteiras já fez?

Jenna pareceu pensar.

— Eu não sou esse tipo de pessoa. — deu de ombros. — Acho que só teve uma vez que eu peguei uma menina nos fundos de uma igreja.

Ri sem acreditar.

— "Eu não sou esse tipo de pessoa." — a imitei na ironia e ela revirou os olhos.

— Eu não tenho muita vontade de fazer essas coisas. Acho que sou só uma adolescente normal.

— Sim. Depois que eu fico sabendo das coisas que fiz eu me arrependo amargamente.

Ela riu concordando e bebendo o último gole de vinho.

— Eu também. — de repente ela levantou o olhar da taça para me encarar. Suas pupilas estavam dilatadas e um sorriso travesso tomava seus lábios. — Mas pra falar a verdade, eu tô com muita vontade de fazer uma besteira agora. — a garota disse, encarando com desejo a minha boca.

— Então por que não faz?

⁂